Frações

"Mas isso é um absurdo!"

Não era. Podia ser até meio estranheza. Podia até ser dois terços surpresa. Mas, um absurdo? Um? Inteiro? Não, não era. Tanto que, um nono dela, sabia do todo, sabia daquilo tudo, e já fazia tempo. E era bem aquele um nono. Aquele um nono que ela tanto desconsiderava, que ela tanto anulará, que esteve apagado todo esse tempo, agora estava lá, estava firme e forte, em algum lugar, mas estava. Mas na hora não foi suficiente. Na hora aquele um nono de paixão, de calor, de sentimentos, de possibilidades, de probabilidades, de tesão, de risco, de coragem, de sonhos, de futuro, de amor, aquele desejado um nono fora reprimido, por oito nonos da mais pura e simples frieza racional. Normal, não?! Um nono sempre foi menor que a soma do resto.

"Podemos continuar amigos?"

Foi quase meio minuto de sentimentos ao ar, para continuar onde estava?! Por mais que eu não transparecesse, podia jurar que ali tinha, pelo menos, três quartos de desaforo, pra não falar sete oitavos... Meio embuste, um sétimo de chacota, quatro décimos de desprezo... Eu sei, já passou do todo faz tempo, mas contra a gente, uma ofensa é sempre maior que um. Sobre o pedido? Bom, já sabem... Claro que aceitei. Pra quem não tem nada, metade é o dobro... Dizem...