Eu quero você

– Eu quero você – ele disse em meio a um beijo.

– Você já me tem – eu respondi e o beijei novamente com meus dedos em seu cabelo.

– Não – ele se afastou e, então, repetiu: – Eu quero você.

– Me quer como?

– De todos os jeitos.

– Namorando? – eu perguntei brincando. Eu já sabia a resposta.

– Sim.

Não, não era a resposta que eu esperava. E mal podia acreditar no que estava ouvindo; era surreal demais.

– Você não está falando sério – eu disse e voltei a beijá-lo.

Ele me beijou de volta e o assunto pareceu ter sido encerrado.

Aquela era uma mudança muito repentina. Ele sempre deixou claro para mim que não servia para namorar e que gostava de ficar com outras pessoas e da vida de solteiro. E, sinceramente, aquilo nunca me incomodou. Tá, em alguns momentos, até incomodou. Mas estávamos numa situação confortável. Não precisávamos rotular nada, mesmo que as pessoas ficassem perguntando sobre isso.

Eu não estava entendendo por que ele estava tocando naquele assunto. Não fazia sentido. A única explicação era que ele estava me zoando, como sempre fazia.

Mas não, ele estava falando sério. Muito sério, aliás. Tanto que tivemos de parar de nos beijar para podermos conversar de verdade sobre o assunto.

– Não vai mudar quase nada – ele disse.

– É, só vamos nos ver mais e rotular o que meio que já temos – eu concordei.

– Então, por que não?

Porque eu estava morrendo de medo. Eu sabia que podia confiar nele de olhos fechados e que podia contar com ele para tudo. Mas não podia negar que a ideia de namorarmos me enchia de medo.

Mas também me enchia de alegria.

– Namora comigo – ele pediu.

– Sim – eu respondi completamente decidida, surpreendendo a mim mesma.

– Sim?

– Sim.

Ele sorriu e, então, nos beijamos mais uma vez.

E naquele momento, eu soube. Eu soube que tomamos a melhor decisão das nossas vidas – pelo menos, eu tomei. O que até então parecia um impulso, naquele momento virou certeza absoluta.

Eu não podia mais negar o que eu sentia e o que eu queria. Desde que demos nosso primeiro beijo, eu sabia que seria dele pra sempre.

E se não desse certo, bom, pelo menos não podíamos dizer que não tentamos.

Flávia Tomaz
Enviado por Flávia Tomaz em 03/09/2015
Reeditado em 02/11/2016
Código do texto: T5369724
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