Paixão de férias

O ano era 2006 o mês Dezembro, a data para ser sincera não me recordo, mas era alguns dias antes do natal.

Estávamos num bar com música ao vivo, o point do momento da pequena cidade no interior do Paraná, a noite estava muito agradável, na parte externa do bar.

Avistei um moço que me chamou atenção primeiramente pela sua aparência física, perguntei a uma colega que estava junto com minha amiga se ela o conhecia, ela disse, conheço é o Ale, vou falar com ele. Não demorou muito e ela me disse, ele está te esperando num carro prata e me falou o local. Morrendo de vergonha entrei no carro e ele me disse:

- Oi qual seu nome?

- Ana

- E o seu?

- Ué, você não sabe meu nome?

- Ale, mas seu nome não sei.

- Então meu nome é Alexandre.

Me cumprimentou com um beijo no rosto, fomos conversando e descobri que eu conhecia sua família, pois coincidentemente trabalhava para seu primo.

As lembranças dessa noite não são muito claras, me lembro que trocamos alguns beijos, ele pediu para eu não o abraçar forte, pois havia sofrido um acidente de carro e estava com as costelas doloridas. Algumas horas juntos e ele me deixou em casa.

Olha para ser sincera, eu gostei muito, mas nessa época, o contato por rede social e celular não era algo comum, então não sabia se o veria novamente.

Alguns dias depois fomos no mesmo bar, ele estava lá, me falou que eu tinha perdido o brinco no carro, neste dia ficamos juntos novamente, acho que neste dia ele pegou o número de telefone da minha casa, e começamos a combinar nossos encontros

O Ale não morava na minha cidade, estava de férias na casa do pai e usava o carro do irmão.

Uma noite muito marcante foi uma em que ele me buscou e me levou até a sua casa, onde estava sozinho. Estávamos num clima muito gostoso, porque nosso beijo bateu, cheiro, pele, tudo. Apesar de muito resistente, acabei me rendendo e envolvida pelo momento transamos pela primeira vez, foi uma noite incrível, ele tocou violão, cantou para mim e me falou algumas coisas da sua vida inclusive que havia terminado um noivado há alguns meses atrás que o acidente de carro que tinha sofrido era no dia do seu aniversário.

Me recordo que nesta mesma noite ele estava deitado com a cabeça em meu colo e eu olhando para seu rosto pensei, eu não posso me apaixonar por você, mas já era tarde demais estava encantada e não demorou para estar apaixonada.

Passamos aproximadamente um mês juntos, nos vendo quase todos os dias, na minha casa, em sua casa, no carro.

Mas a paixão de férias estava chegando ao final, será?

Não, mesmo morando em estados diferentes continuamos mantendo contato por e-mail e telefone.

Ele me convidou para passarmos o Carnaval juntos eu com 19 anos fui sozinha para Santa Catarina, combinei com uma prima de outra cidade que estava indo para sua casa, de fato eu fui, mas antes fiquei 5 dias incríveis com ele, ficamos numa casa na praia com um casal de amigos do Ale.

Quando paro para pensar nas loucuras que fiz na minha vida, essa sem dúvida foi uma das mais gostosas que já vivi.

Sempre fui muito emotiva, não dava mais para esconder que eu estava apaixonada e ele sabia disso. Eu sentia que estava mais envolvida que ele, talvez pela idade, eu nova e sonhadora ele com 27 anos mais centrado, sentira que ele ainda era ligado na sua ex noiva, bom, não tinha o que fazer, mas isso também não me importava. Tinha consciência que nossa realidade era muito distante, eu estava realmente vivendo o momento.

Os dias passaram muito rápido, e o carnaval incrível estava chegando ao fim, ainda consigo lembrar com clareza desse momento, eu estava com um nó na garganta na rodoviária esperando o ônibus chegar eu não conseguia falar uma palavra, porque eu ia desabar de chorar e não queria demonstrar que estava sentindo isso, mas era em vão, com toda certeza que ele já sabia de tudo que eu estava sentindo.

Na hora de me despedir, agradeci pelos dias ao seu lado, demos um beijo, um abraço bem forte e o silencio falou por mim, entrei no ônibus e não consegui conter as lagrimas.

Não consigo descrever meu sentimento, eu estava apaixonada, sabia que tinha acabado, não sabia se íamos ficar juntos de novo.

Não posso deixar de falar que este romance tinha trilha sonora e versos de poema, trilha sonora porque o Ale era musico, compositor e escritor por hobby, ele me apresentou algumas bandas e músicas que gosto até hoje, Engenheiros do Hawaii, Cachorro Grande e Emmerson Nogueira, quando ouço é inevitável a sua lembrança.

Sempre gostei de escrever, não é à toa que estou, deixando essa história registrada.

Ale também escrevia, mas era outro nível, poemas profundos, nessa fase da minha vida também escrevia e minha fonte inspiradora era não poderia ser outra.

Depois deste carnaval nos falamos algumas vezes por celular, e-mail, mas tudo bem superficial, ele acabou se afastando um pouco.

