Para tentar adormecer

Deitado sobre a cama, assistia novamente a serie de comédia que lhe trazia sempre um riso ou dois, mesmo entoando as piadas que já sabia de cor. Com o frio batendo em sua janela, sentia a tristeza da "solidão" da sua cama, agora, só sua. Levanta-se para ir ao banheiro e ao ir pegar o casaco, cai sobre si um detalhe deixado para trás, era apenas uma foto, ele via uma vida inteira. Por um momento seu coração se corta, seu olho se enche de lagrimas, mas não permite que nenhuma escorra. A meta era ser forte.

Pós série, começou sua luta diária contra sua constante dificuldade para adormecer, agravado pelos milhares de pensamentos que o confundem. Sente que mesmo cansado da rotina de trabalho, das poucas horas em que dormiu recentemente, o seu corpo não está cansado o suficiente. Sentiu que precisava de exaustão física para conseguir descansar, ao menos, um pouco. Decidiu então sair para correr. Pegou o tênis, amarrou, colocou seu casado velho e partiu. Era 00:30, fazia menos de 10 Graus, em uma terça-feira. Era irrelevante. Durante a corrida, a todo momento procurava um jeito de se reinventar, de seguir em frente. A todo momento se sentia tolo, fraco. Durante toda a corrida lutava para cumprir a meta. As pernas já fadigadas, os pés doloridos, peito ofegante, o suor escorria pelo corpo todo e ainda não se sentia exausto. Se sentia um fracasso. Seu melhor não era o suficiente para quem ele amava. Nesse dia, não conseguiu cumprir a meta.

Chegando em casa, por volta das 03:15, foi rapidamente para um banho. Perdeu alguns minutos em baixo do chuveiro. Achava injusto os contrastes que a vida lhe apresentava. Dentro do seu egoismo gigante, pensava como era injusto as coisas que aconteciam com ele, mesmo sabendo que no fundo, era o único culpado. Deitou em sua "solidão" novamente e tentou parar de procurar respostas. Não dormiu, só se levantou novamente. No final das contas, era a unica opção que ele tinha. Levantar, mesmo cansado, mesmo abatido, mesmo destruído. Ele tinha que se levantar. Se levantar e seguir em frente.

João P Oliveira
Enviado por João P Oliveira em 19/09/2018
Reeditado em 28/09/2020
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