2017

Em 2017, eu perdi o sentido da vida. A minha vida entrou em declínio. Enquanto em 2016, eu era taxado de louco, maníaco, perturbado, egocêntrico, insensível, babaca, arrogante, sujo, forte, em 2017, eu me tornei um ser completamente diferente. A vida se tornava em algo incomum, em algo destrutivo, algo que me matava aos poucos. A vida se tornava em algo sem importância alguma para mim. Eu não queria viver, apenas existir. Eu queria ficar invisível para que ninguém me notasse. Eu apenas queria viver cada passo sem muita gente me julgando e me olhando, querendo tirar alguma conclusão sobre quem eu era ou querendo desejar algo bom ou ruim, para mim. Eu apenas queria sumir.

Nos primeiros meses, eu sobrevivi. Eu me sustentei na ideia de deixar o mundo externo de lado e focar no meu interior. Eu comecei a escrever mais que o usual, contar mais histórias que o normal, ser mais introspectivo que o normal. As minhas histórias não eram compartilhadas, todas eram guardadas em pequenos espaços na minha memória. Tornei-me alguém um pouco mais preguiçoso, mais perturbado, mais sensível, mais impulsivo, mais emotivo. Mudei a maneira de ver o mundo e ver as pessoas. Se, antes, eu era observado, eu comecei a ser observador. Reparava nas pessoas com facilidade. Com os fones nos meus ouvidos, apenas tinha a necessidade de exigir que meus olhos analisassem cada detalhe de quem quer que fosse. O mundo começou a largar o colorido que estava presente em 2016 e começou a se tornar um pouco mais cinza. Tudo começou a perder as cores com o passar dos tempos e o mundo começou a ser algo completamente diferente do que se via em filmes de animação. Tudo tão cinza…

Os meses passavam, ainda assim, cinzento, indiferente. O mundo se tornava cada vez mais inóspito e cada vez mais, eu me aprisionava no meu. No meu, não era cinza, era preto e branco. Nele, tudo já havia morrido, mas nada estava morto. A alma de cada ser permanecia intacta, ninguém havia sido corrompido ou havia sido levado para outro lugar além daquele mundo. Sorrisos eram raros e tudo era uma tremenda solidão, tremenda melancolia. Porém, meados de maio, o mundo real voltou a colorir. Mesmo sob medo de dar errado, de falar alguma besteira, de nunca dar certo, de ser quem eu realmente me tornei, eu chamei ela para sair. Talvez, naquele momento, só ela fosse capaz disso, apesar de nunca termos nos visto antes.

O convite para o cinema, por mais simples, casual, clichê, que fosse, era só uma forma de evitar falar muito e estragar tudo. Era a forma que eu tinha de evitar de falar dos meus gostos, dos meus vícios, da minha rotina, do meu passado. Era a forma mais prática de tentar cair no sentido poético.

Eram quase 19 horas e lá estava eu, sentado na praça de alimentação, vendo milhares de pessoas passando por lá. Umas, iam; outras, viam. Eu me sentia tão exposto ali, tão visível para todos e, pior que ter pessoas desconhecidas te admirando ou julgando, era ter pessoas que você conhece, acenando para você, querendo falar com você. Eu me sentia descolado e, então, coloquei os fones de ouvido e comecei a ouvir música. Assim, eu poderia me desfocar das pessoas ao meu redor e evitar escutar a voz dos mesmos. Longos minutos depois, ela aparece. Seu sorriso largo, meio desajeitada, vestindo um short que exibia suas pernas, foram as primeiras coisas em que eu observava. Ela tinha um sorriso lindo e aquilo, de alguma forma, mesmo sendo cedo demais, me encantava. Quando ela se aproximou, eu senti calafrios - mesmo sendo acostumado a ter garotas grudadas ao meu corpo, fazia meses que eu não me aproximava de uma menina como ela. Fomos para a sala de cinema e lá, eu tive a certeza de que tinha feito a escolha certa. O horário não permite falar o que aconteceu entre nós, mas foi tão bom que eu repetiria tudo aquilo pelos próximos 5 meses.

