Ano Esquecido

- ANNE - minha mãe grita do andar de baixo.

Ai que saco, olho as horas e vejo ser quatro da madrugada.

Maldito momento que concordei em ir para essa viagem.

as férias começaram, minha mãe achou uma boa passar um mês em um sítio distante e sem comunicação com o mundo exterior.

E eu sem alternativas, concordei em ir...que legal.

- ANNEEE - minha mãe grita novamente.

- JÁ ACORDEI! - grito, e me levanto.

Tomo uma ducha, visto a primeira roupa que encontro e pego minhas malas.

Desço as escadas e me deparo com a bagunça de bolsas soltas pelo chão.

- A gente já vai? - pergunto interessada, pois iria voltar a dormir no carro.

- só um minutinho... - minha mãe diz.

Duas horas depois...

- pronto, terminei de arrumar tudo - mãe diz satisfeita, ao entrarmos no carro e só agora iniciar a viagem.

Antes de perder o acesso com o mundo, mando uma mensagem para Will.

Até daqui duas semanas, vou sentir sua falta, amo você.

Will, é meu melhor amigo, e bem, eu meio que...tenho uma quedinha por ele, talvez um pouco mais que isso, mas enfim, não tinha coragem para lhe falar de meus sentimentos.

Entro no carro e dona Rebeca, minha mãe, pisa fundo no acelerador.

E eu adormeço.

***

Acordo com dor, muita dor, o que diabos aconteceu?

Abro meus olhos e vejo estar deitada em um leito de hospital, uma enfermeira injetava algo em alguma coisa, e ao me ver acordada, grita para alguém:

- ELA ACORDOU!

Minha mãe vem em minha direção, com uma mistura de preocupação e felicidade.

- Finalmente você acordou - ela comemora.

- como assim? - digo confusa, eu só adormeci por duas horas...

- você dormiu por um mês minha menina.

Começo a rir que nem uma louca, ao fazer isso cada parte do meu ser se contrai.

- minha cabeça... - reclamo.

- o que foi? - ela pergunta preocupada.

- dói.. dói muito.

- chama o médico - ela pede a enfermeira.

Mãe estava diferente, haviam cicatrizes em seu rosto, que não estavam ali antes.

- o que houve com seu rosto? - digo, não ligando pra aquele lance de um mês dormindo, que sem sentido.

- foi o acidente...

- que acidente? A senhora sofreu um acidente? - pergunto preocupada.

- nós sofremos querida...nós duas, mas eu logo fiquei bem, você não... e a culpa é toda minha.

Porque mamãe estava brincando daquele jeito comigo?, Não tinha graça!

- porque a senhora ta falando essas coisas?...para de mentir! - choramingo.

- não estou mentindo...como você se sente? Algo mais além da dor? - ela diz séria.

- não...apenas ela - comento, e passo as mãos por minha cabeça como se isso fosse fazer a dor parar.

Ela acena em concordância.

- e porque eu estou aqui mesmo? E cadê o Pedro? - a encho de perguntas.

- Pedro que Pedro? - ela diz perplexa, e agora visivelmente assustada.

- meu namorado ué - respondo.

- oh meu Deus, Anne...escuta...por favor - ela suplica.

Aceno em concordância, não entendendo nada daquilo.

- você e o Pedro...terminaram a um ano.

Meu Deus, minha mãe estava louca, começo a rir.

- já pode parar com a brincadeira, primeiro eu tava em coma e agora terminei com meu namorado e não lembro? Qual é né - debocho.

Ela permanece séria e isso me preocupa, pois o modo como a respondir, se fosse em outras situações, ela teria me dado um baita carão.

O médico chega, comprimenta minha mãe e me observa atentamente.

- como se sente? - ele pergunta.

- apenas uma dor de cabeça, o que aconteceu?

- você estava em coma - ele responde objetivamente.

Oh não, porque todos diziam a mesma coisa?.

- você se lembra de sua mãe, amigos, namorado? - o médico continua a interrogar.

- Sim, me lembro de tudo, porque não lembraria? - digo irritada.

- ela acha que ainda namora - minha mãe sussurra para o médico, mas eu a escuto.

Eles conversam algo entre si, então o médico retorna sua atenção a mim.

