Desafogo das palavras que sufocam

Eu te odeio. Eu odeio o Esteban também. Eu odeio “muda”, uma das músicas dele. Eu te odeio pelo simples fato de ter me feito ouvi-la. Por quê?

“Escuta essa música, sou eu cantando para ti.”

Por que ela? Eu te destruí tanto assim? Eu te fiz tanto mal? Eu te odeio, garota! Eu te odeio porque você foi embora. Por que não ficou? Eu queria que tivesse ficado mesmo eu tendo feito você partir. Tudo bem, eu sou um tremendo idiota, mas eu queria que tivesse ficado. Porra, mesmo que a gente nunca tivesse sido um casal, eu gostava de ti. Não me culpe por nunca ter te amado, eu nunca amei ninguém. Eu só amei a mim mesmo, mas eu gostava de ti. Eu gostava porque você cuidava de mim e eu tentava cuidar de ti.

Desculpa, sou um monstro, eu sei, mas tu tinhas realmente que ir? Era para ter ficado, continuado me ajudando com meus textos, com a minha vida. Depois que foi embora, minhas histórias ficaram bagunçadas, repetitivas, monótonas. Depois de você, ninguém me deu motivo para voltar a escrever. Eu ainda lembro da nossa última vez. A piscina gelada, o céu estrelado, o clima frio, os corpos quentes. Os teus braços entrelaçados no meu pescoço, minhas mãos fixadas na tua cintura, teus olhos sobre os meus, tua boca próxima da minha sem se tocar. Nossa respiração se misturando, nosso olhar estático, tua voz próxima ao meu ouvido. Saímos de lá e fomos nos esfriar com a toalha para entrar. Cada um para o seu quarto, vestir suas roupas, passar seus perfumes. Você foi até meu quarto e me chamou para ir ao seu. Fomos e fizemos daquela noite, a última. Os corpos quentes esquentaram mais o ambiente abafado. O nosso suor se espalhou e marcou uma parte da tua cama. Da sua boca, saiam os palavrões em forma de amor e eu retribua com muito prazer. Eu não queria que aquele momento acabasse, assim como você, pelo simples fato de ser a última vez que aquilo fosse acontecer. Eu nunca mais teria teu corpo sobre o meu, tua boca na minha, tuas mãos em mim. Eu nunca mais te teria e por isso, eu vivo com saudade.

Um dia desses, fui atrás de falar contigo por uma das redes sociais e me deparei com algo surpreendente: você me bloqueou. Por quê? Eu sabia que você já estava namorando e que o cara possuía de ciúmes de mim, mas eu não ficava te incomodando, mandando mensagem o tempo inteiro, ligando. Não, eu não fazia nada disso. Eu falava para saber como você estava e se podia me ajudar com as coisas que eu escrevia, me dar uma opinião honesta, me ajudar. Mas, em um desses dias, você tinha sumido. A consequência disso foi que, após saber o que você tinha feito, eu escutei a música que tinha me indicado. Eu estou viciado nela, garota! Eu a escuto o dia inteiro repetidamente e em todas as vezes, eu lembro de você. Enquanto estou no ônibus, malhando, comendo, tomando banho, andando pela rua. Em todos os momentos, eu me lembro de você. Eu me lembro o quão monstruoso fui contigo. Mas eu também sei que eu sempre fui honesto com você e você sempre dizia saber o que estava fazendo. No entanto, eu te pergunto: foi necessário? Tipo, sumir da minha vida, me excluir de tudo? Foi o suficiente para você voltar a se sentir bem? Talvez eu nunca tenha resposta para essa pergunta por que eu sei que provavelmente você não lerá esse texto, mas a pergunta fica no ar.

“Preciso te lembrar como tu era no inicio, era um vício difícil de deixar.” Então, tu já me deixou fisicamente, mas e na tua mente, no teu coração, eu sumi ou não?

Jarbas S
Enviado por Jarbas S em 16/04/2017
Reeditado em 09/04/2018
Código do texto: T5972693
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