Quando eu vi

Quando eu vi, já era dezembro, e tudo parecia distante e triste demais. Quando eu vi, o ano já estava acabando, as pessoas se mudando, e eu ficando. Não havia lugares do qual eu gostaria de ir. Não havia quem eu visitar. Você tinha ido, e junto com você foi minha vontade de conhecer o mundo, pois um dia planejei fazer isso ao seu lado. Tudo mudou tanto! Meu cabelo cresceu, comecei a usar óculos, e os óculos me lembram você. Como eu adorava vê-lo de óculos! O tempo pareceu ter durado uma eternidade no início, para passar. Mas depois passou tão rápido que nem vi todos indo embora. Não percebi a destruição que estava minha vida, meus pensamentos e sentimentos. Quando eu vi, tarde demais, que não havia passado apenas meses, mas anos. Sempre havia um vazio aqui dentro, causado pela sua ausência. Consegui um emprego, comecei em uma nova escola, conheci pessoas novas, beijei um garoto que quase nem conhecia. E eu um dia pensei apenas em beijar seus lábios, porque eles eram o que eu via em meus sonhos mais belos. Eu tinha uma vontade enorme de seus lábios. Quando eu vi, você ja tinha mudado de número, talvez de cidade, talvez de gostos, personalidade, amor. E eu continuei minha vidinha sem graça, sentindo os efeitos colaterais da sua ausência. Quando eu vi, tentei me convencer que não era mais amor. Mas a quem eu queria enganar? Eu te amei demais, caí de cabeça, sem pensar duas vezes, e o impacto ao chegar no chão destruiu tudo. Mergulhei fundo demais em seu amor, em suas palavras. Quando eu me vi, era apenas uma garota solitária andando por aí, querendo encontrar um rosto que nunca encontraria na multidão. Tentando encontrar um novo sentido para viver.

Eu mergulhei fundo demais, e quando vi, o oxigênio acabou, me tirou a respiração, a inspiração, a felicidade, tudo. E eu me arrependi por não ter pensado duas vezes.

Leticia Moura
Enviado por Leticia Moura em 02/12/2015
Código do texto: T5468028
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