UMA HISTORIA EM QUATRO ESTAÇÕES
Caminhava depressa pela rua. Ao avistar o parque vizinho a seu prédio, resolveu sentar num banco e descansar os pés.
Sentiu a brisa leve soprando em seus cabelos e o cheiro característico das flores da estação. Relaxou e deixou os pensamentos vagarem. Como é linda a primavera. Cheira a renascimento.
Até pouco tempo atrás não poderia estar ali tão tranquila. O vento gelado e a úmida névoa do inverno lhe congelariam os pés e a pontinha do nariz. Tudo pareceria mais triste para ela, apesar do riso sempre presente das crianças brincando perto dela.
No outono anterior, ela vivera momentos de doçura e tranquilidade. Passeios de mãos dadas neste mesmo parque. Longas caminhadas e conversas sobre o tapete de folhas amareladas. Tantos planos e desafios a enfrentar. Esperança vibrando em cada gesto.
O começo fora ao sol. Na areia da praia e com o céu todo azul. Encontro de olhares. Apresentação calorosa de alguns amigos em comum. Agua de coco e um convite para dançar. Almas gêmeas, pensavam eles.
Nâo foi assim...De repente, um movimento brusco : um beija-flor no entorno. E do azul dos olhos dela, uma lágrima rola. No parque, tudo é canto e perfume : é primavera outra vez.
Mô Schnepfleitner –
20/04/2016