Proposta em Vias de fato 24- A Viagem(continuação)

Mexido foi em conceitos que eternizam em discussão, seja entre os homens da ciência, filosofia, espiritualidade, ou aqueles que rondam mentes do caminho do ceticismo. A história se passa na mente de terráquea que vive experiência onírica, e nela é desenvolvida história surreal, a moça encontra sua suposta ancestralidade numa conotação atemporal; passado, presente e futuro convergem num ambiente “não local”, e mais, contracena com experiências vividas aparentemente com dois homens, um quando em vigília, e outro no sonho, daí o ponto bizarro: “Onde está a divisa e extensão de sua própria consciência individual ou alma?

Lídia vive um estado tido como “real” antes do sonho, sendo rejeitada pelo amado(Túlio), que não deu conta viver ao lado dela numa experiência amorosa. No sonho, apresenta Oziel, saudoso da presença da amada, num outro mundo pouco mais adiantado que o vivido no planeta terra. O sujeito vem e diz que eles integram um tronco comum de almas e nele viveram várias existências. O intrigante, que Lidia corresponde ao sentimento, permanecem como se nunca tivessem se estranhado.

A pedra fundamental para existência das coisas para a física clássica é a matéria(nada existiria fora dela), sendo a vida, consciência e a mente, meros adornos secundários. René Descartes, aquele que relevou tanto a importância da pineal foi o grande precursor desta idéia, desencadeando o método dual de pensar sobre as coisas(sujeito e objeto tratados como partes distintas na investigação), sem falar da participação das idéias Newtorianas, que até certa altura acalmou os estudiosos na investigação da realidade. Nesta sintonia a física percorreu na história até quando começou ficar inquieta com perguntas que surgiam sem respostas tranqüilas no campo da investigação.

Questões como “experiências quase morte”(aquelas vividas por algumas pessoas que patinaram nos limites entre vida e morte, e voltaram), premonições, telepatias,fenômenos experienciados nos laboratórios com fótons e seres humanos e a função cerebral deles, mudança de comportamento dos elementos subatômicos, etc, trouxe à tona a convivência pacífica nas mentes dos estudiosos, a erva daninha do probabilismo. Começaram surgir termos como: problemas envolvendo sinais de pontuação na evolução biológica, na cura mente-corpo, percepção extra-sensorial e normal, e uma variedade de argumentos que embaçaram a estabilidade da máxima: “nada existe além da matéria”.

Como o nascer do sol num novo amanhã, humildemente surge o despontar de corrente na física que encara estas questões e indicam caminho considerado como adequado e lógico encampando respostas às questões insolúveis até então.

A física quântica sugere a retirada da matéria como pedra que sustenta a base de toda a realidade, instalaram a consciência, abriram a janelinha desta verdade eleita inserindo o próprio estudioso nela. Surgiu um modo “monista de ver a realidade”, a máxima passou ser entendida como: “O Universo autoconsciente. A consciência cria o mundo material.” Não a matéria.

Mesmo rejeitando tais argumentos sobre a possibilidade da existência de uma consciência cuja participação todos tem acesso, as vozes dos antepassados começaram ganhar ouvidos. Afinal, qual e a base da existência, a matéria ou a consciência?

Escreveu Goethe:

A alma do homem é como água;

Vem do Céu

Ao céu volta

Depois retorna à terra

Em eterna alternância

Franklin escreveu seu epitáfio (texto que iria sobre seu túmulo):

O corpo de B. Franklin

Impressor

Como a capa de um Velho Livro

Ao qual tivessem Arrancado as Paginas

E

Tirado as Letras e a Douração

Jaz Aqui

Comida para os Vermes

Mas a obra não terá sido Perdida,

Pois aparecerá Novamente, segundo Crê,

Numa Nova e Mais Elegante Edição,

Revisada e Corrigida

Pelo Autor

Existe ainda referencial bibliográfico rico em apresentar cabeças que fugiram da realidade que estavam inseridas manifestando experiências que destoava da conotação espaço-tempo que estavam inseridos; sejam as personalidades do mundo da ciência, da literatura, da espiritualidade, da filosofia, e da arte. Michelangelo, Van Goht, escritos dos mundos antigos, cristão, indiano, asiático, que em parceria, inconscientemente ou não, deixaram vestígios consideráveis da possibilidade da existência de um estado não-local que permite toda esta parafernália de coisa acontecer. Inclusive o caso que Lídia estava “colapsada”.

Sem exageros! nas elucubrações mentais, aquelas que a mente investigativa navega, tendo por base a versão apresentada pela nova física, podemos congecturar que Lídia pode ter sido “engolida” por um possível buraco negro e nele viver a experiência do sonho. Opa! Se ali for o interior do buraco negro e considerar o fato que nas questões quânticas torna inapropriado a manutenção do espaço-tempo determinado, porque não quando acordada a mulher exposta a experiência anterior não estar também sendo participante de um estado de consciência, concorrente ou não, como a vivida no sonho(num outro buraco negro)?

*** *** ***

Chegaram no jardim da casa como casal amante, sem pudor, esqueceram que podiam serem notados, e foram. Dona Dousa estava como estátua na entrada lateral da casa, seu semblante não era dos melhores. Oziel e Lídia deram até uma paradinha ensaiando fuga, mas a voz da felina mãe andróide intimou o filho impetuosamente:

___Oziel, não sabe que aqui não temos segredos. Se fez o que não devia e tendo êxito na experiência, era para isso ocorrer. Mas a lei da concausa é inflexível. Lídia, vá para seu aposento.

Quando Oziel iniciou os passos para acompanhar a amada, a mãe segurou-o pelo braço, falou baixinho:

____Não recorda do protocolo Universal que todos submetem? Lídia esta envolvida com os resultados das ações que praticou, está absorvida em cérebro e alma com as conseqüências dos seus atos, a expansão da própria consciência dependerá do resultado das sequências de causas e o efeitos das ações dela no campo da consciência que está atualmente como sede principal no corpo físico que tem . Você tem a consciência vivida aqui , ferir esta observação envolve afetação às escolhas que partilhei nos resultados para o sucesso das suas de hoje. Daí não permitirei a continuidade desta história. Deixe-a no trilhar do trabalho que está investida, ela é a única personagem da própria história, se algum momento forem agraciados pelo encontro e experiência em universo comum, ocorrerá, naturalmente.

Dona Dousa, utilizando o dom nato feminino de mascarar as intenções, cobrindo os olhos do interlocutor com sorriso, olhou para Lídia, que estava um pouco adiante, disse meigamente:

____Lídia, conduzirei você até o quarto, Oziel irá auxiliar Sheidi em assuntos internos, vamos.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 16/08/2016
Código do texto: T5730085
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