Uma Eco História de Amor!

Ele mais se parece com um velho calvo com sua cara sisuda, rubra feito um bebum metido num surrado casado de pele.

“Macaco Inglês” foi o nome que recebeu dos zoólogos devido a sua semelhança com um típico beberrão inglês.

Macaco-homem, como é conhecido na Amazônia; talvez por isso quase não é comido pelos índios que tanto apreciam carne de macaco.

É o único de cauda curta nas Américas e se conhecem três tipos: o de cabeça preta, o de cabeça pelada e o branco.

Quase nunca desce à terra, vive no alto das árvores e só se alimenta de sementes dos frutos às margens dos rios.

O nosso amigo é da raça branca e se chama Yéusei.

Está conversando com sua companheira, Sheilá, ambos muito preocupados.

- E agora Sheilá? O que faremos com essas mudanças do clima?

- Sei lá, Yéusei! Estou ficando assustada também!

- O bicho homem chama isso de consequências das agressões ao ecossistema em que vivemos!

- O que é isso?

- Eles chamam de Ecologia!

- Me explique.

- É o seguinte: outro dia, daqui de cima das árvores, ouvi dois bichos homem conversando a respeito dessa tal de ecologia que é o estudo dos seres vivos em função do meio natural em que vivem – o solo, o clima, a topografia, etc. É um termo usado atualmente por geógrafos e sociólogos.

- O que você está dizendo, Yéusei?

Geógrafo, ouvi eles dizerem são os bichos homem que se preocupam com as transformações ocorridas na natureza pelos grupos de homens que se sucedem e os sociólogos reconhecem a importância da ecologia nas sociedades dos bichos homem.

- Mas para que serve tudo isso? Sheilá não conseguia entender a relação do bicho homem com eles, a tal de ecologia com o fato deles morarem no alto das árvores.

- O problema maior que pode acontecer para nós é que, onde o bicho-homem se intromete ele vem destruindo tudo o que vê pela frente, derrubando árvores, sujando os rios, as vezes até fazendo as nascentes secarem, estragando tudo.

- Mas a floresta não é seu próprio alimento?

- O que você quer dizer, Sheilá, é que na floresta o que ocorre é o fitocanibalismo, a floresta não morre nunca, ela vai se transformando, não é bonito assim?

- Não é não, reprime Sheilá, é muito assustador o termo – nós não somos canibais!

- Mas é o acontece quando uma árvore cai por velhice, pela idade, ou é derrubada por um raio; na realidade ela não morre pois muitas e muitas formas de vida lá embaixo, na terra, vivem as custas desses troncos caídos ou galhos que se desprendem; sementes germinam nesse solo fértil que vai se formando, as minhocas vão formando o solo mais rico ainda, com seus buracos, oxigenando a terra, formando húmus. Uma árvore caída é o reino de muito animais e insetos que fazem parte da cadeia alimentar da selva. Vão proporcionando condições de sobrevivência para outras espécies.

- Yéusei, nós aqui em cima das árvores não dependemos dessa podridão – pergunta Sheilá com cara de nojo!

- Minha querida Sheilá – responde com carinho Yéusei – nós também, indiretamente dependemos desse ciclo pois muitas vezes deixamos cair sementes de frutos nesse solo em formação lá embaixo e que darão origem a uma nova árvora que irá nos alimentar ou então, alimentar nossos filhos. Quando as nossas árvores já estiverem velhas e cansadas, iremos nos alimentar dessas novas árvores e assim por diante.

Continua Yéusei: - as formigas que vivem naqueles troncos caídos transformam parte disso em fungos e muitas vezes viram comida de tamanduás ou das aves; as aves ajudam na polinização das flores, na fecundação das flores para que se transformem em frutos; roedores e pequenos mamíferos roubam os ovos das aves, todos lutando diariamente para sobreviver e tendo sempre em mente a perpetuação das espécies sem extinguir as outras.

Nesse ponto Sheilá interrompe:

- Como nós, que temos nossos filhotes e que temos de defende-los dos predadores!

- É isso mesmo, retrucou Yéusei vermelho de alegria ao ver que Sheilá estava começando a entender.

- Mas agora repare – continua Yéusei – veja nossa amiga tartaruga colocando seus ovos e como ela anda devagar – Muitos filhotes sairão daqueles ovos e poucos chegarão a idade adulta!

Sheilá assustada: - Porque?

- Devido à falta de proteção ao ecossistema, pois muito se fala e pouco se faz hoje em dia para proteger nosso meio ambiente, este local maravilhoso que vivemos.

- Em nome dessa tal de ecologia o bicho homem vem destruindo tudo que encontra pela frente, em nome de pseudos estudos e dizendo que é o progresso é que eles veem vindo, tirando nossos lares e nossa liberdade ao invés de fazer o que fazemos a séculos que é viver de maneira sustentável, como eles dizem; o bicho homem é o único animal na face da terra que suja a água que vai beber e depois fica reclamando!

Sheilá interrompe novamente o companheiro, desta vez com estardalhaço:

- Quer dizer, Yéusei, que se o bicho homem começar a aparecer por aqui estaremos ameaçados? Porque eles não agem como nós agimos? Vivendo com a natureza e não contra ela?

- Pois é Sheilá, não só estaremos ameaçados como toda a nossa descendência. Não teremos mais árvores, mais frutos, pois o bicho home destrói e vai embora destruindo e destruindo!

- O que faremos, Yéusei?

- Não podemos fazer muita coisa, quase nada – disse Yéusei – mas temos que esperar que todos os bichos homem se conscientizem da importância das florestas, dos rios limpos e até dos mares para podermos pensar no nosso futuro e por ironia, no próprio futuro deles!

Sheilá agora pensativa, pergunta a seu companheiro, com ar tristinho:

- Como poderemos ajudar ou fazer para que o bicho homem acorde antes que seja tarde?

Yéusei também com ar preocupado responde:

- Temos que ter esperança nos encontros que estão promovendo entre eles e que percebam que não adianta alguns fazerem um pouco se todos não colaborarem.

Nesse instante ouviram um som cortante no ar, um som semelhante a algo que rasgasse a floresta ao meio – foi o último som que ouviram – eles não sabiam o que era um motosserra!

O bicho homem havia chegado na floresta!