- a quanto tempo você namora Pedro? - ele pergunta.

- um ano - respondo.

- e você o ama?

Que coisas mais estranhas para se vim de um médico, mas o respondo mesmo assim:

- Claro, ele é meu namorado.

- não Anne, ele não é mais.

***

Eu esperniei, gritei,xinguei.

Até que eles me mostraram o laudo de minha condição, e não me restou nada a não ser acreditar.

Me contaram então do acidente... estávamos quase chegando ao destino, quando um caminhão, dirigido por um homem alcoolizado se choca contra nós.

Me contaram das visitas de Will, eu já o conhecia, mas aparentemente fiquei mais próxima dele no ano esquecido.

Me falaram do mês que fiquei em coma e do perigo que eu corria de sofrer danos cerebrais, e bem, eu sofri mesmo.

Era estranho alguém lhe falar coisas que você viveu da qual você não se lembra, era como ficar bêbada e lhe contarem de suas façanhas enquanto estava "inconsciente" só que neste caso é bem pior.

Me contaram que eu não amo mais o Pedro, me contaram que ele está ficando com várias meninas.

Eu aguentava tudo calada, mas aquilo corroia-me um pouco a cada momento.

Em determinado momento minha melhor amiga Júlia, vem me visitar, e me conta mais coisas que vivi.

- você se apaixonou por Will, se lembra? - ela diz, tentando ajudar.

Mas aquilo machucava também, primeiramente não amava mais Pedro, e agora amava Will?, sendo que para mim...era como se ainda estivesse com o Pê, ninguém me falou o porque de acabarmos, aparentemente não contei a ninguém, nem mesmo a Júlia.

- não lembro, não lembro de nada que ocorreu no último ano. - respondo tristemente.

Ela acena em concordância, podia ver que ela queria ajudar, mas não sabia como.

Depois dela vieram mais alguns amigos, trazendo presentes e palavras de consolo.

Mas nada daquilo adiantava, nada podia trazer aquele ano esquecido, nada, absolutamente nada.

Eu queria gritar, gritar bem alto, de frustração, de medo...

E então ele entra, e faz se alargar um sorriso em meu rosto...Pedro.

- Oi...- ele diz hesitante.

Levanto-me de um salto e me jogo em seus braços, o aperto forte contra mim.

Posso ver que ele hesita, mas logo me abraça de volta.

- Anne...- ele sussurra em meu ouvido.

Me forço a me soltar de seu aperto, olho em seus olhos e posso ver amor, ele ainda me amava, então tudo daria certo, aquele ano não faria tanta diferença.

- você me ama? - ele pergunta esperançoso.

- mas é claro que sim - afirmo.

Ele me beija e tudo parece ser como antes.

Mas...algo faltava, porque eu terminei com ele? Porque ele aceitou tão fácil isso tudo?

- porque nos terminamos? - pergunto para a única pessoa que poderia me responder.

Ele desvia o olhar, se afasta de mim e diz histérico:

- deixe o passado no passado, vamos recomeçar!

Passa as mãos pelos cabelos e diz quase em um sussurro:

- me faz um favor?

Aceno em concordância.

- não fala com aquele seu amiguinho - ele diz a última palavra como veneno.

Olha- me uma última vez, abre um pequeno sorriso e vai embora.

Horas depois foi a vez de Will me visitar.

Ele não faz como os outros, não chega com medo ou algo assim.

Ele invade o espaço e me tira o fôlego com um apertado abraço.

- meu amor - ele sussurra em meu ouvido.

Aquilo era estranho, Will nada mais era que um mero conhecido, mas agora...parecia existir algo mais.

De início não correspondo a seu abraço, mas logo me preencho pelo calor que ele me proporcionava, ele me aperta mais forte e cai na cama, deitando-se ao meu lado.

- eu tive uma idéia - ele foi logo dizendo.

- qual? - digo sorrindo,parecia inevitável não fazer isso.

- você não se lembra da nossa amizade, dos momentos que tivemos e tal...então eu vou recria- los, fazer você viver cada momento outra vez, assim os outros não faram tanta falta.

Nada respondo, vejo então uma expressão preocupada surgir em seu rosto, devido a isso.

