A garota que conheceu Deus na praia

– Judite!! – gritou a mãe já estressada com a procrastinação da filha, com as mãos ocupadas frente a um tanque de lavar roupas velho a mulher já carcomida pelo tempo, de olheiras negras e fundas, cabelo esparso e despenteado, seios quase tão caídos como sua autoestima de viúva de quem não se arruma mais para ninguém, ela estava ocupada, como única autoridade na velha casa de taipa, esperava e pensava ela que sua filha, a única coisa de valor para ela deixada pelo marido, tinha de estar de prontidão no primeiro grito... já era o terceiro.

– Juditeee!! – e lá se foi o quarto...

– Sim, mamãe... – respondeu uma menina assustada enxugando as mãos no pano de um vestido longo e velho, dengosa e aflita, suspirava já que tinha corrido em direção aos gritos por seu nome, algum nervosismo também lhe trazia certo desespero, ela conhecia sua mãe, autoritária, impassível, intransigente, e temia o que poderia acontecer se a paciência desta criatura se fosse.

– Já te chamo há tempo, Judite! Tu tá se fazendo de surda pra mim é minina?

– Não, mainha, desculpa. Eu não tinha ouvido, assim que vi que a senhora tava me chamando vim correndo.

– Tá.. Por essa passa! Eu quero que tu passe aquele meu vestido vermelho, hoje vou à festa da igreja e quero ir com ele... vai logo te embora...

– Tá certo mainha.

Assim que a ordem cessou deu de ombros a pequena mulata se foi, correu para o quarto da mãe, ligar o ferro e procurar o vestido vermelho, era uma menina magra, magra como alguém que não come muito, de longos cabelos cacheados, invejáveis em certo sentido, como de quem que apesar da inocência da idade tem muita preocupação em se cuidar, na pele morena várias marcas de quem é danada, de quem gosta de sorrir, brincar e pular. Era uma menina que apesar dos apesares era feliz e sorridente, meiga e brincalhona, nenhum momento para ela era ruim, ainda que estivesse chorando, só perante a sua mãe que o mundo perdia um pouco a cor, mas no fundo do pequeno seio havia um coração gigante onde até para sua mãe ranzinza havia amor e carinho.

Certa tarde brincando sozinha distraída com uma mariposa a menina entrou na mata, se perdeu da trilha, e cada vez que tentava se orientar mais se perdia, até que entrou tanto floresta à dentro que foi parar na praia. As paisagens deixavam a menina de sete anos apaixonada, as folhas de verde vivo, os cipós retorcidos pendurados nos galhos grandes, os caules anciões, as raízes enoveladas pelo caminho, ela fechava os olhos para poder ouvir o som do vento, o canto dos pássaros e o roçar das folhas, podia sentir a natureza ao seu redor viva e reagindo ao mundo, o som do mar e a quebra das ondas, então, por alguns minutos frente aos seus olhos de inocência pura lhe deixaram atonitamente sem fôlego, paralisada, os grandes algodões brancos, o azul claro que se casava com o azul escuro na linha do horizonte, a areia quente e confortável que aninhava seus pés, o movimento da grama na encosta, a frieza de um grande rochedo que lhe dava sombra, tudo lhe era tão maravilhoso que apesar de perdida ela não conseguia sentir nenhum desespero, ali ela se sentia segura, como que se alguém estivesse cuidando da sua proteção, e no sentido íntimo da palavra ela não estava errada.

O sol foi caindo e a menina adormecendo no chão da gruta onde tinha se enfiado, o vento soprou, soprou e soprou, quando soprou mais uma vez a garotinha já tinha caído no sono, e num último sopro – mais petulante por sinal – a coitada acordou. Abriu os olhinhos aos poucos. Depois de dormir é normal se sentir diferente, estar com um tanto de desorientação, mas ela, além disso, estava tomada por uma sensação estranha e gostosa, ela se sentia preenchida, não tinha sonhado com nada importante, a tarde ainda era tarde, porém, ela ali numa gruta de frente para o mar, sozinha, se sentia tão completa como que se um grande Espírito a abraçasse, criança, inocente, não sabia ao certo o que sentia, enquanto não sabia ela sentia mais, despreocupada em se traduzir, liberta de se culpar, se entregava à sensação, aos poucos, e cada vez mais intensamente, mergulhou na atmosfera de completude, até que a voz de um homem vindo de lá da praia lhe tomou a atenção.

