Patty

A bela Patrícia Faria, uma jovem sonhadora, que almejava ser uma escritora renomada deixara sua cidade, Xanxerê em Santa Catarina, para estudar Letras em Florianópolis, capital do Estado. Havia ganhado bolsa de estudos para estudar em uma ótima faculdade de Floripa. Vivia com sua melhor amiga cujo nome era Isabel em um pequeno apartamento. Dividiam as despesas e estudavam juntas. A amiga também tinha tido a mesma sorte de Patrícia!

Patty, como era carinhosamente chamada por todos, tinha ainda que aguentar brincadeiras de seus colegas: seu apelido juntamente com o sobrenome lembrava a palavra patifaria, sinônimo de sacanagem ou sem-vergonhice, vira e mexe alguns a provocavam, como Selma, uma garota que via a doce Patty como inimiga, certamente por inveja da popularidade da garota do interior catarinense.

— Lá vem a Patty Faria - dizia ela às suas amigas Betty e Carol.

— Não sei o que eu fiz a você para pegar tanto no meu pé, Selma — disse Patty indignada.

— Só sua presença me incomoda!

Patty deu de ombros, achou melhor ir logo para a classe, pois teriam aula com um novo professor de Literatura Brasileira que se chamava Rodolfo.

Isabel chegou depois da amiga. Tinha ido ao dentista. Assim que entrou na sala, logo depois, o professor chegou.

As amigas sentavam juntas, Isabel ficava atrás de Patty e cutucou a amiga dizendo:

— Patty, o professor é um gato!

— Pois é! Lindo mesmo! Eu só espero que ele seja um bom professor!

Rodolfo foi se apresentando. Falando de suas formações e sua vida pessoal. Pediu para que os alunos se apresentassem. Ele pareceu um pouco embaraçado diante de Patty. Ela se apresentou. Seus olhares se cruzaram. Todos perceberam a situação!

Quando chegou o intervalo, Isabel foi logo dizendo para Patty:

— Percebi e todos na sala que entre você e o professor pintou o maior clima!

— Que isso! Engano de vocês! Não pintou clima algum. Ele deve ter me achado parecida com alguém, por isso ficou meio sem jeito!

Patty não queria dar o braço a torcer, tinha se encantado por Rodolfo, porém estava traumatizada por uma traição que sofrera recentemente: encontrando seu namorado Henrique com sua prima Norma se beijando.

Antes de morarem no apartamento, Patty e Isabel viviam na casa desta parenta, quando aquilo aconteceu, saíram imediatamente para procurarem outro lugar pra morar.

Patty confessou a Isabel:

— Sabe, amiga, deveras me interessei por ele, mas tenho medo de me envolver novamente com alguém. Não quero me decepcionar novamente!

— Que isso amiga, vai por mim, o Rodolfo é um cara diferenciado, se pintar a oportunidade dê uma chance a ele!

- Você me apoiando sempre, é mais que uma amiga, é minha irmã de alma e de coração!

Ambas se abraçaram afetuosamente...

Logo as duas amigas tiveram que encerrar a conversa, pois o horário do intervalo havia terminado e de volta à sala de aula reiniciaram suas lições de literatura dadas pelo charmoso professor que vez ou outra trocava olhares sedutores com a encabulada Patty.

A jovem meio que sem jeito procurava disfarçar seu interesse procurando esconder de todos que já de primeira vista ficou interessada por Rodolfo que parecia estar completamente apaixonado por ela. Em meio a estas trocas de olhares o carismático professor se despercebeu do horário do término da aula, que já havia passado alguns minutos:

— Bom, gente por hoje é só! E digo que foi o primeiro dia de muitos que vou ter o prazer de lecionar pra todos vocês, e como hoje é sexta um ótimo fim de semana e até a semana que vem!

Dito isto Rodolfo ligeiramente juntou seus objetos e saiu apressadamente alcançando Patty que junto com Isabel ainda caminhava pelo corredor, pois foram as últimas a saírem.

— Patrícia! Você tem um minuto preciso lhe falar! — disse ele já estando ao seu lado.

Isabel percebendo que os dois sozinhos teriam mais liberdade se despediu dizendo:

— Bem eu já vou indo, vejo você depois Patty.

— Patty! Bela abreviação! Gostei! Que tal sairmos para almoçar amanhã, assim nos conheceremos melhor, conheço um bom restaurante aqui na cidade.