- não gostou da idéia? - ele pergunta.

- muito pelo contrário...eu adorei.

Sorrio, ele segura meu rosto e diz:

- mesmo com tudo isso, continua sendo a mesma menina que eu tanto amo, relaxa, pelo menos você lembra como se fala,escreve... o resto é o de menos.

Ele sorrir, e eu entendo o porque de ter me apaixonado por ele.

Uma semana depois

Retorno a minha casa, o que para muitos era um pouco mais de um mês, para mim era apenas uma semana.

Minhas memórias não voltavam, o médico dissera que era bom ver fotos e ouvir fatos que me ocorreram no ano esquecido, para exercitar meu cérebro a trabalhar, a lembrar.

Já havia feito essas coisas, e de nada adiantava.

Eu não havia visto Pedro desde o dia que ele foi me visitar no hospital, ele parecia me evitar, ou evitar dizer algo, talvez a verdade.

Will por outro lado, não saia do meu pé e era difícil não me apegar novamente a ele.

Ele acompanhara a mim e minha  mãe na volta de casa, sempre soltando piadas que tiravam a tristeza que insistia em pairar sobre mim.

- como se sente? - ele pergunta pela milésima vez, quando entramos em meu quarto.

Olho em volta e sinto falta de algumas coisas que estavam lá antes, mas assim como muitas coisas, mudaram também, minha vida estava diferente, meu quarto estava de acordo.

- estou bem, só sinto que falta algo, e eu sei bem o quê.

Ele vem em minha direção, e eu penso que ele vai me abraçar ou coisa do tipo, mas não, ele me empurra levemente em direção a minha cama, derrubando-me.

- o que você ta fazendo? - digo confusa, mas mesmo assim rindo.

Então, o que ele faz?

Me enche de cosquinhas, rimos que nem loucos, eu tento chuta-lo, mas erro, ele prende minhas pernas, e continua seu trabalho de me fazer rir, até perder o ar.

Ele se afasta e sorrir triunfante

- qual foi mesmo o motivo disso? - Sorrio.

- esse foi um dos nossos momentos, agora... Revivido!

Sinto um sorriso se alargar em meu rosto, mas que é inesperadamente substituído por dor, quando uma queimação por trás de minha cabeça surge, fazendo-me cair de joelhos no chão.

- A-ANNE... - foi a ultima coisa que o ouvi dizer, quando as imagens surgem...

- minha linda - ele diz, com um sorriso de lado, antes de me jogar contra a cama e me encher de cossegas, que me fazem rir, ate perder o ar.

- o que diabos vocês tão fazendo?- minha mãe disse ao entrar no quarto.

- A-ANNE - agora Will e minha mãe gritavam.

Tiro as mãos de minha cabeça, elevo meus olhos e digo esperançosa,diante de seus olhares preocupados:

- uma de minhas memórias voltou.

***

O médico dissera que revivênciar um momento feliz, estimulou meu cérebro, fez suas engrenagens girarem.

Ele estava certo, eu e Will fizemos aquilo outras vezes, assistimos a filmes que eu e ele já havíamos visto juntos, e aconteceu de novo, a cabeça doeu e a memória voltou.

Era sempre assim, sempre lembrando dos momentos bons que tivemos, a cada dia, eu e ele voltavamos a ser melhores amigos, e a cada dia eu voltava a me apaixonar por ele...e a esquecer Pê.

Mas uma coisa eu não sabia, o porque de nosso termino, eu tinha que lembrar, talvez assim eu pudesse superar de vez.

Certo dia, tomo coragem e pergunto hesitante:

- Will?

- Sim?

- você sabe porquê eu terminei com Pê?

Tento traduzir as emoções que vejo em seu rosto, todo esse tempo que passamos juntos, eu ainda não havia tocado em seu nome.

Ele parece hesitante em me responder, não parece gostar de falar dele, ou do assunto em si.

- eu não sei bem Anne... Você nunca quis contar pra ninguém o real motivo, apenas disse que não deu certo e que era melhor assim...a única pessoa que poderia lhe responder, é ele...mas sinceramente eu não gosto dele.

Processo suas palavras, achei que com ele obteria uma resposta, mas apenas Pê poderia me dar, ou eu mesma, caso lembrasse.

