Taição

Era noite quente do mês de novembro. O sol estava brilhando muito forte durante o dia e à noite, uma leve brisa soprava fazendo com que a temperatura baixasse dos trinta graus para uns vinte e poucos graus. Ainda com os resquícios do forte calor, a meninada brincava pela rua, uns brincavam de pique pega, outros de rouba bandeira, outros de futebol de rua e outros tipos.

Um pouco afastada daquele local, encontrava-se a jovem Rita. Muito bonita, com os cabelos longos até a altura da cintura, fazendo um certo funil entre as costas e uns cinco dedos da cintura. Cabelos bem pretos. Rosto magro e uma pequena pinta no rosto. Os olhos eram verdes, muito semelhantes à cor de limão, bem claro. Os dentes eram muito brancos iguais aos cristais de gelos polares, parecidos também com os pelos de ursos polares, aqueles encontrados na mais extrema neve. Os seios pequenos e muito empinados. O nariz pequeno, meio pontudo e se arremessando para cima. As sobrancelhas estavam trabalhadas e um pouco cerradas faziam do rosto um dos mais lindos. A pele era lisa e puxava para um tom moreno. O corpo muito esbelto e bem traçado, tornava-a uma jovem muito atraente e sex.

Com todas as dádivas que a natureza lhe deu, era triste e somente saia de casa para trabalhar no escritório de advocacia de seu pai. Não tinha muitos amigos, a não ser alguns colegas de infância, de poucas colegas do colégio e um pequeno número limitado de companheiras do curso de Direito da faculdade. Muito modesta, ainda aguardava o estado de luto pela morte do namorado, em um trágico acidente há três anos. Viviam juntos e tinham planos de casamento ao término do curso da faculdade. Ele era piloto de avião em uma companhia de taxi aéreo e se acidentou quando um forte vento de cauda descontrolou a aeronave, fazendo com que ela girasse para cima e arremetesse fortemente para baixo, trazendo consequentemente uma pequena chama que se alastrou imediatamente, consumindo tudo o que ali estava. Foi uma grande tristeza por parte das famílias e Rita jurou que nunca mais namoraria com ninguém, nem mesmo se aparecesse o príncipe encantado, ela o recusaria.

O tempo foi passando e Rita se via jururu a cada dia. A rotina era trabalho, faculdade, casa e ir à missa, aos domingos. Não mais saia para nada. Nem mesmo atendia aos telefonemas de algum interessado. Continuou morando sozinha na casa e de vez em quando, nos finais de semana, vestia-se o short, a blusinha, calçava o tênis e gostava de caminhar em volta do parque, rodeado de árvores e muitas flores. Colocava-se um fone no ouvido para escutar as músicas preferidas e também era motivo para não ouvir algumas piadinhas de algum interessado em paquerar consigo.

Conforme o tempo foi passando, já formada e exercendo a profissão, foi ela trabalhar na capital, porque foi aprovada em um concurso federal. Ficava entre a cidade natal e a capital. Nos finais de semana, ela estava na cidade. Já não se comportava da mesma forma de antigamente. Saia com algumas amigas, ia às festas, tomava cerveja e refazia a vida, antes encarcerada, de luto pelo namorado.

Rita tinha uma agenda cheia. Mal dava tempo para cumpri-la. Cursos, reuniões, baladas, festas, trabalho, enfim, a rotina mudava a cada dia e sempre algo novo estava transformando aquela rotina.

No apartamento onde morava, localizado na capital, Rita fez a decoração a seu estilo. Quadros de pinturas clássicas, vasos de flores, carinho com taças e bebidas de várias marcas, televisão de tela grande, quarto e cozinha modernos, enfim, ela fez uma reviravolta na vida. Em homenagem ao eterno amor da vida, ampliou uma linda foto onde os dois apareciam sorrindo e tomando champanha em copos cruzados. A tal foto era muito grande e ocupava meia parede do apartamento.

Com a mudança feita, Rita voltou ao estilo jovem. Paquerava, namorava, saia com amigos e amigas.

Certo dia, ela conheceu um jovem viúvo, que era professor de Física no colégio perto de sua casa. A amizade dos dois crescia a cada dia. No trabalho, conheceu outro homem, que também a amizade foi caminhando no dia a dia. Assim, virou a rotina dos três. Muitas conversas, vários assuntos, vários pretextos, enfim, o cotidiano estava em alto astral.

Duas semanas seguintes, ela comemoraria mais um ano de vida. Chegou perto do jovem professor e o convidou para ir ao apartamento, pois fariam um jantar a dois. Com a agenda cheia de serviço, Rita esqueceu do convite e convidou, também, o amigo de trabalho, o qual aceitou alegremente e imaginou coisas, porque Rita era linda e um corpo sex.

Passaram-se os dias. A data do aniversário chegou. Rita não foi ao trabalho. Foi ao supermercado e comprou muita coisa para o jantar. Ela mesma preparou e decorou a mesa ao estilo romântico, porque tinha mais afeição ao jovem professor.

Na hora marcada, chegou o professor. Com lindas flores e uma embalagem personalizada, ele a cumprimentou e lhe deu um forte abraço e um longo beijo. Assustada com a atitude do professor e fervendo de amor por ele, ela não se hesitou e pensou que a foto dela com o antigo namorado iria atrapalhar aquela noite, que juravam ser a noite mais linda de suas vidas. Pegou uma escada que estava na área de lavanderia, colocou-a perto da parede e virou a foto ao contrário, porque ali eles poderiam amar, poderiam fazer de tudo que é permitido quando duas pessoas se amam.

A campainha toca e assustada, Rita pede para o professor ir se esconder no quarto, porque lembrou que também tinha convidado o amigo de trabalho para a festa a dois.

Meio desconfiado, ele vai para o quarto e pensa que seria o entregador de flores que iria entregar um buquê de flores comprada antes de chegar ao apartamento de Rita.

A voz se espalha pela sala e logo o colega de serviço entra pelo apartamento e dá um forte abraço e um beijo em Rita. O professor ficou assustado com o silêncio e foi ver o que se passava. Quando viu a cena entre Rita e o outro, ficou perplexo, dizendo:

- O que está acontecendo?

- O amigo de trabalho de Rita, de nome Mauro, olhou para o professor e respondeu:

- Você vai explicar.

Não se entendendo mais, os dois começaram a discutir e somente não saíram aos tapas por muita imploração de Rita. Saíram discutindo e não voltaram mais.

Desolada, Rita olha para todos os lados e não se conformava com o acontecimento. Dois homens brigando por causa dela, imaginava consigo mesma.

Olhou em direção ao retrato que estava virado para a parede de disse, em voz alta:

- Perdão, meu eterno e grande amor. Hoje pensei em te trair, mesmo estando longe, na eternidade. Os meus sentimentos e o meu amor por ti são imensos, que estando longe de mim, separados pela eternidade, o nosso amor é verdadeiro, é eterno. O nosso amor jamais acabará. Estarei jurando a ti que jamais olharei para outro homem. Se esta fotografia está aqui é porque ainda estamos juntos e seremos juntos até o dia de minha morte.

Chorando e querendo que aquela marca de dia passasse de sua mente, Rita redecorou o apartamento. Substituiu o carinho de bebidas e as taças por livros, fotografias dela e do antigo namorado e jamais tocou em outro homem, até o dia de sua morte.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 30/11/2018
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