( Nota aos leitores: folha seca, e um texto longo, que tem por objetivo falar dos desencontros e desilusões do sentimento amor... haverá momentos eletrizantes e, também de monotonia... tudo dependerá do crivo de cada leitor.

     Este texto talvez apresente algumas discrepâncias verbais, de linguagem e ortográficas... desde já peço desculpas, pois ainda não o mandei para revisão.)


1
 
 
Sexta feira. Na parede da cozinha, o velho relógio, marcava 19:40. Claudio estava sentado à mesa, tendo a sua frente dois pratos vazios, uma travessa com couve refogada, um prato de angu, uma tigela de vidro com alguns pedaços de frango com quiabo que sobrara do almoço. Sua mãe com um avental surrado amarrado a cintura, temperava o feijão para terminar de pôr a mesa.

Claudio tamborilava com a ponta dos dedos sobre a mesa, estava ansioso para jantar, para depois descer a rua, encontrar os amigos, para o programa costumeiro de fim de semana: jogar bilhar no bar da Filó, depois ir a boate, tomar cerveja e fazer besteirinhas com as mulheres da vida.

Percebendo sua inquietação, sua mãe disse, ao pôr o caldeirão de feijão fumegante sobre a mesa.

-Pronto, já pode parar com essa batucada dos infernos, já está pronto, pode se servir.

Claudio foi servindo pequenas porções ao prato, uma concha de feijão, um bom naco do angu e uma porção da couve. Ao pegar a mistura, sem querer ele pegou um pé de frango.

- O que é isso menino, - ralhou sua mãe – pode devolver o meu pé, você sabe que eu só gosto do pé, da asa e do pescoço. Tem outros pedaços aí.

Claudio devolveu o pé a tigela, remexeu os pedaços para lá e para cá. Serviu-se de uma coxa. Pegou um pouco do caldo e regou o pedaço de angu em seu prato.

Ele passou a comer apressadamente.

- Mastigue direito menino, comendo desse jeito você pode se engasgar. Até parece que vai tirar o pai da forca.

Claudio bufou, a contragosto passou a comer mais devagar. Ao terminarem de comer, sua mãe lhe serviu figos em calda com creme de leite.

Depois da sobre mesa, Claudio ajudou a tirar a mesa. Foi ao banheiro escovou os dentes, passou o pente sobre os cabelos. Ao passar pela sala, pegou a carteira que estava ao lado da TV, conferiu os trocados, a pôs no bolso. Foi até a cozinha. Sua mãe estava a pia, lavando a louça do jantar.

- Tchau mãe, - disse ele, dando um beijo na bochecha dela.

- Já vai filho?

- Sim, mamãe.

- Vai com Deus, filho. Cuidado, não volte muito tarde.

- Pode deixa mãe, fica com Deus também.
 
***
Claudio chegou à boate. Parado a entrada, ele olhava em torno do ambiente a procura dos amigos. A música Meu Dengo de Roberta Miranda, tocava alto na vitrola. As moças, com roupas minúsculas, algumas usando apenas lingerie, dançavam de forma bem sensual. Nas mesas, algumas estavam sentadas no colo de seus clientes. Após ter uma visão geral do ambiente, Claudio avistou os amigos ao balcão do bar.

Ele acenou e foi para junto deles.

- E ai rapazes! – disse batendo nas costas de Jean e Daniel.

- Cara, você demorou, pensei que nem ia vir.

- Apolo, sirva um Cowboy. – disse Claudio ao bartender. Voltando para os amigos, ele prosseguiu – caras, me dê um desconto, vocês sabem como é a dona Hérnia, não me deixa sair de casa sem que primeiro eu jante.

- Eu não sei! – disse Jean.

O garçom fez o copo com o drinque de Claudio deslizar sobre o balcão. Claudio pegou o copo e o ergueu para os amigos e tomou um pequeno gole.

- Eu não sei vocês rapazes, - disse Daniel olhando para as mulheres dançando na pista – mas hoje eu quero transar a noite inteira!

Os outro caíram na gargalhada.

- Pelo que fiquei sabendo, você da meia e já desmaia – disse Claudio.

- Quem foi que disse isso! Pode perguntar para qualquer uma das meninas aí, eu arrebento a noite toda, até a danada pedir arrego.

- E eu não sei! – arguiu Jean – a Filo que o diga, ela disse que você cai de boca, e na hora do vamos ver, é trinta segundos de puro desespero, tentando achar o caminho da roça e já era.

A risada foi geral, novamente. Daniel virou o resto da cerveja caracu, e, disse saindo do balcão:

- Vão a merda, eu vou é pegar uma nega e meter bronca.

Claudio e Jean, ficaram vendo o amigo ir até um grupo de mulheres que ficavam exposta em um canto do salão, jogando charme para os fregueses. Daniel escolheu uma pequena morena, de características indígenas, pernas grossas, bumbum arrebitado, e subiu a escada que levava aos quartos no piso superior.

- Será que vai aguentar aquela pequena? Ela parece ser muita areia para o caminhão dele. – disse Jean.

Claudio não disse nada a observação do amigo. Uma mulata de um 1,60 usando um minúsculo short de lycra, azul, que lhe moldava a comissão de frente de forma sedutora... sobre os fartos seio um soutien também azul, com babados. Nas mãos, ela levava uma bandeja com drinques para as mesas.

Percebendo que Claudio não teceu nenhum argumento ao que ele avia dito, Jean olhou na direção em que Claudio olhava e disse:

- E meu amigo, pode tirar seu cavalo da chuva, com essa você não vai conseguir nada... pelo que me disseram, ela tem duas filhas, não está aqui para fazer programas. Ela serve as mesas em troca de gorjetas e cento e cinquenta mil cruzados por fim de sema.

- Você está brincando! – disse Claudio levando o copo de uísque a boca e, sorvendo um pequeno gole.

- Pode crer no que digo, muitos já tentaram e nada... dizem que semana passada ela virou a mão nas fuças de um caipira que passou a mão nela enquanto ela o servia.

- Ah cara essa mulher é linda demais... ela tem que ser minha.

- Se você está dizendo, quem sou eu para dizer o contrário. Mas eu vou pegar uma dessas menina e vou subir.
 ***
Sozinho, Claudio pediu mais uma doze, ao bartender. Quando o garçom pouso a dose a sua frente, ele perguntou:

- Qual o nome da moça de azul, que está servindo as mesas?

- Lucélia, mas aqui todos a chama de Célia.

- Que hora ela sai?

O bartender o olhou, meio desconfiado.

- Olha rapaz, eu não estou gostando desse seu interesse por ela. Ela não é como as outras meninas que trabalham aqui, ela só serve as mesas.

- Tudo bem, eu já sei que ela tem duas crianças, que só trabalha aqui nos fins de semana, por gorjetas e cento e cinquenta mil cruzados.

O garçom o observou por alguns segundos e disse finalmente.

- Está bem... ela sai as três da manhã, mas vê lá não a vai meter em confusão... se não você vai ter que si ver com a dona Milu.

- Pode deixar, não vou causar problemas.



Continua...
Felipe Felix
Enviado por Felipe Felix em 18/12/2019
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6822062
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