POR AMOR EU MATEI

Amar é sinônimo de vida e por amor eu matei. Homicídio doloso, com intenção de matar. Sou réu confesso, pobre caboclo, pele queimada de sol e castigado do tempo, isso se vê em meu rosto, meu olhar e meu jeito. Homem simples e trabalhador, típico daquele tempo em que a moça era cortejada com "flôr". Ah se eu pudesse e meu dinheiro "desse", compraria "praquela" moça todo um jardim, mas furtei uma pequena margarida da casa de uma senhorinha quando andava pela calçada. Tão frágil, tão doce, lembrou-me o cheiro e a delicadeza da sua pele, então logo suspirei. Com um sapato meio gasto, com a camisa amassada, o terno "véio" furado que do meu pai herdei, aquela calça curta, porém bem lavada, limpa e "enxuta" era minha farda desta vez. Ao chegar pela esquina, logo vi mesmo de longe tão linda, aquela que fazia, de amor e de alegria, meu coração pulsar. Ao me ver tão desajeitado, envergonhado, também "mal arrumado", disfarçou entre as amigas e fingiu não me conhecer. Aquele caboclo maltrapilho, com o cabelo penteado, segurando a humilde margarida, não se atreveria sobremaneira. Neste meio tempo em um carrão branco, surge o vizinho engomado, lhe toma nos braços e um beijo demorado acertou meu estômago fraco, nesta hora, não me contive, caboclo macho desabou, chorando como criança, senti vergonha e dei meia volta, mas meu Senhor me amparou, por isso peço perdão, matei o amor na minha vida, e não tenho absolvição. A pena é perpétua, em meu coração nenhum sentimento mais brotou quando eu disse: _MARGARIDA FOI O MEU ÚLTIMO AMOR.