Abraços, beijos e pão de queijo

Nova Friburgo, 19/06/2019

Em francês, ela me saudou: "Bonjour monsieur". Respondi 'bonjour mon cher', e perguntei, ainda no mesmo idioma 'ça va bien?'

Assim começou o dia que traria uma belíssima surpresa antes de seu fim. Havia mais de 30 anos que não a via, apenas nos encontrávamos nas redes sociais, que aproximam pessoas, embora lhes dê a exata noção dos quilômetros que as separam.

E veio um abraço apertado, demorado, emocionado, cheio de uma saudade que nunca havíamos sentido antes, por termos sido apenas conhecidos, colegas de faculdade, sem grande intimidade. Era saudade recente, dos áudios e fotos que a gente enviou um ao outro em pouco menos de um ano, quando efetivamente, criamos um vínculo diário pelas redes sociais.

Saciamos fome e sede em um restaurante, em meio ao clima ameno da serra. Mas o desejo estava latente, batia à porta, embora nenhum dos dois abrisse.

Ela me levou a conhecer seu cantinho, bem aconchegante, e veio a pergunta:

"Você quer ficar?" indagou ela.

"Você quer que eu fique?" respondi passando a bola.

Ela devolveu:

"Não me responde com outra pergunta".

Ali tive certeza de que ela queria que eu ficasse, e sem mais demora, eu disse.

"Quero".

E o que veio depois foi outro abraço, não mais de amigos que não se viam, mas de um homem e uma mulher que, embora não dissessem, nas mensagens que trocavam, se desejavam, mesmo sem a esperança da recíproca, mas na certeza de que sentiam algo de bom um pelo outro.

E que noite foi aquela!

Um beijo na testa, e em seguida, as bocas se encontrando, línguas se tocando, não mais em francês, português, inglês ou outro idioma falado; apenas na linguagem universal do carinho, do desejo, da entrega...

Ela me recebeu, entre braços e pernas, e eu, mesmo vacilante no início, tive dela paciência e encorajamento, para poder me realizar, como há muito tempo não ocorria.

E a noite se fez manhã...

E despertei ao lado da mulher que me realizou, testemunhei seu primeiro sorriso pela manhã.

Antes de ir, mais uma vez nos demos prazer, abraços e beijos.

Refeito do êxtase, já no ônibus, no meio da estrada, lembrei de uma promessa dela: o pão de queijo.

Ninguém sentiu falta.

Bevê
Enviado por Bevê em 10/07/2019
Reeditado em 14/07/2020
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