— Tudo bem, nos encontraremos amanhã então. — disse Patty toda sorridente.

Todos que estavam por ali viram quando Patty saiu com Rodolfo da faculdade, inclusive Betty, Carol e Selma que não perdeu tempo pra soltar seu veneno dizendo:

— Eu sabia que essa descarada ia dar em cima do professor, vocês viram o jeito que ela olhava pra ele lá na classe? Já começou a Patty Faria.

Patty ouviu, mas fez de conta que não escutou. Despediu-se de Rodolfo e seguiu adiante quando de repente... Sentiu um forte empurrão que a fez cair rolando no chão fazendo com que ralasse os braços e a testa.

Selma com raiva lhe empurrara violentamente por traz e partiu para agredi-la, mas foi impedida por alguns colegas de classe que não acharam justa a agressão.

Betty e Carol sempre apoiaram Selma nas suas brincadeiras maldosas, mas ao presenciar tamanha crueldade ficaram indignadas e resolveram aconselhar a amiga:

— Olha Selma, gostamos de você, mas achamos que você passou um pouco do limite, disse Betty acariciando o rosto da amiga.

— É... Nós sempre nos divertimos vendo você zoar com a Patty, mas achamos que estamos indo longe demais! Melhor pedirmos desculpas a ela, apesar de toda provocação ela sempre nos tratou bem, não é justo continuarmos com isso — disse Carol com ar de revolta.

Selma não entendeu a atitude das amigas, achando que estavam contra ela. Saiu correndo bracejando às cegas e ao atravessar a avenida não olhou e acabou sendo atropelada por um carro. O condutor do veiculo não teve tempo sequer de frear, pois Selma apareceu de repente no meio da pista.

— Meu Deus! Gritou o motorista desesperado com as duas mãos na cabeça, sem reação, ficou ali paralisado.

Patty rapidamente pegou o celular e preocupada com a situação ligou pedindo socorro:

— Por favor, aconteceu um acidente, uma pessoa foi atropelada e precisa urgente de ajuda médica.

Passou o endereço e o ponto de referência, que era a faculdade e quando olhou para o motorista viu que era Rodolfo o professor de literatura, caminhou até ele e perguntou:

— Está tudo bem Rodolfo?

Rodolfo ergueu a cabeça quando ouviu a voz de Patty e chorando disse:

— Eu... Eu não a vi, foi tudo tão rápido e agora o que vou fazer?

— Calma eu já chamei o resgate e ela está respirando, porém desacordada e você não teve culpa.

O resgate chegou e foi atender a vítima. Um policial fez algumas perguntas para Rodolfo e Patty depois se retirou. O professor ficou preocupado com o bem estar da vitima e mais assombrado ficou ao saber que era Selma uma de suas alunas.

— Meu primeiro dia de aula e acontece esse imprevisto. — disse ele desconsolado.

— Fica em paz ela vai ficar bem! Não se preocupe! — disse Patty tentando confortá-lo.

Logo o policial retornou e pediu para que Rodolfo o acompanhasse até a delegacia para prestar depoimento.

Um pouco distante da cena estava Henrique, meio escondido e já vinha observando Patty desde que saiu da faculdade, arrependido por ter perdido o amor de sua vida por causa de um deslize que cometera com a própria prima de sua namorada.

Viu de longe a atenção do professor com sua amada e sentiu um aperto em seu coração, quando observou que ela retribuía tudo com grande afeição e carinho.

Suspirou profundamente e saiu dali decidido a conquistar novamente a mulher que tanto amara e que havia magoado grandemente.

Henrique não percebeu, mas Patty o tinha visto atrás de um carro e por um instante relembrou alguns momentos felizes de amor que tiveram, mas preocupada com o desespero de Rodolfo a quem sentia certa atração, logo não se importou. Lembrando também da traição que sofrera.

No dia seguinte como haviam combinado Rodolfo e Patty se encontraram para juntos almoçarem.

E já satisfeitos depois de terem terminado a refeição, os dois de mãos dadas foram conversar em uma pracinha logo à frente.

Depois de uma longa conversa cheia de sorriso e romantismo, as horas passaram sem que percebessem e já era tarde, então Rodolfo a convidou para ir ao cinema:

— Hoje vai passar um filme de romance, que tal irmos ao cinema. É logo ali na esquina.

