A MENINA DOS OLHOS VERDES - PARTE 2
 

Meus amigos foram me deixar em casa, mas ficaram pegando no meu pé, na verdade era só o motorista, pois era ele que estava acordado.

- Cara, quase não aguentei você, o caminho todo falando da menina. E ainda você me pediu para eu colocar aquele CD com as músicas caipiras americanas que tu gosta. Não sei qual foi o pior.

Eu falei:

- Eu sei qual foi o pior. Primeiro você tem um péssimo gosto musical e segundo, você não deve esta sentindo aquele fogo na alma, aquele fogo que não queima.

Ele gargalhou e disse:

- Sorte do nosso confrade aqui que ainda esta dormindo e não escutou nadica de nada o caminho todo.

Torci o nariz...

Então, finalmente cheguei em casa, me despedi dos meus amigos e entrei. Entrei com aquela sensação de leveza, não por esta ainda zonzo do whiskey, mas sim do que aquela menina tinha feito, na verdade ela não fez nada apenas agiu educadamente com um jeito lindo e encantador. Eu que fiz, me fiz ficar nas nuvens. Deitei na cama tranquilo depois de ter tomado banho, relutei um pouco, pois aquele dela cheiro estava na minha pele, mas acabei descobrindo que as flores que ela exalavam estavam mesmo na minha mente, e assim adormeci. Apenas apaguei por completo e quando acordei já me vi no meu notebook para buscar o perfil da menina dos olhos verdes, não demorou muito e já vi aqueles olhos na tela do meu notebook, vi aqueles olhos e vi também aquele status do relacionamento que explanava em alto bom som RELACIONAMENTO SÉRIO, pra mim isso soa como um: Ei não venha com intimidades tenho namorado(a). Mas quando vi isso, mesmo já sabendo, eu pensei:

Se soa isso para mim, porque ela me deu intimidade na festa?

Fiz uns cálculos mentais, equacionando aqui e ali, e tirei minha conclusão, logo em seguida falei alto:

- Será que ela esta interessada em mim!?

Mandei o convite para ser seu amigo virtual e de imediado ela aceitou e fui logo falando:

- Oi você lembra de mi...

Nossa senhora, ela disse claramente que lembrava de mim, eu que estava já fantasiando, fantasiei ainda mais, fantasiei ao cubo! Enquanto eu estava no País das Maravilhas de Wotson, o papo fluiu. E assim a gente foi nos conhecendo pouco a pouco. Pairava uma áurea sublime de amizade e de algo a mais do que amizade para mim, claro, eu comecei aos poucos a me perguntar de novo: "Nossa se ela tem namorado, porque me trata tão bem? Será educação? Pode ser, será que ela esta interessada em mim? Será que..."

 
Eu pensei em várias hipóteses e circunstâncias. 

Quando alguém esta envolto de algo que parece paixão soa como amizade e tem gosto de desejo, a mente fica maluca. A conversa era tão interessante que quando a gente deixava de se falar eu já queria mais conversa, era muito bom descobrir coisas cotidianas da menina. Mas nem só de facebook vivia minha pessoa, havia um trabalho pra eu dar conta e um curso na faculdade para o meu crescer, então nossas conversas aconteciam depois que eu largava minha rotina na porta de entrada de minha casa. Mas nessas conversas eu nunca perguntei sobre o relacionamento dela, de como estava, eu deixei fluir, como um rio, deixe o rio fluir. Contudo numa dessas conversas eu criei coragem, uma coragem parecida com a que eu pedi para conhecê-la na festa de semanas atrás. E perguntei:

- Como esta o relacionamento?

Ela disse:

- É, esta bem...

Senti algo no ar, nunca vi fotos deles juntos nas redes sociais, ele mora fora também, e ela falou de uma maneira tão aérea.

E indaguei:

- Não senti firmeza em você, mesmo vendo só suas palavras digitadas, o que se passa?

- Não é que...

Ela começou a explicar a situação de como eles começaram o namoro, de como era bom, de como ele a magoou algumas vezes e de como ele falava palavras de que irá mudar suas atitudes, mas essas mesmas atitudes deixavam as palavras vãs. Na medida que ela falava, digo, digitava, ficava claro que esse relacionamento estava sem firmeza, sem a base.

Confesso que era o que eu queria escutar, digo, ver, desculpe leitor, as vezes esqueço que nossas conversas foram via rede sociais...

Hoje depois de alguns aninhos de experiência de vida comprovo que há relacionamentos que você esta pelo o que lhe convém, e não pelo amor verdadeiro, aquele amor sem comodidade. E quando esse assunto tomou conta das nossas conversas diárias começou também o desencadear de algumas respostas às minhas perguntas, a principal: "O porquê dela me dar atenção, mesmo estando namorando?" Ora, o carinha mora longe, automaticamente não tinha o contato físico, era quase raro, ainda não dava aquela atenção devida e ainda mentia, o relacionamento não era a sombra do que já foi. Então ela procurava alguém para expôr, talvez, o que lhe afligia, eu faria o mesmo se fosse ela.

O que eu sentia por aquela garota foi pactuando com um desejo e uma obrigação como homem de tentar ajuda-la de alguma maneira. Ela estava sobrecarregada, com o vestibular batendo as portas e com um relacionamento sem sal. Eu tinha consciência que ela namorava e nunca disse em alto bom som: EU ME QUEIRA, não, eu não fiz isso na festa onde a probalidade de acerto era provavelmente maior, vou fazer aqui? Negativo. Para tentar tirar essas precupaçôes dela eu dava um jeito, tentava dar aquela atenção que lhe faltava e tentar dividir seu fardo no ato de ver e ouvir suas conversas. Acho que estava funcionado, pois quando eu olhava o bate-papo havia os dizesres e elógios do tipo "Você está me fazendo bem", "Obrigado por me ouvir", "Obrigado pelas palavras" isso me fazia á querer ainda mais no meu mundo, porém acho que aos olhos dela eu era um amigo, daquele que dá atenção para diminuir seus anseios. Isso é bom, mas eu no refolho eu desejava mesmo era ser mais do que isso, pois sei que amizade com amor o resultado é uma felicidade plena.


Então, o tempo passou...



Continua...
 



 
Wotson de Assis
Enviado por Wotson de Assis em 04/11/2015
Reeditado em 04/11/2015
Código do texto: T5437237
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