Eu Sou Uma Metade de Dois

Meu nome é Diego, mas acho que talvez pudesse ser outro. Talvez Gilberto. Vou ficar com Gilberto, não é um nome que eu goste ou que tenha algum significado especial, é simplesmente um nome que eu não escolheria. Não escolhi chamar Diego, nem gosto muito, também não escolheria chamar Gilberto, também não gosto muito.

Meus pais são separados. Não deram certo, por algum motivo. Motivos só deles, não anseio saber. Talvez não nasceram um para o outro, como muitos. Contudo se casaram e tiveram filhos. Eu nasci disso, desse casamento que talvez não fosse para acontecer. Sendo assim, sou fruto de algo fadado à contramão do destino.

Imagino que meu pai não nasceu para casar ou ter filhos, sendo assim, o destino nada reservou a ele nesse sentido. Admiro-o por ter criado a mim e meus irmãos de forma tão carinhosa.

Já minha mãe, sonhadora, mulher incrível, que me desperta lágrimas quando penso em seus sonhos desfeitos, em seus romances não vividos. Quem será que minha mãe teria escolhido para casar e ter filhos de acordo com o plano do destino?

Se as coisas tivessem saído como o universo planejara, teria minha mãe se casado com outro homem e desse casamento teria saído Gilberto. O meu outro eu que deveria existir em meu lugar. E em algum lugar do mundo, o homem predestinado à minha mãe deve ter tido um filho, que é a outra metade de Gilberto. Eu e esse cara somos Gilberto, dividido em dois, sem jamais ter existido embora planejado pelo universo.

Gilberto deveria ter tido grandes amigos como eu tive. Gilberto deveria gostar de RPG, de Filosofia, de Rock, de cerveja. Gilberto deveria estar aqui escrevendo sobre Diego que nunca existiu.

Mas seria Gilberto feliz? Eu sou feliz, ma maioria do tempo. Acho que sim... Me desculpe Gilberto, que nunca escolheu seu nome, Gilberto que nunca nasceu, que nunca irá ler o que escrevo. Mas você vive em mim, como um erro do destino, e este é meu reconhecimento a você.

Adeus, caro estranho de mim mesmo.