Lara

Um ano se passou. Hoje pela manhã a chuva dançava no telhado e o frio anunciava o fim do verão. Meus pés permanecem quentes, mesmo com o meu corpo totalmente nu e frio na cama. O barulho da chuva aumenta e quebra o silêncio vazio do quarto enquanto tento, lentamente, me levantar. A sala cheira a café fresco. Sento no sofá e tento de novo começar o dia como no dia anterior. Lara foi embora, deixando seu cheiro em meu quarto e uma imensa tristeza em meu peito. Não pretendo me estender, falarei sobre quem é Lara: a mulher que partiu o meu coração e a mulher mais linda que já conheci. Ela apenas partiu o meu coração…mas afinal, qual o poeta que nunca teve o seu coração partido? As noites de abstinência são curadas com folhas e folhas de poemas. Escrevo compulsivamente sobre qualquer coisa do mundo que me faça sofrer pouca coisa. Estou há seis meses esperando a Lara me escrever. Talvez seja uma grande tolice, Lara me esqueceu. Lembro como se fosse hoje: ela saiu pela porta dizendo que nunca mais nos veríamos, embora eu tivesse insistido para ela ficar. Suas palavras eram sólidas como gelo e esfriaram o meu coração. Lara soltou a minha mão e partiu. O que restou de nós está guardado em minha gaveta e no álbum de fotos. Na gaveta, o casaco que ela esqueceu ainda tem o seu cheiro. No álbum de fotos, uma lembrança registrada em um de nossos melhores momentos. Caminhando pela rua agora, posso observar o barulho da cidade e pensar em como existe caos em tudo. Bem, é hora de voltar para casa e escrever sobre todas as coisas do mundo.

Carolina Duvir
Enviado por Carolina Duvir em 22/03/2019
Reeditado em 01/12/2021
Código do texto: T6604182
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