A mulher que enganava homens

Certo de que seu jogo de palavras sempre funcionara, Jéssica resolveu atacar mais uma de suas dezenas de centenas (talvez milhares) de vítimas, a fim de completar sua sórdida coleção de corações roubados de maneira mesquinha e grotesca, estes que após passarem por ela ficavam num limbo de amores sequestrados e mortos com extrema crueldade. Sempre dando uma de boa moça, menina de família e exemplar, era até bem apessoada e com uma eloquência invejável, Jéssica cuja oratória era de excelência, gastava no máximo alguns dias ou algumas horas de prosa para ter o que queria (aqui, pense o que quiseres). Depois de dominar por completo os sentimentos alheios, simplesmente os descartava. Era como se fosse uma sugadora de uma energia que vem do amor. Algumas de suas vítimas acreditam que ela era uma grande atriz e fingia saber amar. Nem a própria facínora tinha certeza de que realmente sabia o significado desta palavra. Era tão convincente, que a própria acreditava em suas mentiras descaradas e hediondas.

Uma senhora filha da puta, diga-se de passagem, quando se tratava de se aproximar de pessoas carentes de atenção e, consequentemente frágeis. Possuía além do que já fora dito, um rosto encantador, boca esculpida, sorriso digno de uma musa, cabelos lisos, pele de pêssego e um corpo de causar inveja. Pena usar tantos atributos favoráveis para causar sofrimento na vida de quem a conhecia. Era pessoa com problemas comportamentais, ora parecia ninfomaníaca, ora não queria ver ninguém nem pintado de ouro cravejado com diamantes.

Em uma de suas aventuras, nossa pseudomeretriz conheceu um jovem muito bonito que lhe chamou a atenção. Foi pedida em casamento depois de alguns meses e obviamente rejeitou, continuando sua vida de boêmia, arregada à bebidas e drogas (leves e pesadas). Os anos passados trouxeram consigo a maturidade e Jéssica sofrera um golpe duro em sua vida. Ter deixado escapar tantas oportunidades de ser feliz por tempo indeterminado em troca de pequenos momentos de prazer e puro êxtase.

Hoje, Jéssica, continua sua caça, como um exorcista fanático em busca de demônios, mas com o coração perfurado por diversos projéteis de tristezas, por saber que cometera milhares de erros e poucos acertos. Não se sabe o paradeiro dela, somente é sabido que está por aí atrás de mais vítimas para sua coleção de amores roubados e exterminados.