Proposta em vias de Fato 13- A viagem(continuação)

Fica agora no tribunal Kantiano da razão o caso. Lídia estava cansada por demais. Adormeceu recheada de vontades e necessidades insatisfeitas; do ser amada, vítima da solidão em decorrência da grandeza do espírito que portava, dos afazeres sem sentido que era envolvida neste plano terra todos os dias. Passou pela manhã e tarde como que toupeira envolvida com a inarredável labuta; forma perversa do sugar forças, luta contra a maré em temas insolúveis que repetiam dia-a-dia. Era vítima do sintoma da náusea, aquela que vai provocando na alma, trabalho injusto do ter que saciar os sentidos(visão, audição, tato, olfato, paladar), sem satisfazer-se, sem contar das artimanhas nada convencionais da busca da proteção da pseudo-individualidade. Indo diretamente para a cama teria sido a forma inconsciente de buscar fuga em qualquer opção menos sofrida? Teria provocado a catarse imaginativa?

Mas o que seria a própria imaginação? Efeito? Ou causa de uma origem insuscetível de apropriação? Quando vê a ciência deste início de século encantada com a postura dos “fótons” (dizem ser partículas quânticas, energia da qual o mundo é feito), que, dentre outros fenômenos, reagem de modo diferente quando em contato com amostra de DNA. Nenhuma individualidade está garantida como sendo somente dela, não existe o “isso sou Eu”, “é meu”, ou algo parecido.

Surpreendem ainda os estudiosos sem respostas palpáveis em relação a amostra do DNA de uma pessoa, que mesmo à distância mostra resposta elétrica aos altos e baixos emocionais do doador . Nossos queridos, celebres e corajosos cientistas estão agora debruçados sobre o holograma que se evidenciou, o DNA humano, mesmo separado da individualidade que pertence não altera suas reações. MARAVILHOSO!!!!!

Além do sangue, veias, artérias, e toda estrutura palpável, conseguiram detectar códigos únicos de cada pessoa, o dito “código genético”, matrizes divinas das pessoas estão aqui. A ciência, pelo estudo da engenharia genética mensura a árvore genealógica de qualquer interessado, inclusive falhas genéticas, desnudando nossa ancestralidade, tornando demonstrável o fato que o fragmentado mundo das individualidades estão conectados com povos de outras terras e raças, isto tudo dentro da gente.

O “Nós somos” tornou demonstrável numa conotação incontroversa, colcha de retalho tecida numa dimensão de tempo e espaço independente. O que importa o ontem, o hoje e o amanhã depois do fato que os três podem ser encontrados numa amostra de sangue que aferirá nosso código genético, incluindo nossa ancestralidade genética? A derrota ou vitória do passado corre nas veias de qualquer ser humano, os ancestrais estão aqui, na batida do coração de uma criança angolana, na voz do europeu, na corrida de um atleta que sai vencedor num campeonato qualquer.

O sujeito e o objeto observado, o que seriam? Lídia e o mundo experienciado. Do cachorro Lhasa voador, dos gansos gigantes, e homens voadores; Imediatamente após tudo isto se viu na cobertura de um dos prédios daquela cidadela, lindo vilarejo, mas por quê ali no alto daquele prédio, devia ter uns quinze andares. Afinal, dando meia volta na pergunta, porquê uma cidadezinha pequena ter prédios?

Resolveu descer por escada que avistou no canto direito daquele piso, depois de uns trinta degraus percorridos olhou à esquerda percebendo que havia uma porta entreaberta. Chegando lá devagarzinho, sem deixar perceber seus passos, quando olhou sala adentro não acreditou, tinha várias pessoas de branco, com luvas brancas, que pareciam de cetim, manipulavam tubos de ensaio com gases fluorescentes que, depois de misturados um ao outro, eram colocados em frascos, em seguida lacrados com um objeto parecido com o nosso grampeador de papel. Uma vez engarrafados e lacrados eram colocados em caixas como que de isopores, e tampados, colocando as mesmas umas sobre as outras ao fundo daquela imensa sala. Lídia ouviu passos, recuou de volta para o corredor estreito daquela escadaria, aguardou desaparecer os sons dos passos.

Quando retornou com a intenção de continuar vendo aquela movimentação, saia dela um dos homens com um isopor às mãos, escondeu novamente e na coragem audaciosa aguardou o homem passar, seguindo-o. O estranho foi até uma sala que existia em frente àquela primeira, nem bem chegou, a porta foi aberta instantaneamente, entrou, a porta demorou fechar, foi o suficiente para ver um pouco daquilo que mudaria definitivamente sua concepção de morte.

Haviam homens como que falecidos em leitos de uma estética inimaginavelmente superior a que conhecia até então, eram aposentos fabricados como que de um vidro de uma película fina que parecia do material do cristal dos cálice que toma-se vinho e champanhe. Pensou, “como não quebram”?

As pessoas eram de uma palidez angelical, como que adormecidas de uma forma inanimada, tinha caninhos conectados em seus braços parecidos com aqueles que os pacientes tomam soros e medicações nas veias em hospitais. O homem que Lídia seguiu retirou do isopor aquele líquido que tinham engarrafado na outra sala e recarregou o frasco que estava conectado na veia de um dos supostos adoecidos(ou falecidos, quem sabe!).

Logo, chegou ao encontro daquele que realizava o procedimento dois robôs em forma humana, parecidos com os robôs de ficção científica dos filmes da indústria cinematográfica norte americana, aproximaram do “doente”, o homem desfez o trabalho e desconectou a dita “medicação”, viraram-no de costas e fizeram uma incisão atrás do pescoço, pegaram um instrumento semelhante a escova de dente( de material igual ao inoxidável), e conectaram em contato com a pele do “paciente”.

A sorte que estava com as mãos tapando a boca, deu um grito, o homem, que aparentava como que falecido, sentou na cama, olhou para os robôs e para o “profissional” que havia conectado o liquido na veia, deu um sorriso. Levantou, arrumou a roupa, conversou alguma coisa, e partiu como que na intenção de continuar a vida, retirava-se em direção à porta de saída.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 26/07/2016
Código do texto: T5709919
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