Minhas Recordações cap.7

capitulo VII- DECEPÇÕES E ESPERANÇA

(...) e mais uma vez o mundo estava para acabar, saindo do banheiro, meus olhos me deixaram te ver, se despedindo dela, com um abraço e um beijo, que eu achava que eram somente meus. Como uma estatua olhando aquela "ceninha", sem que ele percebesse me aproximei, tocando em seu ombro para chamar sua atenção lhe disse: “parece que vocês, foram apresentados néh, que ótimo!”, sem parar de andar em direção a qualquer lugar longe dali continuei e eis que o “cordeiro” veio seguindo- me, “me desculpe por isso, por favor, achei que você não me quisesse mais”, “você esta certo, não te quero mais”. Dessa vez sem lagrimas, começamos uma briga e ele impaciente cheio de raiva, calou mais uma vez com um beijo a minha boca e boba, sem reação não pude fazer nada menos que corresponder aquele beijo que esperei a semana toda, por alguns minutos tudo parecia calmaria novamente.

E sem cessar partimos para aquela rua que nos dava liberdade e sem nenhuma palavra continuamos a nos beijar e nos olhar, como se fosse a ultima vez, com tanta intensidade e se eu ameaçasse de falar logo mais uma vez ele me beijava e sua doçura era irresistível e nada eu podia fazer a não ser corresponder cada movimento labial. E foi assim o resto daquela noite tão intensa.

Já em casa uma mistura de sentimento tomou conta de mim e pude entender como o amor poderia doer, estava decidida a não mais sentir aquela dor, mas parece que o universo entendeu tudo errado, pensando que eu não queria mais te ver fez com que você não aparecesse durante o fim de semana, mas com tanta esperança e medo de que você tivesse doente, não entendia o seu sumiço, as semanas passavam e você não, os dias se tornaram cinzas, logo não fazia mais diferença se no céu estava a lua ou o sol, se o dia estava chuvoso ou ensolarado, foi durante esses dias que descobri o gosto pela escrita, muitos poemas em um caderninho, frases e rabiscos e de repente uma ideia, vou escrever uma carta e a mesma se transformou em um rolo de papel de cartas com versinhos, com palavras que vinham do coração enumeras paginas escritas a frase “ EU TE AMO!”, essa cartinha tinha pelo menos uns cinco metros. Conversando com um amigo dele, contando tudo o que tínhamos vivenciado á meses atrás, e louca por noticias suas, mas sem sucesso, ele não sabia por onde você andava, mas se propôs a entregar a “cartinha”, entreguei pra ele, mas foram muitas semanas até que finalmente esse amigo conseguisse entregar a correspondência, “e ai? Como ele esta? quando vem pra cá?”, “ele esta bem, disse que não sabe quando vem, depende quando pai dele vier pra cidade”, “ele leu a carta? O que ele falou?”, “não disse nada, mas gostou bastante”.

De alguma maneira eu sabia que tinha algo errado, parecia que ele estava e evitando, sei lá!

Mil coisas acontecendo, meses se passaram e nada, nenhuma resposta, ele não apareceu, nem mandou se quer um recado. E os dias cada vez mais cinzas, e a tristeza cada vez maior, parecia que minha vitalidade havia sido arrancada, um misto de raiva e revolta começou a tomar conta do meu coração e a procura de alguém que pudesse substitui-lo começou.

Só não beijava minha boca quem não queria, foram muitas bocas, mas nenhuma tinha aquela doçura, eu tentava reproduzir cada momento com qualquer um, mas ao abrir meus olhos percebia que o ator principal de cada cena não podia ser substituído, então toda noite antes de dormir as lagrimas eram derramadas até adormecer e começar tudo outra vez no outro dia.

Chegou então o ultimo dia do ano de 2004, para comemorar a chegada de um novo ano, uma festa na praça e lá vou eu, decidida a beijar no mínimo quatro meninos. Na praça uma linda estrutura montada, musica muita gente de roupa branca. Como de costume a turma toda reunida, dançando e os mais velhos até bebendo, após alguns minutos do novo ano começar, ainda não tinha beijado ninguém, então resolvi dar uma volta por ali, pra ver quem seria o escolhido.