Com o mundo claro, novamente, minha vida começou a se organizar. Começou a existir uma rotina, os dias eram bem separados, minha vida estava praticamente organizada. Encontrar-me com ela aos finais de semanas eram o ápice da semana e a graça da vida era que: um, representava o último dia; o outro, o primeiro. Ela era responsável por me fazer feliz no último dia da semana, depois de tudo o que tinha passado durante e a responsável por me deixar bem logo no primeiro dia, antes de tudo vir a me destruir e ter que esperar até o final da semana, para me reestruturar. De alguma forma, eu me sentia bem com ela e, naquele momento, eu fazia tudo para que ela se sentisse bem comigo. As vezes, gastávamos nossos sábados deitados numa rede, com o notebook sob nossas pernas, assistindo séries, ou saindo para restaurantes caros e que não me alimentavam o suficiente - por conta disso, eu sempre ficava reclamando e ela sempre falava que eu reclamava de tudo -, ou saindo para bares, a fim de beber, ou indo ao cinema - feito dois idiotas, porque a gente nunca assistia o filme. Os meses passavam e cada vez mais, um conhecia mais o outro, os laços começavam a se fazer e outros, a se desfazer…

Mais um sábado e lá estávamos nós, deitados na cama, compartilhando do Netflix, largando o computador de lado para nos beijarmos até querermos tirar a roupa. Os sorrisos ainda eram os mesmos, largos e sinceros; nossos toques ainda eram apaixonados, singelos e sacanas. Ainda éramos nós, mas só até um momento. Já era noite quando, um simples deslize, quase acabava com tudo entre nós. Mensagens antigas de uma pessoa do passado e a exibição perfeita de que ela sentia algo por mim, só que expresso de maneira negativa. Ela sentiu ciúmes de mim e, de alguma forma, eu fiquei feliz por aquilo, mas fiquei triste porque sabia que iríamos brigar. Pedido de desculpas, mas a sensação de nó na garganta, de estar errado, de estragar tudo. Tudo, a partir dali, começaria a declinar, a desestruturar, a cair, a acabar.

Fugi do quarto dela com o coração na mão, pensativo, pensando no que aconteceria a partir dali, como tudo seria. Meu pai tentava conversar comigo, mas eu não queria ouvir nada, só a voz do Jesse nos meus ouvidos, dizendo que alguém podia tomar o meu lugar.

Minha cabeça rodava, rodava e rodava;

Meu peito apertava, apertava e apertava.

Já em casa, havia mensagem dela, falando que estava lendo a conversa, lendo algo que já não interferia mais em nada do meu presente. Eu não queria responder, então continuei fugindo. Fugi para o lado de casa, para o bar. Bebi o que não havia bebido no mês. Afundei o gosto da cerveja nos meus lábios e misturando com o gosto da boca dela. O gosto gelado da cerveja levava consigo todo o nó presente na garganta. Bebi realmente para, não esquecer, mas, não lembrar.

Cheguei em casa, dormi. Acordei lembrando, como um trem, de tudo o que tinha acontecido. Cancelei os compromissos e permaneci em casa, pensando no que eu havia feito, no que eu havia decidido, no que eu havia dito, no que havia se passado. Não haviam respostas. Eu não sabia para onde eu ir. Novamente, como em 2016, a sensação de o mundo cair sob suas costas, veio à tona. Afundei-me cada vez mais em meus pensamentos ocultos e misturados com as memórias nossas. Nesse mesmo dia, chorei enquanto conversávamos…

Dia seguinte, nos encontramos. Distantes daquele sentimento que tínhamos, da proximidade que compartilhávamos. Estávamos distantes, um do outro, pela primeira vez. Sentados na cama, em silêncio, olhando um para o outro, esperando que as primeiras palavras fossem ditas.

“A gente precisa dar um tempo.”

Quando eu ouvi as palavras saírem da boca dela, doeu em mim. Não que eu fosse vítima, mas por eu saber que ela estava certa. A gente precisava respirar, sair, manter distância, tentar se encontrar sem ser obrigatoriamente um no outro. Eu só me encontrava nela, só queria ela quando tudo estava ruim, mas, dessa vez, eu precisaria respirar um pouco e deixar que ela respirasse também. Levantei-me da cama e fui embora. Ela pediu para que eu fosse embora, mas queria que eu ficasse, só não disse. Eu queria ter ficado. Eu queria ter me deitado, enchido ela de beijos e de elogios, dito a verdade para ela sobre o que se passava comigo, mas eu fui covarde, eu tive medo de tudo o que eu podia causar a ela num futuro próximo. Eu fugi, como sempre.

