Amor Pleno

“- O amor é para sempre?”

Tanto insistia em caminhar buscando o amor, que o via distante no horizonte a cada passo que dava em sua direção.

E doía! Dilacerava. Não se conformava.

Lembrara que há quase uma década, tinha o amor em gestos tão simples e sutis que naquele instante, fizera-o sentir segundos de felicidade, sendo tragada pela tristeza do fim.

“- O amor é para sempre?”

Passara manhãs, tardes e noites com a então companheira amada, que a cada despedida, pés para fora do portão e passos contínuos rumo a sua casa, olharia para a janela daquele apartamento, no último andar, com a certeza de que ela estaria dando mais um “tchau” seguido de um “até logo” e selado com gestos labiais que facilmente entendera ela falando: eu te amo!

“Mas o amor é para sempre?”

Tardou descobrir que, mesmo após o fim de todo e qualquer romance que vivera intensamente, toda e qualquer nova paixão passageira, todas frustrações que o colocava mais distante a cada passo no horizonte com as mãos esticadas querendo alcançar o amor pleno, já havia semeado e gerado esse sentimento com aquela que deixou de aparecer na janela a cada despedida.

Parou de se lamentar!

O amor tomara forma.

Seguira rumo a sua casa. Olhara para o último andar daquele prédio, e lá estava metade dele e dela, acenando com suas pequenas mãos, dando “tchau”, despedindo-se com um sorriso de “até logo” tão radiante que não conseguira mensurar o quanto sentia seu peito preenchido de alegria ao ler os lábios que diziam: te amo, papai!

“O amor é para sempre!”

Hugo César