Soldados
O ar gelado faz cortes frios sobre a pele. Você deixa promessas conhecidas por baixo dos travesseiros, próximo dos corpos que você tem deixado deitar sobre o nosso travesseiro. Eu deito do lado mais frio. Tenho a sensação do Alto da montanha. E nós sabemos, você sabe.
Você se levanta. Caminha na direção de algo mais importante para você. Quando te perco de vista, deixo-me jogar sobre a grama rasa. O sol arde a superfície da testa. Sinto a areia, antes escondida na grama, tentando fundir-se ao meu corpo. Sinto cada grão roçando contra a minha pele. O amor é um suicídio. <br>
Longe, as vozes consomem umas as outras. Como monstros devoradores de vozes. Destruindo uns aos outros. Estou segura. Estou bem próximo do cheiro de terra molhada, condenada para sempre, amando a única coisa a que se pode amar. E ninguém o amará.
Mas ninguém poderá roubar a minha solitude, ninguém.
Uma felicidade clandestina me toma. Um corpo frágil, que recolhe toda a dor do mundo. Estou em um espaço com o qual me foi reservado; o todo. <br>
Os braços se abrem. O sol cora meu rosto. Os grãos de areia perfurando minha pele. A terra molhada. A grama rasa. O ar esqueceu de viver em mim. As lágrimas chegam aos olhos. Céu azul. Nuvens que passam. A solitude.