Proposta em vias de Fato 17- A viagem(continuação)

Portou-se como gente, as emoções da terrinha falou alto, olhou impetuosamente nos olhos do estranho, retaliou:

___Preciso de ar, leva-me para algum lugar que faça recordar do meu mundo, senão enlouquecerei.

Ele, como no começo, discreto no adiantamento, na compreensão das coisas da vida, apresentou coeso com as circunstâncias, que naquele momento tinha Lídia, cruazinha nas questões que fugiam da concepção que tinha de céu, estrelas, planetas, e até mesmo mundo diverso do planeta que habitava.Levantou de onde estava , segurou na mão direita de Lídia. Disse:

__ Então, vamos!

Abriu a porta daquele privativo lugar,caminharam no mesmo percurso que Lídia tinha feito para chegar até ali com o monte de latas. Não lembrava mais dos detalhes; a não ser dos homens dos lenços de cetim amarrados às cabeças, movimentavam com entusiasmo, sem a euforia, pressa dos garçons comumente vista nos bares e cafés da terra.Haviam homens sentados em suntuosos sofás espalhados naqueles imensos ambientes, como que abduzidos, pareciam que olhavam para o nada, outros conversando num tom baixo, sem contar o som ambiente irradiando melodia das flores. Era de se destacar a beleza inimaginável para nós aqui das cores das cortinas, e pinturas dos quadros nas paredes, a arte e design dos vasos, bibelôs, esculturas espalhadas nos locais, e ouro reluzindo em vários objetos nos espaços.

Ao final do ambiente, último percorrido, ao certo para definir ser lugar especial, aferia ser um átrio ladeado por paredes brancas e imensas colunas sustentando o piso superior, que dava para uma imensa parede toda em mármore, no centro da parede que fazia frente para o corredor que Lídia e o estranho estava havia uma pedra de esmeralda de mais ou menos um metro de diâmetro, ao lado, a escultura de uma mulher nua, parecia ser em diamante, quase não dava para manter os olhos fixados nela. Lídia não conseguia entender o que era aquilo, o que queriam dizer com isso, no centro da cabeça da escultura uma pequena pedra ônix , os olhos, dois rubis.

A dita parede abriu ao meio, tinha uns cinco metros de altura.Lídia exclamou:

__ Para onde iremos?

O estranho sorriu copiosamente, sem reservas, dava pra ver as covinhas que tinha em cada maça do rosto, aí que a beleza dele aflorou, era o Cauan Reymon metamorfoseado a anos luz residindo noutro mundo, perecia com o ator global em boca, nariz, sorriso e tudo, MARAVILHOSO!!! A masculinidade era a mesma, camaleão dos últimos dias, aquele mistério escancarado, segredo hermético colocado na vitrine para encantar mulheres de qualquer nível social ou educacional

Disse a Lídia:

__Isso que irá ver é fabricação nossa; do ar, da água, até o tom das cores das folhas das árvores e plantas deste ecossistema é artificial, “pérolas da ciência”, clonamos, duplicamos seres e espécies da flora e fauna. É possível, dentro dos parâmetros do protocolo interno de pesquisa que o colegiado da categoria estabelece como observância obrigatória.

Aproximando da porta aberta olhou sem administrar à partir daí a impressão tida, não existia em sua mente base experimental sólida para levar ao juízo referência do belo, o silêncio foi rei; Lídia ficou muda e ao mesmo tempo em passos diminutos entrou naquele ambiente surreal. Acanhou-se, o amigo ia na frente, ela ficou estática olhando para o alto, as vezes para os lados, pasma, vencida. A lógica partiu em fuga.

Era um imenso jardim botânico, o ar, bichos, pássaros, peixes, pequeno lago, enfim, tudo criado e mantido, artificialmente. Num momento, Lídia perguntou:

____ Isso quer dizer que substituíram o poder da natureza em todos os níveis da criação, dominam os elementos terra, fogo, ar, e água, além do “animus” dos seres? Ou melhor, criam esses elementos, e ainda como em série, fabricam espécies em laboratório, como bonecas vivificadas?podem produzir, ouro, prata, pedras preciosas?

O homem devolveu com a seguinte pergunta:

___E o que tem atrás da cortina que encobre seu mundo? apesar de nascer de um ventre, conhece sua origem somente no campo da consciência que vive, ela é o barco que conduz o corpo e a mente das pessoas que coabitam aquele lugar, tentar apropriar-se dela na sua plenitude e causa primeira é o mesmo que tentar sem sucesso conhecer aquele que nunca foi.Um dos seus irmãos que, dentre outros, destacou no despertar do ir além, o notório Albert Einstein, já disse um dia:

“Quero conhecer os pensamentos de Deus, o resto é detalhe”

Ao certo quando cegou quaaaaase lá, ou chegando, silenciou diante do inexplicável mundo da experiência suprema da realidade! Contudo,resolveu usar da sabedoria expressando a seguinte frase:

“Humanos, vegetais, poeira cósmica, todos, dançamos uma única música regida por um maestro invisível e à distância”

Aqui, com todo respeito ao nível evolutivo da sua raça, levamos a sério a disciplina do conhecimento como prática da expansão da consciência, assim, fomos agraciados com a clarividência interior dos nossos cientistas e estudiosos, revelando a eles meios de arregimentar aquilo que descobrem em benefício nosso, atendendo as carências de espécies, plantas, e recursos naturais que esgotam pela força da reprodução natural, conseguimos a duplicidade deles pela via laboratorial, conseguimos aprofundar um pouquinho mais à frente de vocês no “conhecimento do pensamento de Deus”, somente isso.

Continuaram andando naquele espaço; havia pássaros inimagináveis, alguns dormiam em galhos de árvores como se tivessem sido desenhados à mão, as folhagens eram das mais variadas cores, em destaque o azul turquesa,roxo, laranja, branco e o lilás; inexistia o verde das nossas folhagens, os troncos variavam da cor creme ao verde musgo,será que encontraram mecanismos aperfeiçoados de produzir a clorofila em pigmentação diversa do verde; a realização no olhar daquelas variedades de cores de árvores trouxe para impressão interior de Lídia a festa do contentamento.

Sentaram em um canteiro de pequenas pedrinhas fruta cor, pareciam das mais diversas, todas preciosas, o magnetismo daquele lugar era insustentável, bem a frente havia espaços como dos gregos de Atenas, uma extensa cobertura sustentada por imensas colunas, pintadas de dourado, entre elas pessoas em silencio apreciando a paisagem, sentadas,estáticas e indiferentes com a presença do casal.

Lídia pensou... apesar de apresentar esta civilização mais evoluída àquela que pertenço, não estão envolvidos com a tecnologia digital, ou qualquer aparelho que demonstre a dependência deles à máquina, como nós.

O amigo deixou Lídia ficar observando seu mundo, de propósito, manteve-se em silêncio, de tempo em tempo mudava a posição das pernas, que estavam entrecruzadas, como em posição de meditação iogue. Daí algum tempo, não havendo mais necessidade de perguntas e explicações, a paz perscrutava até a essência dos dois seres, e de lá recebia a aceitação calorosa de uma presença de paz. Lídia sentiu uma nuance de como pode ser o aspecto do Arquiteto das eras na execução do que idealiza, que é a vida em suas infinitas facetas, confraterniza em amor com tudo que cria doando liberdade, vontade, e amor sobre e sob todas as coisas.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 02/08/2016
Código do texto: T5716912
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