Postremo

Ainda a pouco vou deixar de escutar os gritos de Fernanda Young nos meus ouvidos.

Por que me contentei com tão pouco? Eu olho tudo que quero, vejo ao meu redor todo o meu futuro, minhas conquistas, e me pergunto: "por que por tão pouco?" - e não haverá futuro, rapaz.

Eu olho suas fotos, e quase não entendo do por que te achava tão bonito. Eu olho pra você e vejo as mesmas pessoas tentando não descarrilhar do trem da atenção, da solidão de perder, do desejo de ser notado.

Há alguns meses atrás, no meu estado normal eu acharia patético. Mas eu não notava isso, eu não notava nada que não fosse você você você você você. Eu se quer notava o cheiro do óleo de peroba que os outros usavam para polir meus chifres de madeira reflorestada que você me deu, e que só eram polidos porque as outras pessoas utilizam-se dessas pequenas esmolas para favores futuros. E foi dessa forma que eu caí nesse mar de favores retribuídos, deixando que as pessoas polissem meus chifres de madeira podre num quadro de falsa luta ambiental no fim de Realengo. Palmas.

E então eu retomo meu lugar no mundo. Te vejo do meu lado no ônibus, na faixa de pedestre, na entrada do shopping, e então percebo que não eliminei meu cenário infantil de não saber o que eu deveria sentir ou fazer. E não pense que eu já não pensei sobre isso, por que eu até me questiono sobre isso todos os dias, e se existem duas pessoas dentro de mim - aquela que pensa e aquela que faz -, mas no final já são outras as fotos na parede do desespero.

E talvez você leia isso, ou não, mas eu aposto no vazio dos seus dias, e verdades.

Eu nem vejo mais o seu azul.

Alguns minutos atrás eu vi um vídeo seu nos meus arquivos onde eu te pedia um short, uma blusa e um suco. Você deitado sobre a sua poltrona, revestindo seu futuro mentiroso de um romance ideal. E deixando de enfrentar os seus pequenos problemas. Eu sei o quanto é fútil o modo como eu participava dessa relação, e eu verdadeiramente não espero ver outra foto sua no próximo carnaval, onde você reproduza a onda de um artista morto que passa nas telas de televisão de todo o mundo.

Eu não me importo mais.

Eu abraço o presente sem medo de dizer a verdade, olho nos olhos dele e escuto a voz dele dizendo que sente minha falta quando eu viajo e que quando pensa em mim consegue ver meu "rostinho" dizendo algo que se diz em mensagens de amor.

Parabéns para mim.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 27/12/2016
Reeditado em 27/12/2016
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