- e porque não gosta dele? - pergunto curiosa.

- ele não te fazia bem... Não te fazia feliz.

- Hum... E você faz?

Ele alarga um sorriso convencido no rosto e responde:

- sinceramente... Sim!

Pego uma almofada e jogo nele...ele rir e se aproxima para beijar meu rosto.

eu viro um pouco, por acidente, e seus lábios tocam os meus.

Foi bem rápido, e eu sei poderia parecer bobo,mas... meu coração acelera desenfreadamente.

Ele se afasta e desvia o olhar, mas posso ver mesmo assim, seu rosto corar.

O momento constrangedor logo passa, quando novamente a queimação atinge minha cabeça.

Imagens de quando comecei a me apaixonar por ele surgem, alguns sorrisos bobos, algumas mensagens trocadas, coisas bobas, mas importantes para mim.

- o que você lembrou? - ele pergunta curioso, quando saio do "transe"

- nada demais - respondo, evasivamente.

- conta vai - ele insiste.

- apenas algumas coisas com o Pê - minto.

***

NO DIA SEGUINTE... Pê bate em minha porta.

E por mais que eu começasse a ter sentimentos por Will, as lembranças vivas do que passei com Pê não saiam de minha cabeça.

- o que você quer? - pergunto um pouco rude.

Ele faz uma careta e diz:

- não posso mais vim te visitar?

- achei que você tivesse me esquecido - digo, me arrependendo logo em seguida, por ter soado tão frágil.

- nunca - ele responde, com um belo sorriso no rosto.

Abro espaço e ele entra, eu estava sozinha, mãe havia saido.

Ele se senta no sofá e parece buscar as palavras certas, com o intuito de me dizer algo.

- você quer dizer algo? - incentivo.

Ele pigarreia e diz:

- como vão as memórias?

- ando tendo algumas lembranças de volta.

Não sei porque, mas ele parece decepcionado.

- ah, que bom... O que lembrou? - pergunta desconfiado.

Ele estava agindo estranho...

- algumas coisas com minha mãe, com Will, alguns amigos, mas principalmente Will.

Assim que toco no nome de Will, vejo fúria em seu olhar.

- eu mandei você ficar longe dele - ele diz sombrio.

- e eu decidir não obedecer, você não manda em mim!

- porque é tão teimosa? Sempre assim...!

- o que você está falando? Ta louco?

- sempre dizendo isso... Não sou louco! Okay!? - ele diz exasperado.

Ele estava surtando, nunca o vi assim, pelo menos não até onde minhas memórias permitiam lembrar.

- porque terminamos? - repito a pergunta outra vez.

- você não precisa saber... Esqueça isso... Meu amor - ele diz, e se aproxima de mim.

Segura meus ombros, e inclina o rosto,com a intenção de me beijar, desvio,me solto de seus braços e me afasto.

- não te reconheço mais... É como se fosse outra pessoa, vá embora!

- você que me fez mudar - ele sussurra.

- como assim eu?

- quando terminou comigo, você me fez mudar.

- me diz o que houve... - insisto.

- do que vai adiantar? Você vai me deixar...

- não vou deixar... Porque simplesmente não estamos juntos para isso.

E novamente a fúria brilha em seus olhos.

- não... De novo não!

Ele se aproxima rapidamente em minha direção, eu me afasto e bato a cabeça contra a parede, ele me cerca e beija-me a força, mordo seus lábios com tamanha intensidade que sinto o gosto do sangue.

Ele se afasta, com um olhar enfurecido, não havia amor ali, apenas possessão.

Levanta a mão ao ar, e eu soube ali o porque de ter terminado com ele.

A queimação bate, os joelhos beijam o chão e as lembranças... Todas elas, voltam como uma tempestade.

Will, Júlia, mãe, todas as memórias das pessoas que amo,voltam como um torrão, mas o que tanto me intrigava também.

Todos achavam que formavamos um lindo casal, estávamos sempre com um sorriso no rosto, mãos dadas, risos e sorrisos.

E tudo foi assim no começo, tudo muito bom, até ele se tornar possessivo.

Reclamava do que eu vestia, com quem eu andava, chegou a ter ciúmes até de minha amiga.