— Legal, vamos sim! Adoro filmes românticos! - disse Patty, mas com o pensamento em Henrique, tentando entender o porquê de ele estar escondido atrás de um carro lá na frente da faculdade.

Juntinhos, dentro do cinema, Rodolfo dizia palavras afetuosas e românticas no ouvido dela, com suavidade colocou a mão em seu rosto e puxando levemente sua cabeça a beijou.

Patty compartilhou fervorosamente aquele beijo com seu charmoso professor, mas ambos estavam cada um com uma preocupação, Rodolfo com Selma a qual havia atropelado e Patty com Henrique, desconfiada por tê-lo visto em frente à faculdade.

Já era noite quando saíram do cinema e Patty pediu para que a levasse embora e chegando se despediram com um beijo repleto de ternura.

Rodolfo ficou ali observando até que ela entrasse no prédio, quando ouviu alguém bater no vidro do carro, era Henrique pedindo para lhe falar, ficou meio ressabiado, mas abaixou o vidro perguntando:

— Fala amigo o que deseja?

— Só quero te falar algumas coisas, sobre esta garota que estava com você.

— O que está havendo, você a conhece?

— Sim! Eu a conheço e conheço bem, por isso peço que me escute!

— Tudo bem! Sou todo ouvidos. — disse o professor esticando o braço abrindo a porta do carona.

— Entre vamos até aquela lanchonete podemos conversar mais a vontade, sugeriu Rodolfo todo educado.

Estando os dois sentados à mesa se apresentaram um para o outro e então Henrique tomou a frente da conversa:

— Olha Rodolfo! Vou te dizer sem rodeios! Depois você toma suas conclusões! A Patty veio de Xanxerê uma cidade do interior de Santa Catarina há meses atrás para estudar Letras aqui em Florianópolis, aproveitando a sorte de ter ganhado junto com sua amiga Isabel uma bolsa de estudos, estavam morando e dividindo despesas com sua prima Norma...

— Tudo bem — interrompeu Rodolfo — mas eu não estou entendendo o porquê desta conversa.

— Calma que chego lá! Então, acontece que eu e a Patty estávamos já há algum tempo namorando sério, havíamos nos conhecido em uma festa de aniversário e desde então nos apaixonamos. Estávamos até fazendo planos de nos casarmos. Quando por rotina um dia indo visitá-la, fui recebido por sua prima Norma. Eu não sabia, mas Patty e Isabel haviam saído e Norma estava sozinha, começamos a nos falar e de repente Norma se jogou em cima de mim me beijando e justamente neste momento Patty e Isabel chegaram e presenciaram a cena. Desde então ela me abandonou e não fala comigo.

— Tá! E porque você está me falando tudo isso, o que tenho eu a ver? — disse Rodolfo sem entender direito onde Henrique queria chegar.

— Porque eu a amo. Ela é a mulher por quem estou perdidamente apaixonado e também sei que ela ainda me ama e pode entender que em tudo aquilo eu não tive culpa, mas pra isso é preciso que você se afaste dela! É por isso que você tem que se afastar dela!

Rodolfo ficou penalizado e entendeu que aquele rapaz a amava de verdade ao ver que enquanto Henrique falava, seus olhos lacrimejavam.

— Agora entendo teu desespero, Henrique. Fique tranquilo! Eu não sabia disto! Vou deixar teu caminho livre, mas cuide bem da Patty, ela é uma mulher maravilhosa e merece ser feliz! — Rodolfo disse estas palavras e se despediu, achando que seria justo se afastar, já que soubera depois que ia lecionar naquela faculdade só mais uma semana até o professor definitivo chegar.

Patty contou para Isabel o encontro que tivera com seu professor. Falou do almoço, da conversa na praça, do beijo no cinema, da carona até seu prédio e do beijo de boa noite, mas falou com mais entusiasmo de ter visto Henrique lá na outra rua na hora do atropelamento.

— Vejo que você ainda ama seu ex-namorado, porque então aceitou sair com o professor? — Isabel interrogou de maneira indignada.

— Não sei, acho que foi por carência ou para dar a ele o troco, sei lá... Só sei que me sinto péssima embora tenha sido muito bom, eu não sei amiga, não sei! — respondeu Patty aos prantos.

