Amarelado

O quarto está quente. As janelas batem. O vento está lá, você pode sentí-lo. O movimento das horas te sufocam e te trazem conforto. Você se esconde dentro da sua escuridão. Já não sei mais o que significa ser você, e ao mesmo tempo, entendo você completamente. Talvez este lugar esteja te procurando, esperando sua resposta no nosso lugar secreto.

Você olha pela janela, é verão. Você balbucia sobre como o suor, de encontro com o vento que atravessa o nosso quarto, traz sagacidade a pele. Sorrio. Quando abro os olhos já não sei mais o que significa ter você. Talvez o mundo grite. Encosto a nuca da cabeceira de madeira. Talvez eu peça para o mundo girar. Você sorri no meu pensamento. Sinto falta desse sorriso.

Peço ao universo que socorra o meu pranto. Os olhos apertam, os dentes trincam. O lençol sente toda a minha força. O suor escorre pelas minhas costas. Você aperta a minha costela, sussurra "mesmo que não venha mais ninguém...". Penso no quão menino você é... Será que você se redescobriu? Nos comunicamos de novo?

O que teremos para falar? Tenho medo de estar perto de você, e ao mesmo tempo, tenho medo dessa nossa distância. Meus olhos apertam. Seus lábios me encontram. Talvez eu devesse te ligar, mas a coragem me sufoca. Na.minha cabeça tudo acontece.

Olho para o lado. A luz do dia corre pelo quarto. Lá fora a vida surge. E meu sorriso amarelado espera encontrar você.