O homem versátil...

Certo homem de meia idade, boa aparência, possuía uma lábia que convencia a quem cruzasse o seu caminho. Cheio de argumentos e muito comunicativo tinha muitas amigas. Era casado há anos, aparentemente realizado, mas dentro de si constantemente sentia-se sozinho. É como se a sua alma buscasse refúgio e acalento. Em seu íntimo era apenas um menino que precisava de colo... Uma de suas amigas, a mais próxima talvez, vai saber? “Eram tantas” - O observava há algum tempo... Também era casada. Ambos eram encantados um pelo outro, chegaram a até trocar algumas confissões quanto a isso, porém sabiam da responsabilidade que cada um possuía. – “Era mais prudente guardar a sete chaves e ser apenas bons amigos”... Ambos eram escritores - E como todo escritor, através das letras descrevia o que gritava dentro de si. Ela lia todos os seus textos e através deles o conhecia melhor. Ele tinha um espírito aventureiro, era admirador de mulheres, para ele todas possuíam uma beleza própria e o encantava isso - nisso, ele até tinha razão. No fundo, para ela - ele ainda não conhecera o verdadeiro amor. Será? Era medroso, porque sabia que esse sentimento é caro demais! Ela era muito mais corajosa que ele imaginava, até mesmo mais do que ele... Por mais que tentasse entendê-lo tinha suas dúvidas: Ele amava a esposa – pelo menos parecia – vai saber?... Como poderia procurar por outras? Isso, talvez, ela nunca o entenderia. Mas, não diminuía a admiração que tinha por ele. Suas semelhanças e diferenças não mudariam em nada. Romântica, acreditava no amor pleno, completo, verdadeiro, livre... Ele ficava incomodado com ela, apesar de respeitá-la muito! Na verdade, eles carregavam dentro de si algo em comum: O desejo de ter um ao outro, isso nunca mudara. E talvez, nunca mudaria... Ela fugia de seus encantos e galanteios, sabia como ele era bom nisso! Enquanto pudesse se esquivaria, sem medir esforços. Ele sumia de vez em quando – talvez ensaiasse o esquecimento... Ela sofria a sua falta, a saudade a sufocava. Seguia em frente, sem deixar abalar-se. “Em seus sonhos mais íntimos o queria tanto quanto ele”... Um querer desmedido, insano que guardava no silêncio de si... Desejava a sua boca com sede, seu corpo com devoção! Talvez se perdessem no tempo, talvez se amassem ao menos uma única vez... Vai saber? O tempo para eles poderia ser um grande amigo ou o seu pior inimigo. Por hora, mantinham-se equilibrados em uma amizade sólida - ou melhor, colorida? ...Os estimulavam, e dava fôlego de vida para os dois - Ahh, e o porquê que ele era considerado versátil, por ela? Bom... Em sua imaginação, o via da seguinte forma: Era um aventureiro, que amava os prazeres do sexo, queria degustar e apreciar as mulheres como um bom vinho – não era cafajeste. Era um homem muito sensível, acreditava que as mulheres fiéis a si mesmas não perderiam tempo em entregar-se aos seus desejos... – Talvez, ele tenha mais uma vez, total razão. Ou não? O romantismo gritava nela... O que importa de fato, é que tinha razão em uma coisa: Até onde o conhecia, sabia que ele não pertencia à mulher nenhuma. Nem a que ele dizia amar, nem a que o encantava e nem a nenhuma outra... Quem sabe um dia, encontraria alguém que o fizesse mudar completamente a sua forma de pensar? Tirasse o chão e todos os seus “achismos” sobre o amor e o sexo, que em sua plenitude se torna apenas um, em desejo, querer e entrega total – Segundo suas teorias a priori. O fizesse entender e sentir o que nunca viveu até então...

" Nas incertezas que o vento trás, leva um pouco de nós quando se vai... talvez já estejam condenados."

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Intensidade
Enviado por Intensidade em 24/01/2017
Reeditado em 25/01/2017
Código do texto: T5891040
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