Dois dias depois, eu não aguentei. Voltamos a trocar mensagens, a discutir, a falar da vida, a se acertar, a fazer as pazes. A minha semana, a partir dali, seria menos conturbada, seria mais fácil de lidar. Eis que chega o final de semana, o nosso momento durante tudo. A mesa de bar, a mesma em que fiz o possível para esquecer o que tinha acontecido há 7 dias atrás, estava ocupada por ela. Ela e suas amigas, todas sorrindo, se divertindo, apreciando cada momento. Quando ela pousou o olhar sobre mim, sua cara fechou. De alguma forma, ela queria me evitar e tornar tudo mais difícil. Aproximei-me, cumprimentei todos na mesa e falei com ela por último. Ela não se levantou, apenas levantou a mão para eu cumprimentar. Sentei ao seu lado e mal nos falávamos. Tentava tocá-la e, de alguma forma, ela se afastava de mim. Pouco a pouco, sem poder tê-la, eu a queria cada vez mais perto de mim. Depois de algumas bebidas, risadas, conversas, mãos dadas, laços sendo refeitos, damos nosso primeiro beijo depois de dias. Minha cabeça pensava em mil coisas positivas para dizer a ela, mas eu não queria e não podia dizer nada além de desculpa.

Eu errei quando a deixei ir, abri mão de tudo por medo, mas eu nunca quis deixá-la mal, nunca quis despedaçá-la como eu já havia sido. Eu nunca quis que ninguém ficasse como eu fiquei: perdido. Eu me encontrava nela, só não entendia, só não aceitava, só não admitia. Ela tinha se tornado no meu porto seguro, de alguma forma, por algum tempo.

Todos foram embora e lá estávamos nós. Ao lado da minha casa, sem querer se separar, sem querer se distanciar de novo. Levei ela até a minha casa e rumamos para o meu quarto. Por lá, no nosso maior refúgio, quase que santuário para os nossos corpos, para nos conectarmos, fizemos da nossa noite, algo melhor. Sentado na ponta da cama, ela sentou no meu colo e começou a me beijar. A porta ainda estava aberta e ela se levantou, trancou o quarto e apagou a luz. Dali em diante, seríamos somente nós. Alinhamos nossos astros em uma sintonia única, alinhou seu corpo para encaixar no meu com uma beleza rara, alisou meu cabelo com uma safadeza amável, alisou meu corpo com suas unhas imensas. Permanecemos no ato até nossos corpos não se aguentarem mais ficar em pé. De pé, vestimos nossas roupas e nos despedimos logo depois de nos despirmos por completo. Ela precisava ir embora. Precisava sair do meu quarto e ir direto para a sua casa, o local onde talvez eu não pisasse tão cedo…

Dia seguinte, mantivemos o contato. Continuamos conversando, mas a falta de interesse, de sentimento, de intensidade, já havia ido embora. Era uma questão de tempo até tudo desmoronar por completo.

Quinta-feira, dia 6, as últimas mensagens e o final já previsto.

“Eu não queria que terminasse assim, mas eu não estou bem. Eu não sei o que sinto e eu sinto como se minha cabeça fosse explodir à todo instante. Eu queria ficar, mas eu simplesmente não posso porque eu não estou bem. Eu preciso procurar ajudar para tentar me acertar.”

A nossa despedida foi no sábado e nosso final, quinta. A história chegava ao final e com ela, eu novamente voltava à estaca zero e me perguntava até quando vai ser assim: abrindo mão de um futuro promissor ao lado de alguém para ficar sozinho ou continuar pensando no passado, voltando para alguém que não te conhece mais?

Um dia depois do meu término, lá estava eu, abraçado na minha cama, em plena 5 horas da manhã, beijando a boca daquela garota que já vivera tanto comigo e já havia sido responsável por inúmeros relacionamentos não darem certo. A garota da pele morena e sorriso lindo estava ali, ao meu lado, um ano depois. O encaixe das nossas bocas não havia mudado mesmo depois dela passar tanto tempo beijando a boca de alguém que não era eu. Ela ainda tinha as mesmas manias bobas e singelas de me analisar, de tentar me ver com outros olhos, de que eu fosse exclusivamente para ela e dela, mesmo depois de tudo o que aconteceu em anos.

