Ao amor, o meu devaneio forçado - Parte 1

Como se ainda houvesse história, como se os versos ainda fizessem sentido, como se as paredes não tivessem ouvidos... Berros, gritos, xingamentos, frases bagunçadas, tudo fora de tempo. No meu relento, no meio da madrugada, me sento e penso: como acabou a graça dos nossos momentos? Pego um cigarro e acendo, crendo que haverá resposta para meu tormento, mas quem eu penso que sou por achar que tudo é questão de tempo? Cigarro aceso, a mente ainda consciente, a fumaça inalada como água ardente, queimando tudo dentro de mim. Sem fim, final, coisa de astral, sagitarianos eram para ser ciganos, mas acho que contigo, isso não fez parte dos meus planos. Me engano e me perco, por males naveguei em busca de lugares que eu sequer encontrei e viajei o mundo todo atrás de um abraço que pudesse curar a alma de um enfermo que é responsável pelos próprios erros.

Maldita insônia!

Na calada da noite, eu já devia estar no décimo sono, mas é quase impossível, já que não paro de lembrar dos teus lábios. Ah, que saudade de mordê-los...

Deitado em meios aos lençóis, suados e cansados, corpos grudados, barulho ensurdecedor do ventilador, tua voz sussurrando um ‘eu te amo’ pela primeira vez enquanto me abraçava e me acariciava. Sua voz falhava, nervosa, como se fosse a primeira vez que fizera algo daquela maneira com tanta intensidade e sinceridade. Meu corpo cansado, quase dormindo alinhado aos teus braços, apenas consentia e respondia com beijos e abraços. Eu queria viver aquele momento até o final dos meus dias, mas quem disse que depois dali, tudo só seria alegria? Dias passaram e o sentimento mais lindo do mundo parecia ter se tornado apenas um mero pretexto para ainda darmos beijos. O sentimento apodrecia, as garotas na rua começavam a roubar minha atenção e isso não era normal. Era você quem eu queria! Mas na lei do amor, já é claro: quem ama sozinho, se machuca sozinho.

Inferno!

Os dias de alegrias chegaram ao fim quando os rumores fizeram sentido para mim. Bastou uma viagem sozinho para entender o motivo do nosso fim. O amor selvagem, prazer carnal, corpos suados... Parecia uma lembrança nossa, mas era sua. Sua e suada, com os cabelos bagunçados, a barba por fazer, a camisa abotoada e a calça jogada pelo chão da nossa casa. O adultério desgraçado que desgraçou minha vida. A traição que serviu como aprendizado.

Final.

Encontrar vestígios de vocês pela nossa cama era um sensação amaldiçoada. Preferia não viver do que sentir aquilo. O peito apertado, o frio na barriga. Porra, eu ainda te amava independente daquilo...

Jarbas S
Enviado por Jarbas S em 08/04/2018
Código do texto: T6303340
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.