Pra Quem Não Sabe Amar

Eu me vi deitada nos braços dele dentro daquela barraca velha, me perguntando qual foi a última vez que tinha me sentido tão feliz assim.

- "Quanta estrela, que lugar lindo!" - eu comentei. Ele sorriu e respondeu:

- "É porque você bebeu demais e ta vendo tudo em dobro!"

Quem sabe. Eu não me importava. Naquele momento nada me importava. Enrosquei meus dedos entre seus cabelos enrolados e senti o cheiro do seu perfume. Quanto tempo demoraria pra que eu o sentisse novamente?

Ele acendeu um cigarro e me passou. Aquele foi o melhor cigarro que já fumei na vida. Era o mais barato, mas não era por isso: foi o melhor cigarro porque ele estava ali do meu lado.

Naquele momento, deixei que o poeta falasse por mim. Coloquei Cazuza pra tocar no celular e fiquei ali, deitada ao lado dele.

- "Cazuza?" - ele sorriu.

A letra dela caiu como uma luva: "pra quem não sabe amar... Fica esperando alguém que caiba no seu sonho...". Ele virou-se pra mim e perguntou:

- "Você sabe amar?"

Eu congelei. Se não sabia, o que era aquilo que sentia ao lado dele? Demorei um tempo para respondê-lo. Era incrível como ele era a única pessoa que conseguia fazer com que eu sentisse que nunca era o suficiente. Cada pergunta devia ser respondida friamente calculada. Uma resposta errada e talvez ele me achasse idiota e perdesse o interesse.

- "Eu não sei se sei. E você?"

Ele sorriu daquele jeito sexy que só ele sabia fazer. Abraçou-me e me deu um beijo na testa.

- "Eu sei".

Foi quando eu entendi que amar e saber fazê-lo, eram coisas totalmente distintas. Eu o amava mas não sabia amar. Ele sabia como amar, mas infelizmente, nunca me amou.