Taís era o jeito do talvez: ambígua, fluida, liquida...

Tais era o jeito do talvez, sentada na banqueta do bar, ar ausente grudada num celular com um rosto lindo extremante maquiado. Não parecia uma maquiagem comum daquelas que a gente faz malfeita em casa, às pressas. Eram uns olhos intensos, um tanto frios rodeados por cílios postiços com uma sombra escura e um batom daqueles que o inferno chamava:- vem pra mim, morena linda. Ali parada, esperava aquele talvez que a deixava fixa na tela do celular, a música tocava, as pessoas dançavam. Mas nada a retirava do celular, com o olhar acuado, pensava: “não virá”,vez outra, distraia-se e olhava ao redor sem muito interesse. O mundo daquele boteco não existia para ela. Esperava pela paixão/tesão de sua vida, porém ela não dera certeza. Ambígua, fluida, liquida escorria em suas mãos, nunca sabia se a veria novamente. Laura era um talvez em sua vida, um talvez único de olhos imensamente verdes e um rosto alvo, cheio de sardas com uma gargalhada que invadia mundo com sons cintilantes. Tais observava, de relance, nos raros momentos em que tirava os olhos da telinha, via casais felizes que dançavam e davam risadas. Perguntava-se sempre: “quais os motivos dela não conseguir ser feliz?”. Sabia a resposta ter se apaixonado por uma pessoa alforriada de uma relação longa que não queria ter laços afetivos com ninguém. Era o clichê típico, apaixonar-se por alguém inacessível, sabia disso. Entretanto era muito mais que um lugar comum das relações humanas, tinha fissura por aquele corpo alvo e cheio de curvas. Ela escorregava em suas mãos sem dizer um sim incerto ou um não certo, era um talvez de incógnitas infinitas somente isso. Mais uma vez olhou o celular, era tarde, não viria mais uma vez e sem nada dizer, Talvez amanhã!

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 30/07/2019
Reeditado em 10/06/2020
Código do texto: T6708234
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