O Meu Primeiro Amor
O meu primeiro amor foi amor de ficção. Que tragédia viveu minha alma diante da realidade de um menino de 10 anos. Era amor de ficção sim, vinha de dentro da televisão. Ela era o que eu sabia de como se saber do amor. E querendo desejei, com tudo o que eu podia desejar naquela época o amor. Naqueles dias o meu coração, os meus sonhos, as minhas tristezas e por fim as minhas poucas lembranças, eram tudo o que eu tinha, eram o meu diorama. Mas foi desse jeito mesmo que eu quis o amor e amei.
Ela era linda, assim como o conto de um amor fadado a não se encontrar. E assim como aquele amor, eu também desejei ser feliz. Os olhos, os lábios, os cabelos, as mãos, tudo perfeito. Tudo que criei fo tudo dado e perdido pra televisão, para um amor de ficção. Esse primeiro amor meu de ficção. Como alguém poderia ser tão linda quanto ela? As vezes eu acreditava que a encontraria em algum lugar desse mundo. Era bonita de longe e linda de perto. Não perdia um capítulo sequer. Quem, como e por onde anda esse meu primeiro amor? Me lembro que nunca quis contar a ninguém. Era o meu maior segredo, o meu maior tesouro. Tinha medo de ser roubado ou então caçoado. Era estranho e novo o jeito que o meu coração ficava. Como o meu interior não parava ,borbulhava sentimentos e ansiedade sem que eu percebesse. Estagnava no meu rosto. Era incrível que num passe de mágica eu me transportava para o futuro e juntos de mãos dadas passeávamos na beira da praia. Num dia nublado, de poucos ventos, seus cabelos avoavam e eu, mero mortal, ainda calado, quieto amava. Quem me explicaria o porque de dor de amor é gostosa de se sentir mas é dolorosa de se doer.
Foram naqueles dias conheci as irmãs Saudade e Nostalgia. Se fores encontrado por elas, fujas para longes que a saudade é viciante e a nostalgia é contagiante.
Meu primeiro amor foi amor de ficção e assim ficou traumatizado o meu coração. Querendo amar sem se importar se o outro vai lhe causar dor.