Quarenta dias depois ele voltou para minha cidade, não me avisou, não combinamos nada, mas acabamos ficando juntos neste dia.

E essa era a última vez. Será?

Por um bom tempo cheguei a acreditar que essa tinha sido a última vez que tínhamos ficado juntos. Pouco tempo depois ele voltou com uma ex. noiva. Quando soube, fiquei triste, me lembro que escrevi um e-mail e falei varias coisas e depois disso, apaguei tudo que eu tinha sobre ele, e-mails, fotos, número do celular.

Enfim, durante meses não conseguia tira-lo da cabeça, o cheiro do seu perfume ficou marcado, tudo eu lembrava dele, sofri, é engraçado escrever essa palavra, mas era isso que eu definia que estava sentido, sofrendo por amor. Hoje eu dou risada em lembrar, mas na época eu chorava e me surpreendo em lembrar de cada detalhe.

Ok. O tempo passou, nem tanto assim, no final de 2007, no caso um ano depois, no dia do seu aniversário resolvi mandar uma mensagem de texto para parabeniza-lo, para minha surpresa, ele não estava mais namorando e foi super carinhoso comigo.

Dias depois nos reencontramos no período entre natal e ano novo, voltamos a ficar juntos, mas não era a mesma coisa, eu gostava muito dele, mas sentia que sua atração por mim era física. Eu estava de mudança para a capital lembro que ele falou, que legal vamos ficar mais perto e vamos poder se ver com mais frequência. Será?

Não, eu comecei a namorar e nos afastamos de vez, foi aí que eu consegui esquece-lo, ou pelo menos achar nisso.

Além disso, acreditei que absolutamente nossa história tinha chegado ao fim, sem saber que um dos melhores capítulos ainda iria acontecer.

Dois anos depois eu estava visitando minha família em um feriado. Ao chegar na rodoviária o avistei de longe, me deu um frio na barriga, minhas pernas ficaram moles, tive que disfarçar meu nervosismo, estava com minha família e ele com a dele, esperando o ônibus. Para minha surpresa, nosso ônibus era o mesmo.

Entrei primeiro no ônibus sentei no meu banco e pensei, aii tomará que ele venha aqui, es que Ale senta do meu lado e diz:

- Não é sempre que o acaso nos dá essa oportunidade na vida.

Engatamos uma breve conversa, até que o ônibus fez sua primeira parada na cidade vizinha, a pessoa que iria sentar comigo entrou, então fomos sentar em seu banco que era o último do ônibus, acabamos trocando os acentos para viajarmos juntos, acho que nessa altura estava escrito na nossa cara que queríamos sentar juntos.

Durante a viagem conversamos bastante, ele me contou que nesses dois anos teve um relacionamento que não deu certo e que no momento estava solteiro, eu estava namorando.

A nossa sintonia continuava a mesma, eu não estava acreditando que o destino tinha me colocado frente a uma pessoa que eu tinha sido apaixonada e que ainda mexia comigo.

Então, ao longo da viagem as luzes estavam apagadas e naturalmente um clima foi pintando entre nós, eu estava olhando para frente, sem me mover e comecei a sentir seus carinhos próximo ao meu rosto, beijo próximo a orelha, até que ele me falou:

- Nossa como você está cheirosa!

- Ué, mas nem passei perfume.

- Então é o seu cheiro e que cheiro bom você tem.

Eu estava com um misto de sentimentos dentro de mim. Não queria trair meu namorado, mas não estava mais conseguindo resistir, foi então que surpreendentemente fui em sua direção e nos beijamos e que beijo maravilhoso. O clima começou a esquentar, mas não passou de beijos e abraços, que aventura.

Chegando na capital nos despedimos e ele ficou em mim. Trabalhei pensando, fui para faculdade pensando nele e decidi escrever um e-mail para tentar me “justificar” pelo ocorrido, afinal de contas, o que eu tinha feito era errado. Para minha surpresa ele respondeu que eu não precisava me justificar que não mudava em nada o que ele pensava sobre mim.

Resultado, a paixão que estava morta, tinha aflorado dentro de mim, conversávamos pelo MSN e ele sempre me convidava para ir até sua cidade para ficarmos juntos.

No ano seguinte ele pegou carona com meu irmão, eu e minha cunha até a capital, mas nada aconteceu, foi a última vez que nos vimos pessoalmente.

Durante um tempo chegamos a trocar algumas mensagens e conversamos algumas vezes por telefone, mas ele iniciou um namoro e posteriormente se casou.

Relembro essa história olhando para trás e tendo um sentimento muito bom.

O Alexandre é uma pessoa incrível, encantadora, lindo e inteligente. Nossa paixão se é que posso chamar dessa forma, sempre foi intensa e diferente, não namoramos, mas vivemos um sentimento verdadeiro. A paixão passou, o carinho ficou e a história teve um ponto final.

Mallu Muniz
Enviado por Mallu Muniz em 14/03/2018
Reeditado em 04/09/2018
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