Caminhando em direção ao banheiro, selecionando os candidatos, e sem que pudesse acreditar em nenhuma possibilidade de ver o meu amor, já que minhas esperanças tinham sido anuladas pelo seu sumiço, ali estava ele, despretensiosamente conversando, mais uma vez o nosso olhar parecia que tinha imãs, atraíram-se e nem andar eu consegui mais e percebi que sua boca se calou e seu sorriso se desfez e por sei lá quantos segundos nos admiramos com um olhar triste. Então minha imponência não me permitiu sorrir e enrijecendo as pernas caminhei até o banheiro, onde pude liberar toda a sensação de falta de ar, felicidade, raiva, amor, ódio, amor novamente, alegria em ver que você esta vivo, um misto de sentimentos percorreu o meu corpo e ao mesmo tempo em que eu não queria vê-lo, me imaginava pulando em seu abraço e beijando aquela boca, pois eu sabia que era a única capaz de me acalmar a alma. Decidida a sair dali e desviar do caminho que ele estava, a final ele praticamente me abandonou, já estava sobrevivendo sem ele á algum tempo e assim eu iria continuar.

Mas ao sair do banheiro, me deparei com ele em pé perto de uma árvore, sozinho, com as mãos no bolso, olhando para a porta com certeza á minha espera, sorriu dizendo “feliz ano novo!”. Absolutamente eu não estava entendo nada, mas educadamente acenei com a cabeça e sem parar respondi “feliz ano novo pra você”, “eii, estou aqui, me abraça!” , “não, se afaste e me esquece, por favor!” , “juro que tentei, mas não consegui, por isso estou aqui” , “vai embora, me deixa, porque você esta fazendo isso comigo, já não chega tudo o que me fez passar esses meses, sai de perto de mim”. E com um golpe em minha cintura, aproximando-me dele, de maneira a sentir sua respiração, seu cheiro e mais uma vez mergulhando em seus olhos, me disse: “tem certeza que é isso mesmo que você quer, porque eu quero muito te beijar e vou fazer isso de qualquer jeito, mesmo que você não me queira mais eu vou te beijar, depois você pode ir” e sem ouvir minha resposta àquela boca mais uma vez tocou a minha e por um segundo ou dois, talvez um minutos eu permiti seu beijo, mas enquanto ele me beijava eu me lembrava das noites frias e dos dias cinzas e com um impulso me afastei e rapidamente sai daquele lugar, já aos prantos, não sabia sequer onde eu estava, mas ao ponto que eu me afastava daquele lugar a mente ia se reposicionando e depois de sentar na calçada, respirar fundo e me acalmar, percebi que ele estava a poucos metros de mim e se aproximando lentamente. “desculpa-me por ter sumido, não era o que eu queria, eu sei que te fiz sofrer, isso também não era o que eu queria, mas olha pra mim, vamos conversar!” “Não temos nada pra falar, tudo o que tivemos foi lindo, mas foi só pra mim, você nem respondeu minha carta, sumiu, eu sofri muito, pois estava realmente apaixonada por você, a melhor coisa é esquecermos tudo isso!”, “você tem razão, mas preciso te falar que as coisas não são assim como você pensa”, “ você gosta de mim? preciso saber se você gosta de mim!”, “Acho que você gosta muito mais de mim do que eu imaginei”, “ não me respondeu!”, um silencio cruel, um beijo calmo e cheio de carinho, mais uma vez me vi em seu colo, entrelaçada pelo seus braços, de onde eu jamais queria sair, uma noite linda onde pela primeira e única vez eu pude ouvir “Te amo”. E ficamos assim durante toda a noite, você me contou um pouquinho de sua vida, que tinha só um irmão, seu sobre nome e em meio aos seus beijos eu fiquei perdida, boba e nada me fazia mais feliz que estar ali.

E com a promessa de que voltaria na próxima semana para assumir um compromisso serio diante de todos e pedir minha mão em namoro, nos despedimos, mas aquela noite eu ria dormir tão feliz, agora era diferente, tudo seria como sonhado, foi uma semana cheia de fé e esperanças, colorida como o arco íris (...)

MCantalupe
Enviado por MCantalupe em 04/06/2018
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