Desenho na areia

Sonhei o mesmo sonho por vários dias...eu escrevia algo na areia, fundo e apressado. Mas a onda vinha forte e desmanchava com a força da água. Todo sonho escrevia e em todo sonho a onda desfazia o feito...

Era domingo, dia de fazer a feira, tantas bancas com uma variedade de verduras, frutas, um cheiro de fritura no ar e de pastel com o cheiro forte de peixe, tudo junto e misturado.

Andava olhando para o rosto das pessoas, ato que a muito tempo não fazia. Estava cheio, pessoas com carrinho de bebê, outras de bicicleta congestionando o pouco espaço entre as bancas.

Buscava laranjas, e de longe vi a banca das laranjas, andei com um passo mais apressado. Chegando na banca comecei a escolher, ao colocar a mão sobre uma laranja dei de encontro com outra mão na mesma laranja.

Desculpa! - Disse ele.

Quando olhei era um rapaz, muito bonito!

Tão bonito quanto as laranjas.

Saí da feira e desci a rua, o sol estava alto, atravessando a rua alguém que andava ao meu lado perguntou se eu sabia as horas.

É meio-dia.- Respondi.

Como voce sabe? Nem olhou o relógio! -Disse a voz.

Virei a cabeça e respondi:

-Eu sei pela posição do sol! Meus avós me ensinaram.

Tal foi minha admiração quando não só vi que era rapaz da banca das laranjas, mas sim com a resposta que ele me deu;

- Engraçado, a gente aprende essas coisas quando jovem e com o passar do tempo esquecemos, feito desenho na areia desmanchados pelo mar.

Deu um sorriso e entrou na rua desaparecendo da minha vista.

Fiquei um tempo em pé, sem entender direito o acontecido, de repente não sabia mais se vivi aquilo, se foi um déjà vu ou imaginação da minha cabeça...Sabe eu não me lembro mais como a gente começou a namorar...quando Diego chegar vou perguntar e te conto, ele lembra como foi.

-Vó, o vô Diego morreu. Quando eu tinha 10 anos, lembra? Ele não está mais aqui.Vamos, está na hora de ir para casa.

Continua....

Priscila Ferrer
Enviado por Priscila Ferrer em 25/05/2018
Código do texto: T6346643
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