Mas com a chegada de Will, as coisas pioraram, ele dizia vez ou outra: "é ele ou eu, não quero saber de você andando com esse seu amiguinho não" 

Eu ignorava, empurrava com a barriga, escondia a verdade de todos, até que um dia, ele levantou a mão para mim e bateu em meu rosto...aquilo foi o que me fez tomar uma decisão.

"Nunca mais ouse olhar em minha cara, Acabou!" foram minhas palavras.

Ele não tentou me impedir naquele momento, me deixou ir, mas tentou me contatar diversas vezes, eu fugia, o evitava.

O que ele fez havia feito, tinha sido o cúmulo, mas decidir não contar a ninguém, decidir manter em segredo.

Logo o esqueci e segui com minha vida.

- ANNE - Pedro gritava.

Levanto a cabeça lentamente, eu não conseguia ver, mas podia imaginar o olhar psicopata que pairava em meu rosto.

Levanto-me devagar e ainda sem dizer uma palavra,me preparo e dou um chute no meio de suas pernas.

Posso ver o olhar de surpresa em seu rosto, ele geme de dor,  e aquilo foi delicioso.

- sua vagabunda - ele diz entre suspiros.

Me afasto, e digo:

- seu babaca possessivo, achou que podia me enganar com esse papinho bobo de "eu ainda te amo" haha seu babaca, eu lembrei de tudo!

Ele se vira em minha direção, aparentemente recuperado.

E abre um amplo sorriso... Um sorriso digno de um psicopata.

Dar alguns passos e fica a um metro de mim.

- você não entende? Você é minha garota! E se não é nessa vida, vai ser em outra.

Ele pula em minha direção e eu desvio, corro para a cozinha e pego a faca sob a mesa.

Ele rir.

- acha que vai me matar com uma faquinha dessas? - debocha.

Pego a faca, a posiciono, miro e a atiro.

- acho que você esqueceu que eu tenho uma ótima mira - sorrio, quando a faca se encaixa perfeitamente em sua perna direita, dificultando seus passos.

- não quero te matar, apenas torturar - digo, atirando outra faca na outra perna.

- VADIA - ele grita.

- é melhor você ter mais respeito comigo - digo, apontando para um ponto específico.

- não faça isso - ele suplica, quando ver que eu miro para o canto que havia chutado agora a pouco.

- ta faltando algo ai - rio histericamente, agora eu parecia a louca.

- por favor - ele sussurra.

Avalio o de cima a baixo.

- desculpe me, súplicas não são o suficiente.

E atiro então a terceira faca...o sangue jorra e o grito ecoa lindamente.

***

Mãe chega logo depois daquele ocorrido, desesperada ela pergunta o que houve, quando me ver rindo enquanto Pedro paira no chão, desmaiado.

A ambulância logo o leva,e a polícia vem para averiguar a situação.

Toda a verdade é contada aquela noite, mãe choraminga por eu ter lhe escondido a verdade.

A polícia fica do meu lado, afinal havia sido legítima defesa...bem,pelo menos as duas primeiras facas.

Mais tarde eu já me encontrava em casa, exausta, Will me encherá de perguntas e quase me mata por telefone por ter lhe escondido a verdade.

Alguns dias depois descobri que Pedro ia ser levado a tribunal, por agressão.

Tudo estava indo bem, recuperara minha memória, me vingará de Pedro e ele iria receber seu devido destino.

Agora só faltava uma coisa...

E exatamente as duas horas da tarde do terceiro sábado do mês de outubro de dois mil e dezesseis, eu bato persistente na porta da casa de Will.

- você por aqui? - ele diz sorrindo, que lindo sorriso, meu Deus.

O encaro, não sei por quanto tempo, o suficiente pra ele achar estranho.

- você tá bem?

- sim sim - respondo.

- e porque ta me olhando assim?

Me aproximo mais... Até ficar a uns dois centímetros dele, observo sua reação, ele não se afasta e me encara com intensidade.

Duas respirações ofegantes, e nem fui eu que tomei qualquer ação...foi ele, que quebrou o espaço que nos separava e selou minha boca...com um doce beijo

Cristinyy
Enviado por Cristinyy em 15/10/2016
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