Proposta em vias de fato 20-A Viagem(continuação)

Proposta em vias de fato 20- A Viagem(continuação)

Logo, veio ao encontro de Oziel um cãozinho, era lindo, seus pelos encobriam todo rosto, não latia, somente expunha a língua para fora, balançando-a freneticamente, negro, pulou no colo de Lídia, e ficou. A moça não se conteve em felicidade e ao mesmo tempo espantou com a atitude do cãozinho. Entrou na casa com o cachorrinho no colo.

Oziel tinha uma bela família, dialogava um casal na sala, Lídia saberia depois que eram os pais do amigo, o ambiente era colossal, para não perder o estilo das outras arquiteturas vistas, era de família rica, funcionários uniformizados em roupas padronizadas transitavam com bandejas, teréns domésticos. Estavam descontraídos, sorriam por algum motivo muito engraçado, não dosavam a intensidade das gargalhadas. Quando viram aproximando Lídia e Oziel, a mulher foi quem levantou primeiro do lugar, pelo andar apresentava ser de fino trato, mulher de algumas décadas vividas, sem perder a jovialidade e a discreta sensualidade da juventude. Falou em tom entusiasmado ao filho:

___Oziel! chegou tarde! jantamos agora pouco, recebemos o cônsul do planeta marte, galáxia via láctea, cansamos de esperá-lo. Olhou para Lídia, e num sorriso cortêz cumprimentou a moça com esta fala:

___Olá, Lídia, prazer! meu nome é Dousa, mãe ancestraclônica de Oziel, prazer em conhecê-la, quando faziam a triagem para que conhecesse nosso mundo, afeiçoei-me pela inteligência e curiosidade em potencial que tem, bem vinda à minha casa, terráquea.

Lídia não reagiu com uma palavra sequer, foi imobilizada pelo sorriso daquela mulher encantadora, no trato, carisma, aceitação, e afetuosidade com as iguais, além da naturalidade dela descrever que conhecia a moça. Sentiu quanticamente respeitada por outra mulher quantitativamente mais preparada em conhecimento e sabedoria que ela para ser, conhecer, viver, e fazer naquele mundo fenomênico. A menina moça do planeta terra agradeceu o comentário receptivo com um sorriso levemente envergonhado.

Caspita! Pensaria o italiano marrudo, cadê os pobres daqui? para onde olha vê luxo, fartura, riqueza escancarada. A dor que a pobreza impõe aos olhos do observador desfaria a linha norteadora da esperança se não fosse acalentada, apaziguada pelo coração que no almejar mantém o propósito de continuar mesmo sabendo que o barco está à deriva. Várias refeições Lídia havia perdido o gosto de degustá-la quando pegava na reflexão de que naquele instante existiam crianças, adultos, tão valiosos como ela, tomando a própria urina pela falta d`água na África subsaariana.

Quando Dousa acabava de cumprimentar Lídia, após aperto de mão, o pai de Oziel se aproximava com o filho, com isso o cachorrinho havia se acomodado entre almofadas próximo a eles.

Aquele senhor,mais objetivo, conciso nas palavras e nas apresentações(típico do gênero masculino), sem deixar de externar sua beleza de espírito e masculinidade, chegou estendendo a mão para cumprimentar Lídia, curiosamente com a mão esquerda ( costume deles), que imediatamente levou-a aos lábios e beijou. Aí sim Lídia assustou, sinceramente arrepiou dos pés à cabeça, que audácia, pensou, não tem a anemia de espírito de homem em idade longeva, nem fisicamente, com este beijo quase lascivo...quantos anos deve ter!, ainda mais depois que Oziel disse que vivem até quatrocentos anos aqui! Danadinho! refletiu a pobre moça. Terráquea inexperiente do mundo extragaláctico.

