Noite Maravilhosa

A noite vem vindo, eu saio do carro, entro na varanda e de leve toco a campainha, alguém do outro lado vem e abre à porta. Em um som grave forte convida-me para entrar. É o seu pai. Ainda com voz entoada diz: sente-se. Uma voz forte que intimida qualquer pessoa, parece um trovão no nascente quando começa as chuvas em dezembro. Bem lembrado, um trovão que logo anuncia sua chegada, fazendo seu papel de janeiro. Eloisa vem já! Está a se arrumar. Em um meio sorriso eu disse que esperava. E logo começou a chuva de imaginação de como sairia Eloisa do quarto.

O cenário era propício para minha imaginação. Na sala tinha uma escada que levava aos quartos do andar de cima. Tive várias cenas de Eloisa descendo aquela escada, até fui levado ao ano de 1912, nada menos que ao mais famoso transatlântico do mundo, o Titanic, lembrou-me daquela escadaria de marfim com um relógio ladeado por querubins também de marfim, Ela vinha linda, em um vestido de gala decotado, cabelos feitos à moda grega, os lábios coloridos com um batom rosáceo, chamativos. Fiquei parado, sem palavras, pena ter afundado no oceano Atlântico da minha imaginação. Seu pai acordou-me oferecendo um refresco, agradeci, pois queria Ela, pois era para tê-la que estava naquela poltrona sentado em frente à escada que logo me traria a minha amada. Seu pai voltou para a cozinha guardar a bebida.

Nesse instante baixei a cabeça, não como Adão que esperava sua Eva ser feita, a minha já estava feita, isso ao menos era uma vantagem minha de Adão. Fiquei pensando o que dizer para ela quando saísse do quarto, chegando de leve naquela escada. Minha ansiedade aumentou, pois, era já um tempinho que esperava naquela sala. Aqui Adão e eu ficamos empates, na espera, mas logo ouvi passos lentos vindos do andar de cima, um som compassado de passos dados com firmeza e decididos. Finalmente era ela.

Eloisa, uma mulher de gestos delicados, cabelos longos, para os seus olhos não tenho uma definição nítida, mas eles me cativaram. Professora na universidade de Juiz de Fora - MG onde nos conhecemos, no departamento de Ciências Biológicas, e eu professor no departamento de Língua e Literatura Latina. Embora de áreas diferentes, nós partilhamos um gosto comum, a literatura. Essa foi nossa primeira conversa. A literatura sempre foi nosso tema, mas depois mudamos e começamos a falar de outros assuntos, amor, por exemplo, mas isso já tem e de sobra na literatura.

Ela terminou de descer a escada, seu perfume doce chegava antes que ela, mas eu não tive reação para nada. A não ser admirar e desejar aquela mulher. Queria minha carne fundida na dela, igual ao ferro no manganês, e assim nos tornássemos uma liga metálica de amor, unicamente amor, que formássemos um só corpo e só espírito, prefácio e fim da vontade de duas almas apaixonadas uma pela outra. Logo fui acordado desse êxtase sacro-carnal. Ela estava em minha frente, apenas um abraço nos distanciava um do outro, mas ele logo foi manifestado, lá estava eu refém daquele ser maravilhoso, creio que ouve festa em todas as demissões do universo. O beijo dela é uma emoção indescritível, quando meus lábios tocaram os dela, um turbilhão de sentimento despontou na minha alma.

Ela chamou o pai que estava na cozinha para dizer que já íamos saindo, o mesmo confirmou que sim. Quando saímos da varanda, descemos à calçada, senti aquela puxada para um abraço, ali no meio da noite, as estrelas brilhando em nós, a vejo sorrindo e ouço a sua voz suave e leve me perguntando se gostava dela assim do jeito que estava, respondi que sim. Toda linda só para mim. Ela sorriu feliz, entramos no carro e saímos pelas ruas de Juiz de Fora.

Chegamos no meio da festa, quando entramos começaram a flertar Eloisa, mas ela me abraça e diz no meu ouvido que só me ver. Olhei nos olhos dela e vi que era paixão. Ela me abraçou forte, pousou a cabeça no meu peito, senti sua respiração ofegante, mas depois aos poucos foi ficando tranquila. Com ela, eu me sentia seguro, nada me preocupava, só pensava em viver com ela o resto dos nossos dias. Imaginei pedi em casamento ela. Era cedo pensei, mas logo fui acordando de mais um êxtase, com as luzes apagando a festa acabou.

Voltamos ao carro, antes de entrar beijamo-nos. Foram intensos, apaixonantes e provocativos os nossos beijos, as estrelas e as luzes da cidade vigiavam nossa alucinação de namorados apaixonados. Sobre o banco do carro fazemos amor, Ela me abraçou tremia de paixão, respirei fundo e mergulhei naquela paixão. O seu sorriso me diz que fomos felizes. Maravilhosa! Essa noite o amor me fez o homem mais feliz, no meu silêncio digo que a amo.

Tito Livius

Lívio Pereira
Enviado por Lívio Pereira em 24/11/2016
Reeditado em 28/11/2016
Código do texto: T5832925
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