SOMOS JUNTOS, MAS NÃO NOSSOS.

Ele a queria perdidamente, insistentemente, diariamente,

mas sabia que não seria sua.

Ela disfarçava sorrateiramente, mas loucamente

dava pistas de que também queria.

Ela dizia que ele precisava de um “outro” alguém,

mas no fundo queria que este alguém fosse ela.

Ele ouvia com fingimentos e concordância,

mas sabendo consciente do melhor alguém que poderia ter.

Eles sonhavam com beijos,

mas contentavam com os risos;

se queriam totalmente,

mas se saciavam com abraços.

Projetavam sobre os dois,

mas se realizavam nas conquistas pessoais um do outro;

queriam um amor eterno,

mas se enrolavam com amor de verão.

Poderiam eles temerem,

baseando-se em experiências passadas?

Seria o medo de comprometer a amizade?

Ou será que aquele amor tão intenso e verdadeiro

não os deixava suficientemente seguros?

Eles se amavam apesar disto,

escondendo os medos e disfarçando os desejos;

resistindo os toques,

desiludindo as intenções dos sorrisos.

Amavam loucamente,

mas não amavam por amar.

Faziam do cinza cor,

e às vezes do arco-íris cinza.

Alimentavam o amor da euforia

de querer o inatingível,

desejar o improvável

e sonhar o impossível.