– Judite? – era um chamado calmo, brando, carinhoso, que por um momento lembrou-a da mãe porque não havia ninguém mais no mundo que falava mais essa palavra “Judite”, porém, ela, assim que viu o rosto do barbudo que lhe chamara, ou seja, um segundo depois, esqueceu-se da imagem da mãe, curiosa tinha que ver que lhe tinha chamado. Era um homem imponente. Talvez com aparência de trinta e três anos, não tanto, nem pouco, a menina não analisou fisicamente como o homem era, isso não lhe importava, a única coisa que lhe chamou a atenção foram seus dois olhos grandes e negros e os cachos longos do cabelo dele que pareciam muitos com os seus.

– Oi? O senhor me chamou?

– Sim, Judite, chamei. – respondeu o homem sorrindo mansa e calmamente.

– Como o senhor sabe meu nome? O senhor me conhece, é?

– Sim. Eu conheço todo mundo.

– É? Nossa! Que legal! Quem é o senhor pra conhecer todo mundo?

– Quem eu sou? – perguntou o homem enfiando os dedos longos por entres os cachos e coçando a cabeça – Bem, eu sou aquele que criou isso tudo que você está vendo.

– O senhor criou isso tudo?!

– Sim, criei.

A menina, então, sentiu algum grão de areia lhe entrando nos olhos e piscou. Quando piscou, porém, subitamente viajou no tempo dez anos à frente, e se deparou consigo mesma ao lado do mesmo mar, na mesma posição em que estava antes, no entanto, estava dessa vez, então, sozinha, verdadeiramente sozinha, sensitivamente sozinha, não havia barbudo de cabelos cacheados nenhum à sua frente, ou à sua esquerda, ou à sua direita, na verdade, toda esta história lhe era uma memória, guardada em algum recôndito átrio dos seus minuciosos segredos, uma memória que despertou-se sem ela saber que a tinha, foi surpresa, mas foi surpresa boa, com o mesmo sorriso de criança boba tornou a piscar os olhos e tornou a viajar dez anos no tempo... Lá estava ela, de novo com sete anos de frente ao homem de cabelos cacheados que tinha criado tudo.

– Senhor? Qual é o seu nome?

– Meu nome? Chame-me de God.

– Gódi?

– É... Gódi.

¬– Senhor Gódi, eu estou perdida, tenho que voltar pra casa antes que minha mãe se aborreça, o senhor me ajuda a voltar?

– Claro! Na verdade eu vim aqui só pra te ajudar a ir pra casa.

– Foi?

– Sim. E quero aproveitar pra te mostrar uma coisa.

– Me mostrar uma coisa? O quê? Me mostra!

– Tá. Vem comigo. – disse o barbudo estendendo a mão, a menina o encarando firmemente, sentindo confiança, caminhou em sua direção, e com sua mão pequena e moreninha apertou a mão grande dele. Assim que apertou, ele olhou para frente apontou e disse:

– Olha!

A menina distraída ainda olhando para o homem – finalmente sua barba lhe tinha chamado atenção – se deixou levar, olhou para o dedo indicador apontado e depois olhou pra frente, cerrou os olhinhos rapidamente e respondeu:

– Olhar o quê?

– O mar.

De novo, seus olhos piscaram, a garota tornou a viajar no tempo, viajou, então, doze anos no tempo à sua frente, se encontrou na mesma praia, agora sentada na gruta que tinha dormido, os olhos rápidos e espertos encaravam o mar, mas, nas cochas que tinham engrossado no tempo, na pele desnuda e apoiada com uma das mãos estava um caderno e uma caneta, a garota era poeta, estava buscando inspiração para criar uma poesia, ou um conto, ou alguma coisa que lhe viesse daquele naquele lugar. No caderno velhinho todo rabiscado na página branca só havia uma frase, um título, e lá estava escrito com uma letra redonda e dedicada “O mar, o amor, a menina”.

Ela piscou os olhos e voltou no tempo.

– Meninas. – disse Ele inclinando o pescoço pra frente.

– Hãn?

