Valente
Valente seguia o seu caminho. Seguia dançando junto com os seus amigos. Eles o seguiam também, dançando. Um gato, um cachorro, um bode, uma vaca e um galo.
— Avante, trupe ligeira! Avante porque a bruxa está sempre a solta!
Correu pelos seus caminhos, o Valente era um líder nato, guerreiro, sempre procurando defender todos a sua volta.
— Avante, brigada ligeira, brigada sem par! Vamos, vamos avante, temos que conquistar o mapa do mundo.
Queria o mapa do mundo. A bruxa também o queria, queria saber de todas as coisas, as coisas mais incognoscíveis da humanidade.
O Valente era um guerreiro sem par, quando surgia uma oportunidade de perigo ia para cima sem medo. Surgiu uma oportunidade de perigo, e o valente saiu correndo para se enfiar no primeiro arbusto que encontrou.
— Saia, mestre Valente. — o gato e o cachorro resolveram o perigo. — Saia porque o perigo não existe.
Quando percebeu que o perigo não mais existia, saiu e gritou para todos os seus súditos:
— Avante, brigada guerreira! Avante! Temos que conquistar o mapa do mundo!
Quando via uma donzela em perigo ia para cima do carrasco, dando-lhe pontapés sem medidas. Imaginou isso uma vez enquanto descansava do seu muito caminhar. Uma donzela em perigo apareceu, e o valente subiu na primeira árvore que encontrou. “perigo! perigo é perigoso”, gritou para os seus súditos.
— Desça, mestre Valente. — o bode e a vaca salvaram a donzela em perigo. — Desça, mestre Valente.
O Valente desceu, e voltou a dançar. Todos que o seguia também andavam pulando, todos andavam junto com o ser mais valente que existe.
— Avante, brigada devota! Avante! Avante porque a bruxa está sempre a solta, avante porque temos que conquistar o mapa do mundo.
— Eu tenho o mapa do mundo. — disse o galo.
— Dai-me para cá. Isso! Este é o mapa do mundo! Agora eu poderei finalmente conquistar o amor.
E voltaram a andar dando pulos na vida. Passaram juntos por coisas das mais embaraçosas, que não merecem ser mencionadas devido a sua baixeza. Porém, sempre passaram com destreza e falibilidade. O Valente tinha o mapa do mundo em suas mãos, agora poderia conquistar o impossível, poderia conquistar o seu amor.
— Avante, brigada ligeira! Avante! Agora que tenho o mapa do mundo em minhas mãos poderei conquistar o meu amor.
Quando o seu amor apareceu, o Valente se escondeu nas gorduras da vaca. Trouxe todos os outros para a sua frente.
— Lá está ela, mestre Valente. Agora o senhor tem o mapa do mundo em suas mãos, vá até ela e a conquiste.
— Dá-me uma rolha para que pares de falar tantas besteiras, moço. Não vês que ela é um ser angelical?
— Mas que história é essa de anjo, meu amo? Tudo o que vejo é uma moça bem formosa.
A moça sumiu, e eles voltaram a andar. De repente, surgiu uma bruxa voando por sobre as suas cabeças.
— Valente! — disse ela.
— O que queres de mim, ser mentecapto?
— Até quando serás um covarde? Até quando fugirá das suas responsabilidades? Você ama uma moça, então diga isso para ela. Dane-se o mapa do mundo, dane-se tudo. Vá até ela, e fale tudo o que sente, seja valente.
— Até quando, bruxa feia, me atormentarás? Ela é um ser angelical, nada posso fazer para não ser repelido diante da sua presença.
— Qualquer ideia que você colocar nessa cabeça oca se torna realidade se você quiser. Então, finja que é corajoso, finja que é valente e vá até ela.
— Não posso.
— Mas vai. — a bruxa feia fez um feitiço que trouxe o amor do Valente à tona. Ela surgiu como uma verdadeira princesa. Parecia confusa com tudo, analisou a situação, se situando. — Escute, minha filha, aquele homem ali tem algumas coisas para lhe dizer. Vamos, seu covarde, diga de uma vez!
— Vá, mestre Valente. — disse os animais.
— Vai, covarde. — disse a bruxa feia.
— Vai. — disse a princesa.
— É... É... Que... Que... É que eu aprecio muito a sua beleza. — disse. Ela sorriu.
— Obrigada. Você gostaria de seguir a estrada até em casa?
— É... Claro. — respondeu. Os dois saíram juntos pela estrada afora.
— Estão vendo — disse a bruxa feia. —, qualquer um pode deixar de ser um covarde, e se tornar igual a ele, um valente.
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