Eu te amo, Deus azul

Eu te amo, Deus azul.

Trezentos e sessenta e cinco dias, doze meses, um ano, setenta e oito anos. Essa é a media de vida da população atualmente. Foi o que eu li numa revista. Mas nada se compara aos trinta e um milhões quinhentos e trinta e seis mil segundos que foram vividos só nesses doze meses, e foram doze meses num único exílio, você. Fui exilado das palavras que dizemos um ao outro, das brigas, das reconciliações, e das dores físicas e psíquicas. Você se foi, eu me fui, e nós nem dissemos nada, apenas nos afogados em nós mesmos. Nos sufocamos em nós mesmos, e você me disse que preferia aguentar a dor de não me ter, do que estar comigo e continuar sofrendo. E então você nem precisou se despedir.

Te vi passar, e me enganei. Te vi infeliz e fechei os olhos, porque não quis te causa maior dor. E nesse tempo, nos doze meses, eu não vivi. Eu rastejei pelo mundo e não me enganei que você não fizesse o mesmo. Você deve acreditar que eu não penso sobre o que você sente, que sou egoísta, na verdade você já até me disse isso, mas não imagino um mundo onde o meu mundo não gire ao seu redor. Mas você tem seus motivos. E eu... Eu não sei nada, eu apenas vivo através de você. Você tem uma coragem crua, rapaz. E eu não sei o que dizer. Tento ser tudo o que você sempre pode precisar, na minha cabeça, Mas não sei mais no que acreditar em relação ao que penso. Tudo o que penso sobre você é algo que não tem fim. Eu não finjo. Quando penso em outro fim nosso, nem tenho uma palavra que possa descrever essa sensação. Aliás, penso numa associação que Martha Medeiros fé o em seu livro quanto a queda de um avião, e seus últimos segundos antes de colidir com o chão.

Não sei se você pensou, mas você é tudo o que eu tenho no mundo. E esse mundo está um desastre, não vinga. Nada que não seja você cabe na minha vida, e eu já até comecei a pensar que algumas baixas são necessárias.

Deus azul:

Aos treze anos descobri atrás de uma psicóloga comportamental que a cor azul, quando envolta de nós nos protege. Talvez seja esse o motivo do meu favoritismo por essa cor peculiar. Adotei o azul como religião. Me asseguro que através dela eu nunca sentirei mais dor, mesmo amando-o. Ela se compromete em me libertar dos medos, das vontades autodestrutivas, do perigo. Eu sei que jamais estarei sozinho se estiver com essa cor. E ela se acomoda em mim, assim como se tivesse nascido comigo. Eu não a recuso. Eu durmo deitado em seu peito, sinto o cheiro de suor que ela exala durante a madrugada, e procuro sua pele através dos meus lábios. Ela sabe que eu daria a minha alma por um único desejo, a sua felicidade.

Ela não me engana. Ela sabe que eu não sobreviveria sem sua proteção. Assim como ela sabe que não viveria sem a minha. Sei da sua angústia quando estou longe, e sei da sua angústia quando estou perto. Sei que ela vive através de mim. Assim como também todos sabem que eu vivo através dela. E quando ela desconecta de mim, meu ser desaba.

Penso que somos felizes. Precisamos crescer, mas somos felizes. Porque eu nunca senti uma felicidade tão absoluta de vê-lá voltar quando está longe. Eu peço que me perdoe o ciúme, mas não posso através do meu egoísmo deixar que o mundo sinta por você o que eu sinto. Mas não é nada que não possamos sobreviver. Ainda não vivemos tudo. Nem o tudo dentro disso tudo. E às vezes eu não sei nada. Aliás... Nada além de te amar, Deus azul.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 11/10/2015
Reeditado em 11/06/2018
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