QUANDO TERMINOU

Com o olhar fito pela fresta da porta, sentado a beira da cama, observava a cena...

Com uma raiva daquelas que cegam, colocava tudo na mala.

Naquele dia, além das malas levou com ela também meu sorriso, meu mundo e o meu juízo.

As palavras me faltaram, sabiam que elas estavam algum lugar, mas por falta de força, não subiram a garganta.

Tudo que restou foi um abraço, e um beijo a ponto de fusão, longo, silencioso, arbitrário ao momento, que desenhava o que ficaria pra trás.

Foi o ultimo abraço, dali tudo se silenciou. Sem olhar pra trás, o vazio aumentava entre as partes, que antes formava um inteiro.

Ela tinha que ir, não por força do querer, ou falta de sentimento...

Mas pelas convenções do mundo, que repelem os corpos que se atraem, desejos que se laceiam e bocas que se beijam.

Viver e fácil, difícil e sem ela...

Do beijo a boca, da boca o desejo, a lembrança do olhar que me fez mais vivo.

SRAMOS
Enviado por SRAMOS em 12/07/2017
Código do texto: T6052426
Classificação de conteúdo: seguro