A metafora

Efêmero deveria ser o evento do qual sob meu corpo se encontra sob um véu transparente e insignificante que agora o adorna, o cheiro de rosas e a luz das velas iluminam o espaço.

Sozinho, mas não obstante posso observar como narrador os eventos, posso narrar os sentimentos, mas não faze-los não tangíveis quanto gostaria, como em um palco de teatro contracenei minha própria vida, escondi todos os sentimentos e não me importei com os fatos, beber um copo de Whisky num final de semana sem dúvida durante muito tempo foi meu ápice, agora me encontro aqui sem poder dizer o quão desinteressante meu sentimento pareceu ter sido visto ou sentido, mas não estou aqui para falar sobre como fui um mártir, estou aqui para explicar as coisas tão fugazes das quais não pude viver.

A morte é insignificante, mas estando em vida somos apenas pessoas que não deveríamos ser, andar por onde não deveríamos ou todos os nossos erros serem tacados contra nossa personalidade, somos lapidados, somos friccionados de forma abstrata contra nosso próprio eu, o limite entre perfeito e imperfeito não existe, vivemos na necessidade egoísta, e acabamos sendo quem não devemos, mas em um momento do qual nem nos lembramos isso passa a nos ferir como adagas sendo empunhadas, ou talvez pior, pois ainda estamos vivos. Vivos, mas que palavra sem fundamento, podemos encontrar em suas definições de engraçado à apressado, mas em nenhuma delas podemos encontrar satisfeitos, satisfação, ela deve existir mas não conheço um homem se quer que se encontra convicto de si mesmo que alcançou e conquistou todas suas ambições, mas não falo de dinheiro, não falo de bens materiais, falo daquele único momento do único sorriso que você jamais irá esquecer, o mesmo sorriso que vem a sua mente quando pensa em mudar, o mesmo sorriso que te destruiu ao saber que jamais o veria, mas afinal, você imagina um sorriso qualquer não tão correspondente a realidade e mesmo assim sente de todas as emoções que sentiu, mesmo que se tenham passado 100 anos, não se supera o seu melhor estado de conforto, não se supera o único estado em que tinha certeza de que não precisaria de mais nada, e o nada? Se define como? O nada é a satisfação, mas pode ser o vazio, pode ser a falta, pode ser tristeza.

Meu coração já não pulsa, meu sangue já não corre, mas mesmo deste plano ao qual me encontro ainda não encontro a satisfação, gostaria de ter tentando mais, mas agora é tudo tão obsoleto, assim como meus dizeres em pequenos papeis que eram para ela.

Tragédia, tudo aquilo que aborda a gravidade da natureza humana, qual a grande tragédia da vida? Ter tudo o que querer? Ou não ter nada? Novamente o nada me assombra. Para dentro de mim, escuto apenas um grande vazio, mas um eco de algo que parece estar perdido e retorna o clamor de seu calor, dentro de mim a dor é um vazio imenso em uma sala sozinho, deitado sob o arco que deveria ser o meu triunfo, um caixão.

Os humanos sempre viveram em sociedade, dando-se um equilíbrio para cada qual, a mulher para o homem o homem para a mulher, este texto não se trata sobre problemas sociais, econômicos, este texto se trata sobre um depoimento de alguém que agora esta em estado de decomposição, que deu-se inicio para que todo o desejo por bens materiais o consumissem em nosso único e inquestionável bem pertencente material, nosso próprio corpo.

Mas acredito que a grande tragédia da vida seria sucumbir de todas essas emoções, mas todas essas emoções e sentimentos deveriam fazer nos dar vida, ao invés elas nos tiram, nos criam emoções que ao invés de fazer com que sentíssemos humanos, que sentíssemos em vida, sendo assim engraçado, em estado de vivacidade, alegre ou até apressados, mas nunca insatisfação ou tristeza, a depressão de nossos próprios seres, em pensarmos em sermos alguém que jamais conseguiríamos ser, em alcançar nosso ponto de conforto e termos ali, até que o triunfo de nossa vida sendo marcado por um funeral, com memórias de vida e não de arrependimentos.

Mas a grande tragédia da vida seria que tudo isso fosse mera metáfora, e que a morte seja marcada apenas com a depressão de meu interior, e que todo meu sentimento, tenha feito sentido apenas em tê-los sidos em vão.

Murilo Locatti
Enviado por Murilo Locatti em 01/06/2017
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