Antes da gente se encontrar novamente, eu estava perdido. Mesmo comprometido, eu nunca sabia bem o que fazer - na maioria das vezes, ela quem decidia tudo - e isso me afetou ao ponto de nunca saber o que queria e muito menos, o que sentia. Acumulou tudo isso com o meu princípio de depressão - sim, eu tive - e comecei a desocupar minha vida de inúmeras responsabilidades externas e foquei em sobreviver. De alguma forma, mesmo distante, ela sabia o que se passava comigo. Ela sentia que eu estava mal, que eu estava triste, que eu estava diferente demais. De repente, a mensagem chegou no celular minutos depois que eu havia terminado. Ela sentiu…

Conversamos a noite inteira sobre o que se passava comigo, sobre como as coisas haviam ficado, sobre tudo o que nos aconteceu nesse tempo.

Ela sempre foi meu porto seguro, mas já não era importante para mim durante os 5 meses passados. Durante 5 meses, eu me restabeleci em outra pessoa, eu tentei com outra pessoa; ela passou 10 meses e se restabeleceu em outro corpo por tanto tempo. Eu deveria ter percebido que, se eu tentasse agora, eu me machucaria adiante. Era tudo tão recente para mim, para ela, para nós. Era tudo tão estranho para nós, mesmo a gente se conhecendo há anos, tão bem.

Já era novembro e um mês já havia se passado. Era dia 25 de novembro, meu aniversário, e eu estava, querendo ou não, ansioso para saber o que ela faria ou me daria. Acordei, fui à aula pela manhã, malhei pela tarde e, depois, fiquei em casa, deitado. Passei a tarde inteira deitado, conversando e respondendo várias mensagens de parabéns - nenhuma havia sido dela. De primeiro momento, eu estranhei, pois ela seria a primeira pessoa a me dar parabéns - como usual -, mas tentei me tranquilizar. Talvez ela quisesse me surpreender e chegar no final do dia, antes de ser dia 26, e me desejar parabéns. Eu mantive o pensamento positivo e evitei pensar tanto nisso.

Meus familiares começaram a me perturbar para me arrumar, pois alegavam que iríamos sair para comemorar. No entanto, assim que eu subi as escadas, todos me surpreenderam. Meus amigos haviam preparado uma festa surpresa para mim. Eu não sabia bem o que dizer no momento, eu estava feliz. Foi a primeira vez que haviam feito uma festa surpresa para mim - haviam feito outra vez, em 2015, mas só haviam 4 pessoas na casa, então não conta, mas fiquei feliz da mesma forma.

Cumprimentei todos e fiquei feliz por todos estarem lá. Todos meus amigos estavam onde eu sempre quis que estivessem: ao meu lado. No entanto, ela não foi. Eu preferi pensar que ela havia se atrasado, não havia chegado ainda ou que ela viria no dia seguinte, compensar por não ter vindo. Tentei não lembrar e foquei em me divertir com meus amigos. A festa não era das maiores - haviam menos de 15 pessoas na minha varanda -, mas era a melhor - quase -, pois as pessoas que eu amava, estavam ali. Eu agradeci, internamente, aos céus por poder partilhar daquilo. Eu estava feliz com eles ali, na minha frente e ao meu lado!

Amanheci e nenhum sinal dela. Talvez, por mais que eu quisesse evitar, fosse um sinal. Não receber mensagem também era uma mensagem. Ela sinalizou que, ou ela iria acabar tudo, ou que eu era insignificante, ou que não tinha porquê me dar parabéns, já que não havia dado quando foi o dela. Eu preferia ficar com a terceira opção e segui minha vida. A gente já estava há mais de uma semana sem se ver e aquilo era ruim para mim. Talvez eu estivesse com medo de ficar sozinho e odiava pensar na ideia dela longe de mim, logo agora que eu estava disposto a tentar, a ser melhor, a fazer valer a pena.

Antes do meu aniversário, no dia, eu não havia lembrado, mas ela havia mandado mensagem para mim, avisando que a gente não ficaria mais junto, mas eu pensei que fosse alguma coisa passageira, que seria superado logo e talvez, por conta disso, esperei que ela viesse até mim, mas não foi possível.

