Nós partimos ao meio, mas o mundo inteiro está intacto!!

O mundo inteiro está intacto, somente nós partimos ao meio, somos eu e tu em metades doloridas e cheias de palavras que nunca serão ditas. Beijastes-me na boca mais por costume do que paixão, pedi um abraço e me abraçastes longamente e me dissestes:- obrigada! Sei que foi provocação, pois sabes o quanto abomino agradecimentos. Sempre te disse que agradecimentos são para forasteiros, quisestes me mostrar o que sou pra ti: uma estranha que um dia foi importante. Éramos como dois conhecidos mas estrangeiros de um mesmo lugar, pois quando nos vimos na última vez, havia uma fenda tão grande entre nós. Mesmo que que espaço real fosse acanhado, não consegui te alcançar mais, colocastes uma divisória de concreto entre nós.

Não houve risadas, nem histórias engraçadas, nem as tuas mãos tocaram nas minhas, nem as nossas pernas se roçaram. Olhava-te, insanamente, tentando esculpir o teu rosto e a tua boca mentalmente. Minhas mãos até quiseram se aproximar das tuas, mas a minha maldita timidez me deteve e a tua frieza me entorpeceu mais ainda. Queria ir embora muito rápido, fugir daquelas palavras engasgadas na minha garganta. A comida ficou sem gosto, o ar estava glacial no ambiente e entre nós. Não enxerguei ninguém ao nosso redor, não senti nada nem a tua presença. Estavas com raiva de mim, eu senti isso em todas as tuas expressões que não foram pronunciadas e as que tu articulaste foram secas, corrosivas somente coisas profissionais. Mesmo assim elas me arderam como um fogo feito de ira. Mas, fostes me ver, por quê? Não sei, talvez, vingança? Viu, trouxa, não sinto mais nada por ti.

Eu sei que fui louca psicótica e te disse coisas horríveis! Não pensei, não raciocinei me deixei levar pelos meus sentimentos doentios. Claro, tu erraste e muito, mesmo assim não merecias o que te disse. Sei que desta vez não me perdoarás, te conheço um pouco. Sei, nada mais posso fazer, talvez tempo amenize as termos que te disse, mas não creio, te feri demais. Vou te pedir perdão sempre, mesmo que nunca mais chegues perto de mim. Ainda assim, vou me arrepender sempre em pensamentos, porém, não há mais a fazer, te perdi... Não sei pedir, não sei implorar, sou inteira demais para viver mendigando, vou seguir, somente. Irei saindo aos poucos, depois sumirei como uma poeira, sentirás pequenas partículas e depois nunca mais saberás de mim.

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 06/08/2015
Reeditado em 16/08/2015
Código do texto: T5337049
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