— Vamos dormir, amanhã é domingo e a gente vai ter tempo pra se falar melhor. —disse Isabel abraçando a amiga.

Isabel acordou cedo dizendo que ia dar uma saída, mas foi procurar Henrique para resolver de vez aquela situação. Ao chegar a sua casa nem precisou chamá-lo, ele estava cabisbaixo sentado no umbral da porta de entrada da sala.

— Oi, Henrique quero saber antes de tudo porque você traiu Patty com a prima dela?

Henrique levou um susto com a pergunta feita de supetão, quando ele nem esperava.

— Eu não a traí, foi Norma que alcoolizada me agarrou e me beijou, mas quando vocês saíram logo saí também, mas não alcancei vocês, foi isso. — disse ele se recuperando do susto.

— Tudo bem, eu vou chamar Norma e nós vamos lá falar com a Patty, vocês vão se explicar, porque não quero ver minha melhor amiga sofrendo.

Rodolfo despertou pensando na conversa com Henrique e se lembrou do atropelamento e resolveu visitar Selma no hospital. Lá chegando subiu para o quarto que ela estava e encontrou também Beth e Carol que estavam ali visitando a amiga.

Entrou no quarto com um buquê de rosas e entregou para Selma:

— Trouxe pra você, cada rosa é um pedido de desculpa.

— Imagina a culpa foi minha, além de arrogante fui imprudente, me perdoe por lhe trazer tantos transtornos. Ah! E obrigada, adorei as flores! Não vou mais importunar a Patty e você pode ficar à vontade com ela.

— Não vou, ela tem um namorado que a ama loucamente, hoje resolvi não me envolver mais com aquela garota.

Selma sorriu adorou aquela resposta. Seus olhos brilharam, pois desde o inicio também sentira uma queda pelo professor, motivo pela qual agrediu Patty.

— Bem vamos sair um pouco e deixá-los a sós para que possam conversar à vontade — disse Beth saindo com Carol ao perceber a motivação da amiga.

Quando Isabel chegou a seu apartamento com Henrique e Norma, Patty não acreditou e sentiu vontade de jogar a xícara de café quente que tinha na mão na cara de sua prima, mas Isabel foi logo dizendo:

— Acho melhor você ouvir o que sua prima tem para lhe dizer, amiga.

Então envergonhada Norma foi se explicando:

— Naquele dia que vocês saíram eu comecei tomar algumas doses de tequila e acabei por ficar embriagada. Seu namorado veio te procurar e eu pedi para que entrasse e te esperasse. Ficamos conversando, mas eu perdi o controle e me joguei em seu colo o beijando. Justamente neste momento vocês entraram na hora, não encontrei jeito para explicar minha má ação e você não deu tempo para que Henrique se defendesse. Ele não teve culpa. A culpa foi minha. Perdoe-me! Gosto muito de você e quero muito que vocês reatem o namoro. Perdoe-me eu estava muito bêbada e agi por estímulo da bebida. - disse Norma aos prantos, recebendo um caloroso abraço de Patty.

Patty e Henrique ficaram se olhando por alguns segundos sem saber o que dizer um para o outro, até que movidos por um desejo mútuo se abraçaram e se beijaram extremadamente.

— Finalmente acabou toda essa “patifaria” que tanto nos causou aflições, minha doce e amada Patty. — disse Henrique rindo, de joelhos curvados a pediu em casamento.

— O que Patrícia faria num momento como esse? — disse ela de si mesma, brincando, fazendo um trocadilho com seu nome

Patty se jogando nos braços de Henrique selou com um fervoroso beijo, aceitando o pedido.

No hospital Rodolfo e Selma também tiveram uma amorosa conversa que terminou com o inicio de uma bela paixão que iria os levar a um enlace matrimonial.

Ao término da faculdade todos se encontravam juntos na encantadora festa de formatura e por coincidência Patty e Selma havia marcado a data de casamento no mesmo dia do mesmo mês, porém Selma e Rodolfo se casariam em sua cidade Florianópolis, enquanto Patty e Henrique iriam se casar na aconchegante Xanxerê, cidade natal da bela e charmosa Patrícia Faria.

Cadu Lima Santos e Lois Antoni
Enviado por Cadu Lima Santos em 03/03/2016
Reeditado em 03/03/2016
Código do texto: T5561958
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