– Você se lembra das suas amiguinhas, das outras meninas?

– Lembro. O que tem elas?

Antes que o homem respondesse uma lágrima caiu-lhe dos olhos, era uma lágrima sofrida de quem pensa muito com o coração, era uma lágrima de fofura, um pedaço de alma derretido, uma lágrima que assim como piscadela tinha poder de viajar no tempo, mas com lágrimas as memórias já viajavam mais diferentemente, eram mais pesadas, mais sôfregas, mais bonitas, a menina voltou a ter dezenove anos, voltou a estar na praia com o caderno e a caneta pensando na sua poesia para escrever. Seu coração estava apertado porque dois dias atrás ela tinha assistido um documentário sobre crianças pobres pelo mundo, o realismo do documentário tinha lhe ferido, lhe magoado profundamente, as imagens de estupro e pedofilia eram as piores, logo após vinham as imagens de meninas desnutridas, mais lágrimas caíram dos olhos, a poeta começou a soluçar chorando e intercedendo pelo mundo, as imagens vieram nos soluços como turbilhão. Como fugir desses recortes mentais de bebezinhas africanas chorando? Como fugir das costelas à mostra de crianças de rua catando lixo nas periferias dos países subdesenvolvidos? Como fugir dos olhos grandes e tímidos das crianças que forçosamente eram estupradas em troca de alimento pelo mundo afora?

– Deus... – cochichou ela – Eu não passo de uma criança que cresceu...

O vento soprou mais uma vez.

– Em que sou diferente dessas menininhas que sofrem no mundo, Pai?

E o vento soprou. Com a mão direita trêmula, o olhar ainda embaçado e um pouco doído a poeta pegou a caneta e começou a encarar o mar, lembrando-se da época em que tinha sete anos, lembrando das outras meninas do mundo inteiro, pôs-se a escrever. E assim de súbito uma estrofe lhe saiu, na dor como uma menina que nasce de um parto claro, entretanto com o choro um pouco mais silencioso. A estrofe de quatro versos dizia:

“Arde Meus Olhos Ríspidos

À minha oblação recaída

Amor: Minha orquestra rica

Amar: Sem rima, com dor, minha aflição de pobre”

Uau! Que estrofe, hein! Sua mão gelada, então, soltou a caneta, e enfiou-se na cara, quando lhe veio ela naturalmente fechou os olhos. Por que fez isso? Resultado: Viajou no tempo de novo. Voltou dois anos para a mesma praia onde se sentia sozinha e vazia.

A garota na praia caminhava sozinha para direção nenhuma. Algo lhe doía no coração, algo lhe comovia por dentro, era como se fosse um vazio cheio de espinhos, ou como se fosse um espinho vazio. Seus olhos palpitavam apesar de ainda não ter chorado, a mão segurando o pedaço do vestido na frente do coração, então, devia significar alguma coisa, a caminhada era contumaz, a dor era óbvia. O que lhe podia lhe causar dor ali no meio da praia de memórias tão boas? Teria ido ela para lá para se sentir melhor??

– Deus, eu pequei! Perdoe-me! – suplicou ela subitamente num grito inesperado – Não me suporto me sentir assim, sozinha, desamparada, sinto como se meus sonhos tivessem desabado assim como desabei no meu erro. Ah... Pai, me perdoe, me perdoe, em nome de Jesus, me perdoe! Eu não quero errar! Eu não quero ficar longe do Senhor! Pegue na minha mão, de novo! Deus, me ajude!!!

Sua voz ecoou na praia – que mistério! – mas o eco sonoro em ondas mudou o espaço-tempo, acabou que ela foi levada de novo nas asas da cronologia. Voltou, então, dez anos, voltou a ser criança, voltou para o momento em que o homem barbudo apertou sua mão.

– Judite? Está aí? – disse o homem encarando a menina.

– Han? Han? Oi. Estou.

– Estranho. Você parece distraída, até parece que está viajando...

– O que tem o mar? – interrompeu ela.

– Vou te contar um segredo.

– Que segredo?

– Escuta: Se lembra que eu disse que criei tudo?

– Sim.

– Então, quando eu criei o mar, na verdade eu criei um mar como mulher.

– Han? – surpreendeu-se ela arregalando os olhos – O mar é uma mulher?

