Mariana conta 2

Mariana entrou na sala. Viu as melhores amigas, Rafaela e Juliana, todas logo perceberam o olho inchado de tanto chorar. O final de relacionamento conturbado e com várias coisas por dizer, fez dividir o grupo de amigas que antes, era de 6 meninas sonhadoras.

As aulas começaram mas Rafa e Juli, só queriam saber da briga do casal ''sandriana'', Mariana entediada, já não aguentava mais ficar explicando a mesma história. Pensava ela, é tão difícil compreender que meus pais nunca aceitariam minha sexualidade? Eles são influentes na cidade, pertencem a uma igreja, nunca aceitariam. O sino indicando o final da segunda aula tocou. Era intervalo, e como sempre fazia, Mariana subiu no telhado levando consigo um maço de cigarro.

Fumar, melhor sensação, dizia ela. A fumaça que entra pela boca, vai no pulmão e volta pelo nariz. Melhor sensação. Lembrou que tinha sido Sandra que ensinou ela a fumar. Sandra sempre foi a menina mais complicada da escola, e logo por ela Mariana tinha se apaixonado. Nunca tinha sentido isso por nenhuma outra pessoa, nem sabia que gostava de meninas. Mas Sandra era diferente, tinha invadido os seus sentimentos como que a água invade uma cidade durante um tsunami. Talvez o amor seja isso, um tsunami que invade a alma e destrói tudo de ruim, deixando somente espaço para crescer nova perspectiva de vida.

Mariana contou mais uma vez a briga para Rafa. Era o seu décimo sexto aniversário e ela tinha combinado de ir a praia com Sandra. Foram, ficaram aos beijos escondidos e tímidos porque sempre conviviam com o medo de algum olhar. Quando estavam voltando, Mariana não queria chamar o motorista do pai para pega-las, adorava os momentos de liberdade longe dos olhos do seu pai. Sandra contou sobre o desejo de assumir o namoro, Mariana achou engraçado e nem deu cartaz.

- Não podemos mais ficar assim - Dizia Sandra. Mariana olhos com aqueles castanhos como quem quer perguntar o porque disso.

- Você não tem ideia de como é difícil pra mim ficar longe de tu Mari, eu te amo tanto e você diz que me ama tanto. Teu pai tem que entender. - Pobre Sandra, pensava Mariana. Seu pai era o menor dos problemas. Era bom estar com Sandra, mas não era aquilo tudo. Não ia arriscar o conforto que os pais lhe davam pra viver um amor colegial. Mariana sabia que era a hora de acabar. E acabou. Sempre dizia, sou muito nova pra viver presa a alguém.