O Cavaleiro e o Anjo

Desnuda-se o véu. Ela está em chamas, há fogo em seu olhar.

Tais chamas ardem e destroem-na, pois a culpa é de um cavaleiro que o coração dela, desperdiçou.

Ela está amarga, doce moça desiludida. Raiva, tristeza, fúria, mágoa, frustração. Mix de sentimentos que nem ela poderia explicar em exatos detalhes. Pobre menina.

Rosto de menina, corpo de mulher, coração despedaçado; nada mais quer se revelar.

Tenta ser fria, mas fria não consegue ser. Derrete-se como manteiga em panela quente, chora com o ardor da paixão não correspondida; com a dor da paixão que arrebatou seu coração e o jogou fora; não quis cuidá-lo, apenas brincar, chutar como bola de futebol que ultrapassa a trave por cima. Dói, ela não consegue mais esconder. Mas toda essa dor no momento se transforma apenas em raiva e frustração, menina tenta não deixar parecer para àqueles à sua volta o quanto está magoada. Entorna uma caneca, duas canecas, três canecas... E assim a noite vai se tornando longa na mesa do bar. Seus olhos lacrimejam, mas as lágrimas não querem cair por alguém que ela sabe que não vale à pena. Pobre moça.

Delicada, gentil, sutil, adorável. Cavaleiro que a destruiu, sabes o quanto fez esta bela moça sofrer? Conversas longas, canecas sendo viradas, toalha molhada, socos na mesa.

Ela já está cambaleando, cuidado para não cair. És frágil e inocente. Sensível e meiga. És bela como uma rosa vermelha, suavemente branca como o algodão.

Já não acredita mais no amor, tão jovem e tão descrente.

Seu passado a maltrata, judia dela. Ela se lembra de tudo e o bolor na garganta impedindo-a de chorar permanece. Ela só quer ser feliz. É pedir muito?

É desejar muito que alguém a ame como ela gostaria? Que alguém a respeite e a faça se sentir amada de verdade? Ela quer ter o singelo sentir do amor.

Começa a lembrar, a pensar... E logo se afoga em meio a tantos pensamentos. À sua frente, sua amiga e um amigo, estão falando dela e ela dispersa, em momentos não estava ali. Mas quando começava a falar era sobre o cavaleiro que tomou seu coração. Terapias e conversas eram apenas dele, nada mais importava para ela.

Ela via sorrisos no rosto daquele homem que ela mal conhecia, mas em poucos minutos, conheceu tanto sobre ela. Seus sentimentos, seu coração vulnerável, sua forma de se apaixonar, o que a encanta... Tantas revelações ela fez sem perceber. E o homem sábio e sagaz, tomou por conhecimento, absorveu para si, e mais tarde, colocou em prática.

Ela queria esquecer o cavaleiro cuja armadura era dura demais para que ela conseguisse perfurar e chegar a seu coração. Ela já não aguentava mais sofrer, correr atrás, ficar sempre à mercê de seus desejos. Pensava nele desde o amanhecer até quando ia deitar-se, por muitas vezes, sonhava com ele. Já se tornara um coração miserável, dependente das migalhas que o cavaleiro oferecia. Um olhar bastava para penetrar sua alma e fazer seu corpo tremer e umedecer.

Ela está caindo em um abismo profundo, escuro, frio; sem bondade, sem amor, sem respeito.

O cavaleiro era o próprio abismo.

Até chegar seu anjo (que estava bem à sua frente a noite inteira), com suas asas voou para resgatá-la, puxá-la pelo braço e trazê-la de volta à superfície. Arrancou-lhe suspiros profundos, vibrações em cada parte do corpo, umedeceu-a com gosto e continuou a abraçá-la, puxando-a para mais perto de si, acariciando-a, ela solta um gemido leve e suave ao pé do seu ouvido. Ela o fere, mas tais feridas são de libertação. O anjo a libertou da escravidão em que se encontrava, a resgatou do abismo, tornou-se a sua paz, sua luz. A fera foi solta e não quer mais voltar a ser enjaulada.

E o anjo quer sua plenitude, quer aquela menina/moça por completo. E assim, ela se doou, se entregou, e a emoção ecoou por todo o ambiente. Não querem se separar, querem se fundir. Querem pertencer um ao outro por completo, sem dividir. Querem ser únicos um para o outro, como tudo está sendo.

Diferente, único, especial, esplêndido, magnífico, fantástico, SENSACIONAL, maravilindo....

Infinitas palavras para dizer em quê tudo isso se transformou. Ainda assim, ela não consegue dizer. Sofreu tanto por falar abertamente seus sentimentos que de tudo desconfia e tem medo de perder o que a está encantando.

Mas sente que é só o começo de uma história que está por vir.

Sophia Hatzendorf
Enviado por Sophia Hatzendorf em 29/09/2017
Reeditado em 21/05/2018
Código do texto: T6128242
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