Para Sempre - A Escolha (Prólogo)

"Olá! Como vão? Meu nome é Alan Rodrigo, tenho 18 anos e moro no Ceará. Acho que não preciso dizer que escrever é a minha paixão. Minhas histórias falam por si mesmas. Meu maior desejo ao criar Para Sempre era compartilhá-la com vocês. Portanto, se você se deparou com esta história por acaso ou por recomendação, não deixem de conferir. Para Sempre - A Escolha (e suas demais continuações) irão prender sua atenção do início ao fim. Sintam-se livres para comentar, opinar ou dar sua crítica. Também estou aberto à dicas e sugestões.

Uma excelente leitura à todos!"

Londrina, Março de 2012

Eis uma verdade sobre a vida que ninguém pode negar: ela é complicada, um grande quebra-cabeças que temos que juntar todas as peças e saber onde colocar cada uma delas. Ninguém pode ter uma vida mais ou menos. Até aí tudo bem!

Mas nunca pensei que minha vida fosse mudar tão radicalmente depois de completar meus tão sonhados 17 anos. A começar por uma carta deixada debaixo da minha porta, cujo conteúdo diz: "Estou morando no Ceará. Sinto muito por não ter lhe contado tudo antes. Vou sentir muito a sua falta, meu velho amigo. Prometo que vou escrever. Assinado: Miguel". Fiquei boquiaberto ao terminar de ler. Entre todas as etapas desse processo louco chamado vida, isso foi o mais perto que eu cheguei de chorar.

Meu nome? Adrian. Pelo menos é como todo mundo me chama. Fui batizado com o sobrenome da minha mãe (Martins) e o do meu pai (Lindenberg). Não gosto muito do meu nome, e inevitavelmente meu rosto fica vermelho toda vez que alguém me chama pelo nome completo.

Apesar de todos os problemas, dores e decepções, me considero um sujeito de sorte. Tenho uma mãe que para mim é a melhor de todas. Seu nome é Érica. Ela ama flores e há muitas em volta da casa: margaridas brancas, crisântemos e dálias (as suas favoritas). Meu pai se chama William. Não é alto nem baixo, é mulato e bem mais velho do que a minha mãe. Ela é alegre, um pouco tagarela e adora fazer amizades. Já ele é mais fechado. Mas como dizem por aí que "os opostos se atraem", eles não tem motivos para não se darem bem.

E tenho o meu melhor amigo, Miguel. Isto é, tinha. É um pouco mais novo do que eu, mas é mais forte e mais inteligente. Nos conhecemos na quinta série, e até onde eu me lembro, nunca nos separamos. Apesar das diferenças de idade, ambos temos muitas coisas em comum. Gostamos de passar mais tempo com a família do que em um fliperama ou na loja de gibis que fica do outro lado da rua. Curtimos filmes de ação e adoramos fingir que somos terríveis vilões que planejam dominar o mundo. Também amamos livros e detestamos spoilers. Sinto que formamos uma dupla perfeita!

Mas a vida é uma caixinha de surpresas. Bem, a minha surpresa não está dentro de uma caixa, mas registrada em uma carta, uma carta que me trouxe a certeza de que minha vida mudará por completo.

Era uma manhã de sexta-feira e eu estava me preparando para mais um dia de aula. Para minha sorte, o ponto de ônibus fica apenas a cem metros da minha casa e não preciso andar muito para pegar um. Como Miguel e eu morávamos na mesma rua, íamos juntos para a escola todo santo dia. Mas, naquele dia, algo estranho aconteceu. Costumava sentir o cheiro de ovos cozidos e pão fresquinho que vinha da casa dele sempre que dava seis em ponto, sinal de que os pais dele já tinham acordado. E quando dava exatamente seis e quinze, a porta da frente se abria e Miguel saía sorridente, vestindo seu uniforme escolar levemente amarrotado.

Mas isso não aconteceu. Bati na porta, porém não obtive resposta. Fiquei esperando para ver se alguém dava sinal de vida, mas não consegui ouvir nenhum pio. Supus que tivessem dormido demais. Infelizmente, não podia esperar mais. O ônibus passava às seis e meia e eu nem queria pensar no que podia acontecer se eu voltasse para casa e dissesse a minha mãe que tinha perdido o ônibus.

Então, percebi que algo estava faltando ali. O carro do pai de Miguel sempre ficava estacionado no passeio, debaixo de uma árvore. Moramos num bairro tranquilo e ninguém se importa em deixar seus veículos fora das garagens. Mas o espaço estava vazio. Havia marcas de pneus. Segui-as e vi que dobravam uma esquina. A meu ver, eles tinham viajado. Mas para onde terão ido? E por que saíram tão cedo? A resposta eu recebi três dias depois.

O carteiro sempre passa pela nossa rua às onze e meia. Por coincidência, nenhum de nós está em casa à essa hora. Mamãe trabalha num salão de beleza e só volta para casa ao meio dia. Papai trabalha em uma construtora, e nas horas de folga ele é barbeiro. Obviamente, ele também só chega depois do meio-dia. E quanto a mim, cumpro meus deveres como um bom aluno que está a um passo do tão sonhado Ensino Médio.

Hélio – esse é o nome do carteiro – é amigo de longa data do meu pai, e sempre que uma carta importante chega para ele, Hélio passa o envelope por debaixo da porta, de modo que quem chega primeiro o encontra. Dessa vez, quem chegou primeiro fui eu. E fiquei surpreso. Não porque tinha um envelope sobre o carpete. E sim porque esse envelope não era para o meu pai.

Era para mim.

Procurei o nome do remetente. E fiquei ainda mais surpreso quando vi o nome MIGUEL e as inconfundíveis letras de garrancho que eu reconheceria em qualquer lugar. Com curiosidade crescente, rasguei o envelope depressa e li o que estava escrito.

Um minuto depois, o arrependimento de ter tido pressa para ler o que estava escrito na carta me golpeou com uma força avassaladora.

Miguel tinha ido embora. Eu tinha perdido o meu melhor amigo.

CONTINUA >>>

Alan Rodrigo
Enviado por Alan Rodrigo em 18/01/2018
Reeditado em 18/01/2018
Código do texto: T6229633
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.