As Noites Brancas-Capítulo 9:Branca como a noite (Final)

Olá pessoas!

Vocês não tem ideia do quão ótimo está o meu primeiro dia de namoro oficial com ela.

Rebecca.

Passamos a segunda parte da tarde de hoje na praia.Uma praia perto das nossas casas.O sol encontrava-se ameno.O vento banhava os nossos contornos com grãos de areia.O sol começava a serrar os seus olhos e a lua abria os seus.

Enquanto este narrador vos fala,ela se encontra na beira da água.Usava um bikini esverdeado.Um verde claro.Bem claro.Se banhava com a água daquele vasto e salgado mar.Neste instante,eu estava sentado na areia,com minha humilde calça de praia e uma camisa regata semi-velha.

Ficava admirando as suas linhas.Seus movimentos.Seus leves e calmos movimentos.Sua serenidade.A essência do seu belo ser.

Alguns minutos depois,ficamos sentados na areia,vendo a despedida do sol.Seu corpo molhado pela água salgada esfriava o meu ao menor contato.Porém,o fato dela cantar no meu ouvido,só para mim,me aquecia.Como se eu estivesse caminhando pelo sol.

A noite finalmente chegou.Partimos para as nossas respectivas casas.E,como sempre,após passar um dia com ela,eu durmo feito um bebê e acordo como um bebê.

Até um certo dia.Eu dormi no dia anterior como um bebê e fui acordado de forma brusca pela minha mãe.Era urgente.Como se algo de ruim tivesse acontecido.O modo como ela me chamava ilustrava isso demasiadamente bem.Mas o me sono bloqueava as minhas percepções.

No instante que eu vi os pais de Marcela na minha casa,eu perdi boa parte do sono e entendi que se algo de ruim tivesse acontecido mesmo,isso teria acontecido com ela.A julgar pelas suas expressões de preocupação e medo,percebi que se tratava dela.

Foi aí que a notícia me atingiu na barriga,como uma bola de canhão.

Marcela havia escapado de casa.E,até o momento,não acharam nada relacionado ao seu possível paradeiro.

Me faltavam palavras molhadas para aquele deserto de seriedade.Aquilo estava muito além da minha imaginação fértil.Uma cena boa demais para ser encaixada numa peça de ficção e surreal demais ara ser colocada no contexto da realidade.

Enfim.

Os pais da desaparecida passaram quase o dia inteiro na nossa casa.Meus pais tentaram acalmá-los um pouco.Principalmente a mãe de Marcela.

Eu nunca vi um mulher chorar tanto em toda a minha vida.Ela podia ter ficado desidratada.

Ajudamos o casal a procurar por sua preciosa filha.Meus pais ligaram para seus amigos e perguntaram sobre ela.Eu chamei alguns amigos meus (incluindo o Jamal).Nos espalhamos por várias localidades da nossa cidade.Colocamos cartazes e perguntamos por ela para qualquer pessoa que passasse por perto.

Nada.

A cada hora que se passava,a minha esperança ia se despedaçando lentamente.

Procurar por ela era como procurar por uma pena no fundo do vasto oceano.

No final das contas,os pais dela acabaram dependendo da polícia para procura-la.Eles dispensaram a nossa ajuda.Mas eles agradeceram.

Passava a maior parte do meu dia em casa.No meu quarto.Com o ar-condicionado ligado.Encarava a janela.A única coisa que passava pela minha cabeça era...

‘’Por quê?’’

Quanto mais eu fazia essa pergunta cruel,mais distante ficava uma resposta plausível.Mais a minha cabeça negligenciava essa pergunta.Minha concepção sobre ela derretia como gelo.Ela se tornava alguém estranha para mim.Apesar dos nosso momentos,sentia que não a conhecia.

O meu celular tocou.Uma ligação.Peguei ele rapidamente.Atendi a ligação.Qualquer coisa para sair daquela agonia.

Rebecca.

Ela disse que não me via há algum tempo.Queria sair comigo.Ir para o Shopping.Aceitei sem rodeios.Desliguei o celular.Me arrumei o mais rápido que eu podia.Precisava sair de casa urgentemente.

Saí da minha casa.Fui até a casa dela.Ela estava no portão.Me esperando pacientemente.Uma camisa branca com grossos rabiscos escritos com tinta preta.Jeans com cortes que deixavam parte da pela de suas belas e magras pernas á mostra.Cabelo solto.Brincos de argola.

Ela estava linda.Uma beleza pura.uma beleza branca.Branca como a noite.

Parecia que não a via há uma vida inteira.Tinha me esquecido de como era ter uma namorada.Uma namorada que me amava e que eu amava.

Chegamos ao Shopping.A atmosfera deste serviu para me acalmar um pouco.Me acalmar do sumiço de Marcela.Um sumiço inesperado,porém chocante.

Eu andava pelo piso liso e reconfortante do Shopping e ouvia a voz de Rebecca.Mas minha mente estava concentrada.Concentrada em cada manequim que eu via.Além destas peças me lembrarem dela,eles tinham uma coisa em comum.

Beleza estonteante,recheada por um vazio pertubardor.

Eu me surpreendo com o ponto no qual chegamos.Como as coisas poderiam mudar tanto.

Enfim.

Apesar da Marcela ter sido uma ótima companhia,ela não teve dificuldades para mostrar para mim o tipo de pessoa que ela é.Aliás,ela saiu da minha vida da mesma forma que ela entrou.

De forma inesperada.Uma mulher que antes eu achava bela e perfeita,porém com o interior tão apodrecido.

Mesmo assim,com todos esses defeitos,eu ainda vou me lembrar dela.Uma lembrança doce e amarga.

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 11/03/2016
Código do texto: T5570893
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