– É sim. Incrível não é?

– É incrível mesmo. Muito incrível.

– O mar é feminino porque é feito de água. – disse o homem.

– Entendi.

A menina, então, ainda de mãos dadas, começou a encarar o mar e se distraiu profundamente, foi novamente levada pela paisagem, seus olhos começaram a encarar tudo, a água azul, o som das ondas, as próprias ondas, saber que o mar era uma mulher para ela foi uma coisa revolucionária, sua mente de criança mal podia processar tanta euforia, a menina distraiu-se tanto que quase teve uma epifania, literalmente esqueceu-se de tudo, até do homem ao seu lado ela se esqueceu, ela se perdeu nos próprios e inocentes pensamentos, inevitavelmente sua habilidade foi atingida com tanta concentração, e as asas do seu pensamento abstrato a lhe fez viajar no tempo mais uma vez, ela andou doze anos, e voltou a ser a poeta que está se lembrando dessa história toda com lágrimas nos olhos.

A poeta ainda estava no embalo de seu eu criança, tinha se perdido com a imagem do mar, saindo da memória começou a viver o instante presente.

– O mar é uma mulher... – sussurrou ela com comedimento, os olhos lacrimejavam, a sua respiração era acelerada.

A inspiração saltitava dentro dela como uma gazela em perigo, pulsava tão rápido como as batidas do seu coração, epifanicamente a garota pôs-se a escrever, e divinamente continuou a sua poesia:

“Cheio de água o mar é uma mulher

Uma mulher que sabe amar,

Uma menina completa amada a se doar

A um cavalheiro chamado céu, azul como o mar”

O mar para a garota era uma mulher entregue ao céu, num beijo eterno e apaixonado. Inspirada continuou a rabiscar seu caderno, frases lhe saíram, porém, não lhe agradaram, até que rabiscos vão, rabiscos vêm, algo do seu agrado saiu, e dizia mais ou menos o seguinte:

“Se o mar é uma mulher

O artigo feminino deveria lhe chamar

Deveriam, então, os homens dizer: ‘Avistei a mar’

E aí, talvez, seguindo o exemplo do céu, aprendessem a amar”

Seguiu-se as estrofes:

“Amar, em movimento, como ondas,

Amar, como o céu, que vai até a Marte,

Amar como a mar que beijando o céu dirá

Em movimento: Vou amar-te.

A marca da doída menina, eu,

É amar cada doída menina do mundo

É desejar como esta mar deseja o céu

Que cada uma dessas sofridas sejam salvas

E assim, com o Autor do Amor, para sempre, morem no céu

Por isso a mar deseja o céu

Por isso amar é desejar o Céu.”

A poeta, então, suspirou profundamente, parecia que escrever tal arte lhe tinha tomado parte da sua existência, ainda chorando e com imagens de meninas sofrendo pelo mundo voltou a se lembrar da infância, fechou os olhos e de repente voltou a estar com sete anos ao lado do homem barbudo.

– Venha, quero te ensinar, umas coisas. – disse o homem.

– Tá bem. Para onde vamos?

– Para a mata, bobinha. Um dia você precisará das lições que hoje vou te dar, e como te amo já estou respondendo antes mesmo que perguntes.

O homem, então, segurando de forma firme, mas, carinhosa levou a menina para a mata e aos poucos lhe foi mostrando as rosas, as árvores, os animais, ele realmente aparentava ter criado tudo, ele sabia onde tudo estava, e sabia falar bem de tudo, se a contemplação silenciosa já tomava a menina, imagine a contemplação cheia de explicações do próprio autor! A menina amou cada detalhe, cada explicação, cada leva, a maneira com que o barbudo tocava as folhas, a delicadeza magistral, o carinhoso com que tocava as pétalas das flores, o toque fenomenal, a feliz mariposa que posou em seu dedo, coisa que nunca quis fazer com a menina, todas as imagens eram estonteantes para a pequena criança, sua felicidade transbordava, então, depois de uma longa caminhada cheia de explicações o homem finalmente apontou para uma direção e questionou:

– Reconhece isso?

– Hmmm... É um caminho?

– Sim. É o seu caminho de casa.

– Nossa! Obrigado, senhor, agora minha mãe não vai mais brigar comigo.

