Saudade saudável

A gente não se liga. Não se procura. Não procuramos saber como estamos. Como vamos indo. Mas não há rancor. Não há sofrimento algum nessas palavras. Porque você, uma exceção, foi algo bom. Uma surpresa boa. Dessas que torcemos para que aconteçam, mas não acreditamos que um dia teremos essa sorte. Você surgiu do nada, e desapareceu da mesma forma. De repente. Atraente. Entorpecente. Me fez se sentir sortuda por despertar sua atenção, quando já havia despertado a minha também. Você é aquele tipo de pessoa que eu cuido de longe. Encaro de longe. Observo. Tendo certeza de que não passará disso, afinal, não creio ser o tipo de pessoa com quem isso acontece. Costumo passar despercebida, sem ser notada. Não tenho a sorte de ser correspondida. Então veio você e mostrou que é diferente. Que, às vezes, a minoria azarada também vence. Foi bom te procurar, não te encontrar e, ao virar, te ver do meu lado. Foi bom ter seus olhos me fitando. Foi bom ver teu sorriso se dirigindo a mim. Foi bom receber sua atenção. Saber que fui a escolhida. Saber que, mesmo que apenas por algumas horas, fui correspondida. E era só disso que eu precisava. Era só isso mesmo que eu queria. Você me fez acreditar que surpresas boas acontecem, sim. Não vou esquecer da sensação de segurar tua mão. Nem da sua voz. Menos ainda do teu sorriso, ou do som da tua risada. E é tão bom sentir uma saudade que não dói. Uma saudade boa. Saudável. Um sentimento confortável, quando não queremos sentir tudo novamente ou reviver o que já passou. Somos apenas simplesmente e para sempre gratos por termos vivido. Sem que isso pese. Sem mágoa alguma.

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