TE ENCONTREI E TE PERDI

Parte I

Foi em uma segunda-feira trinta de março de dois mil e dezoito, que Laura e Arthur se encontraram oficialmente pela primeira vez, eles só se falavam no trabalho. Foi em um finalzinho de tarde que tudo aconteceu, resolveram se encontrar em uma sorveteria que ficava no teatro Municipal de São Cristóvão. Como de imaginar os dois pontualmente estava no local marcado e com sorrisos nos lábios eles se abraçaram. Sentaram enquanto degustavam um delicioso picolé, aos poucos os dois ia se sentindo à vontade e a conversa começou a fluir, falavam sobre suas vidas suas lutas, sobressaltos..., família, projetos que desejam conquistar. A cada história contada por ele, Laura ficava mais admirada por aquele rapaz! Era oito anos mais novo do que ela, por um momento isso assustou-a. Pensou: Como pode!? Eu, encantada por alguém tão diferente de mim. Isso por que não era só a idade; Arthur tinha outros atributos que se distanciava bastante de Laura. Ele era Advogado e ministrava aulas na mesma escola que ela trabalhava, pertencia a uma família com um poder aquisitivo muito melhor do que o dela, além do mais era evangélico e possuía algumas ideias já bem fixadas que futuramente ela iria saber. Diferente dele, ela era Professora, a família não possuía bens, perdeu o pai quando tinha 23 anos, filha única, não possuía nenhum parente na cidade que morava. Depois que seu pai faleceu e ela casou, sua mãe resolveu retornar para a cidade de origem. Mesmo os dois sendo tão diferentes, ela sentia a necessidade de ir mais adiante.

Ela contou um pouco da sua história. Laura vinha de um relacionamento de 17 anos, sempre foi uma mulher apaixonada pela vida, apesar de todo sofrimento, acreditava que deveria manter sua essência mesmo que não fosse reconhecida, amiga, fiel e romântica por natureza. Acontece que as histórias de amor nunca são iguais como dos contos de fadas; seu príncipe não era príncipe e muito fez Laura sofrer. Muitas idas e vindas, até o momento que resolveu se casar, contudo sabia que o passo que iria dar era bastante incerto, já que não confiava mais em seu futuro marido, o tempo passou e o inevitável aconteceu. Eles se separaram. Nunca tiveram filhos, talvez, a certeza de não o amar fizesse desisti de constitui uma família completa.

Quando conheceu Arthur, ela ainda era casada, contudo sempre manteve o respeito, apesar que sentia algo diferente por aquele rapaz. Na sua mente era improvável que acontecesse alguma coisa entre eles. O destino prega peças e cinco meses depois da separação, estavam eles sentados conversando. O tempo passou sem que eles percebessem, já era noite. Resolveram comer alguma coisa. Laura deu a sugestão de comer uma esfiha paulista, acabaram comendo tapioca na praça da cidade, foi quando a história começou a ficar interessante.

Arthur também demonstrava interesse por ela, por mais cuidado que tivesse nas palavras seus olhos o enganavam e a verdade se apresentava para Laura. Ela possuía uma sensibilidade capaz de desvendar o que estava escondido por trás de toda sinceridade que Arthur fazia questão de frisar. E foi quando ele disse que alguém que fez parte do seu passado reapareceu, o quanto foi importante e que não sabia o que estava sentindo. Além de colocar todas as outras dificuldades, caso resolvesse se envolver com Laura. Jamais seria aceita pela família dele, eram bastante conservadores. Isso explicava muito sobre a personalidade de Arthur. Sem ainda saber, Laura estava apaixonada por ele, e disposta a encarar qualquer diversidade. Insistente como sempre foi, usou de todos argumentos para convencê-lo. E foi inútil. A tristeza começou a instalar em seu coração. Ele percebeu que algo estava diferente e aos poucos ela conseguiu desconversar.

Resolveram então ir embora, como um cavalheiro, Arthur levou-a para casa. Enquanto estavam no carro, Laura em súbito desespero puxou-o para perto dela e o beijou-o. Foi o beijo mais doce que ela sentiu. Seus corpos tremiam e o que antes era frio tornou-se fogo. Ao chegar na casa de Laura, os dois se beijam ardentemente seus corpos eram puro desejo como se estivesse esperando por aquele momento há muito tempo, e talvez estivesse.

E como em um parque de diversões os dois se deliciavam de tanta volúpia; as mãos de Arthur passeavam pelo seu corpo, tocando-a intensamente, sua boca quente deslizava pelo seu pescoço, seus seios, levando Laura ao êxtase. Seu membro enrijecido de tanto prazer e a vontade imensa de ir mais além...ela desejava que o tempo parasse que aquele momento não tivesse fim. E em seu íntimo pensava: Deus, este é o homem que procurei por todo o tempo, sinto amor em cada toque, em cada olhar, em cada abraço, tudo é como sempre sonhei! Estou disposta a lutar por este amor, basta ele dizer sim. Enfrentaria o mundo para viver ao seu lado. A escuridão se tornará luz, e serei eternamente grata por ter encontrado ainda nessa vida o amor. E subitamente ela voltou a realidade e aqueles olhos que a encarava com tanto afago estava prestes a partir. Ele precisa ir. No fundo ela sabia que quando ele passasse pelo aquele portão, era certo que não voltaria mais. O amor que foi manifestado por Arthur, estava tão magoado pelo passado, tão inseguro como um animal acuado que reage de forma inesperada para se proteger.

E com lágrimas e soluços, Laura o viu partir, então deitou-se em posição de feto e na escuridão daquele quarto adormeceu com um sentimento de derrota e imensa solidão.

O amor chegou abraçou-a e partiu.