Algo sobre o amor...

Renata uma jovem de 22 anos acabara de sair do seu plantão no hospital regional, no caminho para casa a cabeça recostada no vidro da janela do ônibus denunciavam o cansaço da enfermeira, mas o olho marejado denunciavam uma alma triste, apesar de todo o barulho no ônibus nada parecia chamar sua atenção que só olhava para o distante final de cada rua onde passava o ônibus como se procurando alguém que marcara um encontro, mas por alguma razão atrasou-se.

Chegando próximo ao seu ponto limpou o rosto, pediu licença a pessoa ao lado, levantou-se, foi até a porta traseira do ônibus, e assim que ele parou ela desceu. Caminhava a passos relativamente lentos, pois pensava em tudo que passou na noite anterior, pois não foi nada fácil sua avó tivera um mal-estar na noite passada e estava no hospital e como se já não bastasse seu namorado, bem quer dizer, ex-namorado em uma longa conversa por telefone havia dito não mais a encontraria, pois queria curtir mais a vida e não queria ficar muito tempo com uma pessoa só é que se ela aceitasse eles poderiam ficar esporadicamente.

Claro, ela não queria retroceder um relacionamento de 2 anos ao nível de ficante, ficou com raiva tentou arranjar pretextos para entender o por que ele fez isso, se culpou, culpou a todos, mas ela não achava o verdadeiro culpado, se é que ele existia, ou se chamava expectativa.

Ela caminhava em meio aos seus pensamentos, se dirigia para casa da avó(ela chamava assim a dona neta que era cassado com seu avô) onde o seu avô a esperava para uma rápida checagem de pressão e outros detalhes, pois a noite com o problema da avó ele ficou muito tenso e dormiu muito pouco, e mesmo assim só com ajuda de medicamentos.

Chegou ao portão o abriu, entrou e foi logo chamando,

- Vô zito...

- Tô aqui flor... - respondeu ele.

Durante o procedimento ele percebeu os olhos um pouco vermelhos e marejados da neta e como toda pessoa experiente não deu rodeios e perguntou logo.

- O que há? qual o problema? é por causa da vó?

- Não vô... bem não só por causa disso, são outras coisas também.

- Brigou com o namorado?

- É, não estamos mais juntos... - desceu uma lagrima lenta e quase sem forças.

- Florzinha não fica assim.

- É vô, eu não tenho muita sorte com esse tal de amor, ou tenho um grande desvio de personalidade pois quero uma coisa e só acho outra.

- Não é assim, não fica procurando amor por aí minha filha, ele vai está sempre em você não nos outros. Deixa eu te falar como foi quando conheci sua vó.

A primeira vez que a vi ela estava almoçando, entrei rápido no refeitório, brincando com amigos, fiz um certo barulho e todos olharam, ela também olhou, mas eu só via ela, ela estava linda, ela sempre foi linda, seus olhos, seus cabelos, seu sorriso puxando um canto da boca, tudo aquilo me prendeu de um jeito que foram alguns segundos, mas para mim o tempo parou, e percebi que pra ela também. Pedi desculpas, me apresentei, a cumprimentei, não podia deixar a chance escapar, daquele dia em diante, sempre eu chegava no refeitório e ela já estava, meu coração acelerava, minhas mãos suavam, minha vista perdia o foco mas olhando para ela ficava tudo bem, e quando o contrário acontecia, também era assim ouvia a voz dela antes de vê-la chegar ao refeitório, escutava o sorriso ou alguma palavra, meu coração parecia que estava dopado acelerava muito, perdia fome e a cabeça procurava em todos os cantos.

Enquanto ele contava, ela colocou o medidor de batimentos cardíacos nele para monitora-lo, e começou a falar.

- Poxa vô, que bonito, mas isso já faz tempo e com o tempo essas coisas desaparecem, já tínhamos 2 anos juntos, essas paixonites acabam logo, o que vale é o tempo que estar com a pessoa, vocês se apaixonaram, então casaram e se acostumaram um com o outro.

Então, o portão da frente faz um barulho como alguém entrando, e se ouve uma voz cansada mas um tom de feliz, O medidor cardíaco do avô disparara, imediatamente ao ouvir aquela voz, ela que segurava a mão dele já para tirar o aparelho percebeu como estava suada.

Ela olhou para ele, ele sorriu e disse.

- É sempre assim, sempre uma primeira vez, sempre. Você já sentiu isso? é isso o amor? eu não sei só sei que sempre foi assim e sempre será.

Ela o abraçou forte e começou a chorar, dona Neta que entrará no exato momento sorrindo falou:

- Não precisam chorar, estou bem, já estou em casa.

Ela havia aprendido uma lição sobre amor que não poderia ser descrita nem comentada nem ponderada, pois ela viu e a coisas que não precisam de explicação, elas simplesmente são assim, sempre.