Lídia não ateve nesses pensamentos por muito tempo, afinal o Senhor Sheidi Zanion logo “rasgando o verbo”, nestes termos manifestou:

___ Sheidi Zanion.Me apresento como num discurso a você, permita-me Lídia?

A moça não assustou pelo fato dele saber seu nome antecipadamente, afinal todos que apresentaram-se a ela tiveram esta mesma reação, respondeu:

___Sim, Sr. Sheidi, fique à vontade.

Foi logo conduzindo a moça colocando um dos braços no ombro dela, conduzindo a ida até o sofá que tinha naquela sala, eram dois ambiente; em um havia o majestoso piano de calda, branco, bancos e pés dourados, no outro ambiente jogo de sofá estilo indiano, almofadados em cetim, estampas floridas, daqueles que não tem pés,foi este o destino dos dois, cada um sentou em uma poltrona(se é isto que podemos chamar de sofá), tiveram que agachar, ele sentou em cima das pernas, como o Aladim.

Enquanto isso, Lídia avistava Oziel ao longe por meio de uma porta de aproximadamente dois metros de largura. Conversava com funcionários da casa, parecia instruí-los na organização do jantar que seria servido a destempo, e preparativos para hospedagem da hóspede.

Sr. Sheidi, começou:

___Linda mulher você , seu relatório no sistema integrado das galáxias diz que é de família de comerciantes, está na casa dos trinta, engenheira, azarada no amor... é muito curiosa menina, o que sua imaginação fez, não é mesmo? Imaginou tanto que acabou acionando as programações superiores vibrando procura de respostas, foi atendida chegando aqui, somos de uma galáxia vizinha a de vocês, Medriza, orbita nosso sol quatro planetas, cada um habita em média 10 milhões de habitantes, todos evadidos por opção de galáxias exteriores, além de turistas autorizados, como você, deixamos ficar porque nossa tecnologia tem capacidade de deletar da programação mental dos visitantes a experiência vivida aqui .

Lídia ajeitou-se no sofá, sentia como que invadida de corpo e alma por todos que passaram por ela até ali. Pensava: “Não entendo mais nada...”

Oziel aproximou e convidou-a para tomar banho e descansar um pouco nos aposentos de hóspedes na casa.

Sr. Sheidi interrompeu a conversa confirmando o convite do filho. Lídia levantou e acompanhou Oziel até o quarto. Que casa imensa, toda numa arquitetura rica em arcadas por todos os lados; salas, corredores, com cômodos ovais, corredores decorados com estátuas de modelos nus em várias posições, corpos esculturais, cada um com luminosos criteriosamente regulando luz e sombra dos reflexos, e as ditas plantinhas cantoras, tinham algumas que dividiam ambientes conforme ia para a parte interior da casa. Passou por uma sala parecida com biblioteca, não se conteve, deu uma paradinha, aproximou da porta daquele lugar e se rendeu à admiração estática, nunca tinha visto nada igual.

O Lugar era fantástico pela impressão da visão que causava, os livros bem acomodados nas estantes, que iam do teto ao chão, em paredes de mais ou menos seis metros, no centro, colunas construídas lado a lado num círculo em tons roxos e azuis marinhos, cravejadas em pedras lápis-lazúli, ônix, safira, topázio, brilhantes nos extremos, cada uma medindo em média cinco centímetros de diâmetro, formavam mosaicos com figuras simbólicas que Lídia desconhecia, certa era que elas as vezes lembravam figuras geométricas nossa, triângulo, quadrado; o interessante e espetacular da cena foi o imenso disco de fogo que girava no centro do ambiente, reluzindo numa intensidade de cor mais acentuada que a cor do sol, chegava ser alaranjada, que girava como coisa viva sustentada por um gigante calix dourado(mais ou menos de meio metro), acima do disco dourado saia uma linha de luz em tom violeta.

Logo ouviu Oziel dizer:

___Assustou? aqui é um dos lugares preferidos nosso, recebemos amigos seletos, e anúncios com orientações para situarmos melhor na dimensão que estamos. Vamos, tenho que resolver outras coisas.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 10/08/2016
Código do texto: T5724379
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