– Eu sei. Mas, antes de ir, quero que escute, e quero que escute com atenção.

– Tá bom.

– Sabe o que é um caminho, menina?

–...

– É um lugar de direções, de escolhas, é um local de problemas.

–...

– Mas, é um local onde você vai receber muitos presentes, também.

– Presentes?

– Sim.

– Que tipo de presente?

– Todos. Menos os que são perfeitos. Estes eu não vou te dar.

– Ué, por que não? Se o senhor criou isso tudo – disse apontando para a mata – poderia me dar presentes perfeitos.

– É verdade. Poderia. Mas, não vou dar.

– Poxa... Por quê?

– Você acha que merece, menina?

– Hmm... Acho... que não.

– Exato. Mas, nem é porque você não merece que não vou te dar, não dou presentes baseado em merecimento, dou presentes de acordo com o que será melhor para você.

– Presentes com defeitos são o melhor para mim?

– São. Sabe por quê?

A menina balançou a cabeça dizendo que “não”.

– Há tantos motivos que sua pequena consciência não pode conceber. Por exemplo, posso te dar um presente defeituoso para aperfeiçoar você. Não quero que se preocupe com as coisas perfeitas, nem quero que você sonhe com elas, não as espere, deixe que do perfeito cuido eu. Faça apenas do seu caminho, ainda que tenha pedras ou rosas, ainda que tenha acertos e erros, algo que seja humano. Não é necessário que você agrade todo mundo, aliás, se você fizer o que te digo para fazer, de fato, você não vai agradar todos, não queira e nem espere por isso.

– Não? Não devo agradar todo mundo? – questionou curiosa.

– Não! Caminhos que agradam todo mundo são caminhos de ilusões, um caminho onde as pessoas vão achar somente o que querem achar. Um caminho humano que me agrada é apenas equilibrado. Plante rosas nele, mas sempre fale a verdade ainda que doa tal qual os espinhos das rosas, porém, além da verdade é necessário que você tenha humanidade suficiente para sempre abraçar e poder consolar todos aqueles que passarem pelo seu caminho, consolar os que inclusive se ferirem nos espinhos das suas rosas. Sabe, então, qual será sua recompensa?

¬– Não. O quê?

– Sorrisos e olhares. Ainda que doa, ainda que chore, ainda que sofra, os sorrisos serão sempre para você como um bálsamo, o brilho do olhar, então, de outro humano será como um refrigério, amar os outros fará de você uma alegre por ver os outros na alegria.

– Nossa. Continue a metáfora, senhor. É tão bonito o senhor falando assim...

– Cada pessoa que passar pelo seu caminho ainda que depois desista dele, e inevitavelmente muitos desistirão, cada um que passar por ele deixará cair uma semente única, novas flores e novas árvores brotarão de acordo com cada nova pessoa que você conhecerá, e você é a responsável por cuidar desse jardim. Entendeu, mocinha?

– Sim.

– Última coisa: Quando se sentir sozinha ou desamparada nesse caminho, sentir que seus sonhos tenham ido embora por ter cometido algum erro, lembre-se: Eu te amo, e te perdôo de todos os pecados. Agora vá.

Subitamente o homem, então, fugiu dos olhos da menina, sumiu como se fosse um mágico, a menina simplesmente sorriu e foi correndo para casa. No mesmo instante ela viajou no tempo, a garota solitária da praia, então, sorriu, a garota poeta, então, ainda chorando também sorriu. Esta última ainda estava inspirada e precisava terminar o poema, essas foram as últimas estrofes:

“Não importa quão grande seja o amor,

Para todos que estão sob o céu há labor,

Até no amor entre o céu e a mar há brigas,

Brigas que ardidas no sal formam feridas.

O sal simboliza o defeito.

A tormenta é o amor desfeito.

O ato falho é o ato feito

Que faz do amor o presente para os imperfeitos.

Porém, sabendo que amar é como a maré

A maré é uma correnteza sem fim, logo...

Amar é uma correnteza sem fim.

Perante o amor não há tempestades que durem

Para sempre.”

E assim ainda mais subitamente o narrador desaparece... junto com a história.

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Leandro Santtos SM
Enviado por Leandro Santtos SM em 17/12/2016
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