A CIGANA E O CONDOR

EM UMA FLORESTA DISTANTE, AO NORTE DA EUROPA VIVIAM OS NÔMADES CIGANOS CONHECIDOS PELA ALEGRIA E PELA BELEZA DO SEU POVO FESTEIRO. ELES VIVIAM EM TENDAS COLORIDAS, FESTEJAVAM E DANÇAVAM AO LUAR. NESSA COMUNIDADE NASCEU RAIO DE LUAR.

A CRIANÇA RECEBEU ESSE NOME PORQUE NASCERA BRANCA COMO A NEVE, OS CABELOS NEGROS COMO ASAS DE UM CORVO E A BOCA VERMELHA COMO O SANGUE. A MENINA CRESCEU EM GRAÇA, INTELIGENCIA E SEDUÇÃO.

DENTRO DA COMUNIDADE A JOVEM CIGANA JÁ DESPERTAVA INVEJA DAS MULHERES E A COBIÇA DOS HOMENS, SEMPRE QUE DANÇAVA EXALAVA SENSUALIDADE DEIXANDO OS HOMENS AO SEU REDOR ENFEITIÇADOS PELA SUA BELEZA EXÓTICA E PELAS FORMAS SENSUAIS DE SEU CORPO BRANCO.

MAS, APESAR DE SABER QUE ATRAIA E QUE PODERIA TER QUALQUER CIGANO AOS SEUS PÉS A BELA CIGANA SENTIA UM GRANDE VAZIO EM SEU PEITO. CERTA MANHÃ, A JOVEM RESOLVEU CONSULTAR A SORTE NOS TARÔS COM A VELHA CIGANA.

LOGO QUE AMANHECEU ELA CAMINHOU LENTAMENTE EM DIREÇÃO A TENDA VERMELHA E RASGADA DA VELHA VIDENTE. ENTROU E SENTOU-SE NO CHÃO. ESPEROU AINSIOSA ESTALANDO OS DEDOS NERVOSOS. APÓS LONGA ESPERA SURGIU ATRAS DE UNS VELHOS TRAPOS UMA FIGURA MAGRA, DESGASTADA PELO TEMPO, COM CABELOS BRANCOS PRESOS EM TRANÇAS GROSSAS, ESTAVA COBERTA COM UM XALE COLORIDO E DESCORADO PELO TEMPO.

A VELHA ABRIU UM SORRISO SEM DENTES E PERGUNTOU DOCEMENTE A JOVEM CIGANA: “O QUE BUSCAS MINHA CARA RAIO DE LUAR? ” A JOVEM PAROU UNS INTANTES PARA PENSAR E REPONDEU: “DESEJO CONHECER O MEU FUTURO”. A VELHA CIGANA OLHOU ATENTAMENTE PARA A CIGANA, OBSERVANDO CADA MOVIMENTO DO SEU SEMBLANTE E RESPONDEU DOCEMENTE: “MINHA CARA, CONHECER O SEU FUTURO PODERÁ LHE TRAZER IMENSO SOFRIMENTO”.

NESSE MOMENTO, A JOVEM CIGANA, SEM PRONUNCIAR NENHUMA PALAVRA APENAS BALANÇOU A CABEÇA AFIRMANDO QUE ESTAVA PRONTA PARA SABER. A VELHA PEGOU AS PEDRAS DE TARO E AS JOGOU SOBRE A MESA.

OLHOU-AS POR UM MOMENTO ATENTAMENTE E DISSE: “ SEU DESTINO NÃO ESTÁ ENTRE OS SEUS PARES NESSA COMUNIDADE, SE PERMANECER AQUI ENCONTRARÁ SOMENTE TRISTEZA E MELANCOLIA. O AMOR QUE TANTO ANSEIA ENCONTRARÁ NAS LONGIGUAS MONTANHAS CONHECIDAS POR CORDILHIERA DOS ANDES.

A JOVEM, MUITO CURIOSA PERGUNTOU: “O QUE EU DEVO PROCURAR NO ALTO DAS MONTANHAS” A VELHA RESPONDEU: “NO ALTO DAS MONTANHAS VIVE UM CONDOR, NEGRO COMO SEUS CABELOS, E FOI ENFEITIÇADO POR UMA CIGANA QUE NÃO TEVE O AMOR CORRESPONDIDO”.

A JOVEM CIGANA AO SABER DO SEU DESTINO PARTIU SOLITARIA EM BUSCA DO SEU AMOR NO ALTO DAS CORDILHEIRAS. MUITO TEMPO SE PASSOU, E A CIGANA PERCORRERA UM LONGO CAMINHO; JÁ NÃO GUARDAVA O BRILHO DE SUA JUVENTUDE. SEUS PASSOS JÁ SE TORNAVAM MAIS LENTOS, SEUS CABELOS JÁ NÃO TINHAM MESMO BRILHO, SUA PELE JÁ PERDERA O VIÇO, ANTES OUTRORA BRANCA COMO A NEVE ESTAVA QUEIMADA PELA EXAUSTIVA CAMINHADA NA BUSCA PELO AMOR.

UM DIA, A JOVEM CIGANA AVISTARA AO LONGE O CUME DAS CORDILHEIRAS DOS ANDES. SEU CORAÇÃO EXALTAVA DE ALEGRIA E ESPERANÇA. CAMINHAVA MAIS RÁPIDO QUE PODIA, SEUS PÉS ESTAVAM DOLORIDOS, MAS A CIGANA CONTINUAVA A LONGA SUBIDA.

SUBIA INCANSAVELMENTE E QUANDO SE DEPAROU NO CUME FICOU à ESPERA DO SEU CONDOR. ESPEROU PACIENTEMENTE POR VÁRIOS DIAS, ATE QUE DE REPENTE VISLUMBROU AS MAGNIFICAS ASAS DA BELA AVE REINANDO OS CÉUS.

ERA UMA AVE DE EXUBERANTE BELEZA, A BELA CIGANA OLHAVA MARAVILHADA PARA OS CÉUS CONTEMPLANDO O SEU AMOR. MAS, ELA QUE OUTRORA FORA JOVEM E BELA ENCONTRAVA-SE CANSADA E ENVELHECIDA, OS CABELOS EMBRANQUECIDOS, O ROSTO ENRUGADO E CANSADO DA IDADE, O CORPO RESSEQUIDO PELO TEMPO....

MAS, DE REPENTE O BELO CONDOR SE ENVERGOU E QUANDO VISUALIZOU A VELHA CIGANA AO LONGE SENTIU EM SEU CORAÇÃO QUE O SEU AMOR ESTAVA ALI A SUA ESPERA, MAS QUANDO POUSOU NO CUME DA ALTA MONTANHA A VELHA CIGANA SE APROXIMOU DA ESPLENDOROSA AVE, OLHOU-A NOS OLHOS, AJOELHOU-SE PERANTE ELA E DEU SEU ULTIMO SUSPIRO DE VIDA.