Dia 2 de dezembro, à tarde, ela apareceu na minha casa. Dessa vez, como uma estranha e não como alguém que eu amasse. Ela havia esquecido seu óculos e, depois de meses, foi buscar. Estávamos somente nós em casa. Não havíamos feito contato visual, evitei olhar no rosto dela. Ela foi direto ao quarto e procurou por ele. Poucos minutos depois, ela apareceu na sala e se sentou. Ela queria conversar. Permaneci em pé, tentando saber o motivo daquilo. Então, ela começou a falar tudo o que eu já sabia. Disse da dificuldade em que passávamos, da velocidade em que tentamos nos reatar, da forma como tudo aconteceu e, por fim, disse:

“Se antigamente, eu me importava muito que você viesse falar comigo, hoje em dia, não. É como se não fizesse diferença se você vem ou não. É como se eu não sentisse mais nada por ti.”

Naquele momento, mais uma vez, meu coração apertou. Em menos de dois meses, meu coração já havia se partido duas vezes. A cada dia que passava, a vida se tornava cada vez mais difícil de lidar, de viver. Cada dia, eu caía de costas no chão. Aos poucos, eu desmoronava.

Ela se levantou e pediu para que eu não sentisse raiva, só que era impossível não sentir raiva de alguém como ela e depois de ouvir tudo o que ela disse. Meu corpo reagiu com raiva e quando ela foi embora, a porta se fechou com força e nunca mais iria se abrir para recebê-la. Assim que ela foi embora, eu comecei a escrever - fazia exatamente um mês que eu não escrevia sobre algo. Ela rendeu uma boa história e eu, se fosse outro dia, talvez sofresse mais do que eu estava sofrendo, mas meus amigos tiraram qualquer chance de isso acontecer. Eu encontrei com eles horas depois e nos divertimos como sempre fizemos.

Dia 14 de dezembro, quase 21 horas da noite. Eu estava no meu quarto, estudando, depois de uma semana inteira de prova e, de repente, meu telefone tocou

“Jarbas, rápido! O João está passando mal e está indo para o Hospital. Tenta avisar aos pais dele, urgente!”

Larguei os livros e fui atrás de me preocupar em resolver. Eu mantive, como sempre, o pensamento positivo. Evitei achar que fosse algo tão grave, preferia acreditar que ele tivesse ido jogar bola sem se alimentar direito e acabou passando mal. Poucos minutos depois, consegui falar com eles e, mantendo o pensamento positivo, pedi para que me mantivessem informado sobre o que acontecer por lá. Larguei o telefone de lado e voltei a estudar.

Ainda dia 14 de dezembro, quase 23 horas da noite. Eu ainda estava no quarto, tentando estudar, mas pensando em mil coisas negativas, por mais que eu tentasse manter o pensamento positivo. Meu celular vibrou:

“Ei, João faleceu.”

Quando li, não quis acreditar, precisava ir até lá, ver se era realmente verdade. Minutos depois, eu cheguei e avistei meus três amigos, sentados, com a cabeça baixa, desacreditados. Realmente, era verdade. João havia chegado ao óbito…

Pela terceira vez, em menos de 3 meses, meu coração havia se partido ao meio. Eu não chorei em nenhuma das outras duas vezes, eu consegui segurar, me sustentar, mas saber daquilo, que a gente nunca mais se encontraria para falar sobre tudo o que nos era habitual, foi insuportável. As lágrimas que escorriam dos meus olhos eram tudo o que eu havia suportado emocionalmente em tão pouco tempo. Eu me senti frágil, incapaz, como eu havia me sentido nos últimos meses, antes mesmo de tudo acontecer.

Tudo veio em tão pouco tempo e me destruiu tão fácil. Eu me mantive de pé por tanto tempo, mas, de alguma forma, eu cai tão fácil. Eu senti dores que faziam meses que eu não sentia. Eu senti a dor que eu senti quando passei pelo meu período mais sombrio. Eu senti o mundo desmoronar pela primeira vez por completo. Eu senti não parar de sentir tanto…

Dia 19 de janeiro de 2018, quase 3 da manhã. Ainda estou aqui.

(…)

Jarbas S
Enviado por Jarbas S em 20/01/2018
Reeditado em 21/01/2018
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